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Grêmio foi penta gaúcho há 33 anos com irmão de Ronaldinho e arrancada

O Grêmio é o atual campeão gaúcho e busca o penta consecutivo - Pedro H. Tesch/Pedro H. Tesch/AGIF
O Grêmio é o atual campeão gaúcho e busca o penta consecutivo Imagem: Pedro H. Tesch/Pedro H. Tesch/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

01/04/2022 04h00

O Grêmio recebe o Ypiranga-RS, amanhã (2), para confirmar a vantagem e obter o título de campeão do Gauchão. A taça pode significar o pentacampeonato estadual, algo que o clube não consegue desde 1989. Há 33 anos, o time protagonizou uma arrancada histórica: saiu de perto do rebaixamento e foi até a conquista dos dois turnos. Naquela equipe estava Assis, irmão e empresário de Ronaldinho Gaúcho, além de reforços que chegaram na última hora. E um treinador formado no estádio Beira-Rio.

O time de Roger Machado venceu o jogo de ida da final do Campeonato Gaúcho 2022: 1 a 0 no estádio Colosso da Lagoa, em Erechim. Assim, o Tricolor pode até empatar com o Ypiranga que leva a taça do Estadual.

A conquista do Gauchão de 1989 voltou a ser notícia justamente pela série de títulos. Tal qual em 2022, no final da década de 1980 o Grêmio empilhava taças do torneio local. O título estadual daquele ano foi marcado por uma reformulação do elenco em meio à disputa.

Rubens Minelli, histórico treinador, deixou o cargo ainda na primeira fase por conta dos resultados ruins do Grêmio. A diretoria procurou Claudio Duarte, ex-lateral do Inter e que havia iniciado a carreira de treinador 11 anos antes.

"Me chamaram para conversar numa terça-feira, depois de uma derrota e saída do Minelli. Fui à reunião, tinha jogo contra o Glória, em Vacaria, no domingo. A situação era: o time tinha que ganhar, caso contrário ia jogar octogonal da morte, para lutar contra o rebaixamento. A situação era horrível, mas aceitei mediante acordo. Eu pedi a eles, da diretoria, para treinar o time e, se domingo o time vencesse, a gente acertaria os contratos. Se empatasse ou perdesse, eu não ficava no cargo. Fui na parceria, por conhecer as pessoas que estavam na sala", lembra Claudio Duarte.

O Grêmio contratou pelo menos três reforços naquela mesma semana: Edinho, então lateral de 34 anos, Jandir e Hélcio. Também chegaram os atacantes Kita e Paulo Egídio, o volante Lino e o meia Adílson Heleno. Saíram Marcos Vinícius, Zé Roberto, Jorginho, Aírton, Amaral, Astengo, Bonamigo e Lúcio.

Mas o nome citado com maior entusiasmo, na hora de reviver o título, já estava no Grêmio. Roberto Assis Moreira, então com 18 anos. Irmão mais velho de Ronaldinho Gaúcho, o meia à época estava chegando aos profissionais do clube e foi peça-chave. Tudo depois do jogo em Vacaria, onde Edinho garantiu a vitória por 2 a 1, em cobrança de pênalti.

"Voltamos de Vacaria com a vitória e fomos adiante no campeonato, mas em posição distante dos demais. Só que aquela vitória, a semana de treinos, as contratações e a entrada do Assis mudaram as coisas. O Assis jogava com a camisa 7 e ele jogava pela direita, sendo canhoto. Fazia sombra pelo lado e quando roubava a bola, tinha campo livre. O Paulo Egídio jogava do outro lado. O Assis foi decisivo, ajudou muito o time. A gente saiu do jogo decisivo com vitória e quando olhamos, estávamos disputando o título", conta Claudião, que abriu em 1989 o histórico de passagem também pelo Grêmio.

O Gauchão daquele ano foi decidido em um hexagonal final, com os seis melhores times. O Grêmio venceu o primeiro Gre-Nal da fase por 3 a 1 em pleno estádio Beira-Rio, e no segundo clássico ficou com a taça. Com direito a regra que nos dias de hoje soa como brincadeira.

"Naquele ano o regulamento falava que em caso de empate, o jogo ia para os pênaltis. Quem ganhasse nos pênaltis, levava dois pontos. Um ponto do jogo e outro ponto da vitória nos pênaltis. Quem perdesse nos pênaltis, ficava com um ponto. A gente empatou, ganhou nos pênaltis e venceu o título", explica Claudio Duarte.

O Grêmio terminou o hexagonal com 25 pontos contra 23 do Inter. A taça de 1989 se juntou aos títulos de 1985, 86, 87, 88 e, mais tarde, 1990. O hexacampeonato gaúcho mais recente da história gremista.

"Foi uma trajetória bacana naquele ano, porque o moral estava lá embaixo e os resultados, os trabalhos diários foram maravilhosos, e a gente arrancou muito bem. Eu tinha certo receio, por não ter trabalhado antes lá, mas todos foram muito parceiros. Todos pegaram juntos e esse ambiente todo ajudou demais", celebra, ainda hoje, Cláudio Duarte.

Três décadas depois, o Grêmio de Roger Machado tem a chance de confirmar uma nova sequência de títulos. O clube venceu os Estaduais de 2018, 2019 e 2020 sob o comando de Renato Gaúcho. Em 2021, o Tricolor era dirigido por Tiago Nunes.

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