SPFC assimila goleada e prega sequência de Ceni contra ímpeto por reforma

Terminado o Paulistão, o São Paulo inicia a semana olhando para a parte mais competitiva da temporada 2022, com a missão de mudar um histórico de problemas do clube. As frustrações causadas pelo jejum de títulos após a conquista da Copa Sul-Americana de 2012 motivaram um constante ímpeto da reestruturação, que invariavelmente não produziu resultados. Depois de uma dolorosa derrota por 4 a 0 ontem (3) para o Palmeiras, que impediu o bicampeonato estadual, o discurso agora é de manutenção.

O primeiro a falar isso foi Carlos Belmonte, diretor de futebol. Na saída do Allianz Parque, ele disse estar satisfeito com o rumo que o São Paulo tem seguido e garantiu a manutenção da comissão técnica de Rogério Ceni.

"Nós, apesar do resultado, apesar de perdermos os títulos, estamos absolutamente satisfeitos com o trabalho do Rogério Ceni e da comissão técnica, e temos muito orgulho do que esses jogadores fizeram até hoje. Posso garantir à torcida: perdemos, mas todos os jogadores têm o perfil que queremos para o São Paulo. São jogadores dedicados, que trabalham muito. O trabalho está no caminho certo", disse.

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O passado de mudanças do São Paulo contou com 14 técnicos em dez anos, sem contar os interinos. Dentre os nomes, três chegavam para tentar um resgate de um período de glórias: Paulo Autuori, campeão mundial, Muricy Ramalho, tricampeão brasileiro, e o próprio Rogério Ceni, um dos maiores ídolos da história do clube. Nenhuma das tentativas foi duradoura.

É claro que, depois de tanto mudar, o Tricolor encerrou sua fila no ano passado em mais um momento de reformulação. Fernando Diniz caiu quando o São Paulo perdeu a liderança do Brasileirão de 2021, depois de ter sido também derrotado nas semifinais da Copa do Brasil. Chegou Hernán Crespo e, com ele, veio o título do Paulistão do ano passado.

O argentino permaneceu por apenas oito meses à frente da equipe, mesmo supostamente com o respaldo de uma conquista. Rogério Ceni voltou, levou a equipe para mais uma final e agora, seguindo o discurso de Carlos Belmonte, diz confiar na manutenção.

"É uma questão sempre do clube. O Palmeiras, com trabalho longevo chegando a mais uma final, mais um título. Equipes que trabalham com o mesmo treinador por um longo tempo, se acreditar nele, tendem a ter mais resultados. Mas é obvio que a gente precisa de melhoras para enfrentar os times que melhor jogam no momento no país", disse, em entrevista coletiva depois da derrota.

A manutenção também é um desafio em relação ao elenco. Ceni e os torcedores sabem que o clube não dispõe de muitos recursos para voltar ao mercado da bola em busca de reforços que façam grande diferença. Ao mesmo tempo, a projeção dos garotos de Cotia pode chamar propostas de fora.

Enquanto isso, alguns dos nomes contratados para a temporada, como Patrick e Nikão, viram do banco boa parte da parte da goleada do Palmeiras. Eles ainda procuram espaço na equipe de Rogério Ceni e terão uma chance já quinta-feira (7), quando uma equipe alternativa enfrentará o Ayacucho, do Peru, pela primeira rodada da Sul-Americana.

"Não muda meu plano de trabalho, temos que manter essa mentalidade, tentar ser mais forte a cada jogo, evoluir a eventuais fracassos. Sabemos o projeto a longo prazo, que é tentar fazer o São Paulo estar na Libertadores do ano que vem. Vamos ter sucessos, tropeços, a gente espera que o time não perca confiança com esse resultado que é difícil de ser gerido. Vamos seguir um planejamento que nós tínhamos para a Sul-Americana e início do Brasileiro", prosseguiu Ceni.

O São Paulo terá pouco tempo para recolher os cacos da derrota e começar a pensar no restante da temporada. Além da Copa Sul-Americana, que começa na quinta-feira, a equipe terá pela frente o Athletico no domingo, na primeira rodada do Brasileirão. O time tricolor tenta não repetir o início ruim do ano passado, que resultou em uma briga contra o rebaixamento.

"Vamos para a Sul-Americana dar oportunidade para esses jogadores [reforços]. Os jogadores que iniciaram hoje não devem ir para a Sul-Americana, vamos montar um time para a primeira rodada do Brasileirão, não podemos passar a vergonha e os sustos do ano passado", completou Ceni.