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'Ataque de Fifa': como Tite pretende organizar quarteto ousado da seleção

Vini Jr durante o treino de ontem (22) da seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis - Lucas Figueiredo/CBF
Vini Jr durante o treino de ontem (22) da seleção brasileira na Granja Comary, em Teresópolis Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

23/03/2022 04h00

A seleção brasileira vai enfrentar o Chile, amanhã (24), com um ataque inédito e promissor. O time terá Antony na ponta direita, Vinicius Júnior aberto pela esquerda e Lucas Paquetá e Neymar mais centralizados, dividindo responsabilidades entre meio-campo e ataque.

Trata-se de uma escalação sem centroavante de origem e que privilegia atacantes ousados, que gostam do drible e do jogo em alta velocidade — como é a preferência de quem se diverte no videogame, em jogos como o aclamado Fifa. Já classificada para a Copa do Mundo do Qatar, a seleção cumpre tabela nas Eliminatórias testando opções táticas e tentando empolgar o torcedor em seu último jogo no país antes do torneio. Quase 50 mil ingressos já foram vendidos e a bola rola a partir de 20h30 (de Brasília), no Maracanã.

Paquetá e Neymar são titulares frequentes da seleção e chamam atenção pelo entrosamento nas tabelas e até em dancinhas na comemoração dos gols. A dupla faz parte do ranking dos dez maiores dribladores das Eliminatórias, de acordo com as estatísticas oficiais. Neymar é o top 1, com média de seis dribles certos por jogo. Já o companheiro é o nono colocado da lista e tem 89% de precisão em suas tentativas de finta na competição.

Tite - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Tite vai mudar sete jogadores de uma partida para outra nas Eliminatórias; três mexidas na frente
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Vinicius Júnior tem só seis jogos nas Eliminatórias, mas aparece com destaque num contexto em que tem mais tempo para mostrar serviço. No Campeonato Espanhol, ele é o maior driblador de todos. A média é de três vezes por jogo em que deixa adversários para trás em jogadas de um contra um.

A marca de Antony no Campeonato Holandês também é boa, de 1,8 drible bem-sucedido por jogo. Pela seleção, por outro lado, o ex-são-paulino tem só seis jogos e ainda não foi titular. Nesta quinta-feira será sua estreia. Azar dos marcadores do Chile.

"Sempre gostei muito disso. Desde pequeno, sempre foi isso. O drible, brincar. Quem me inspirou nisso foi o meu próprio irmão. A gente ia para a quadra jogar e brincar. É de mim, sim, uma coisa que eu gosto muito. Tenho aperfeiçoado, colocado em prática. É uma coisa que me trouxe até aqui", disse o jogador do Ajax, que tem 22 anos.

Antony  - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Antony tem gols contra a Venezuela e o Paraguai marcados pela seleção nas Eliminatórias
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Time ofensivo, mas seguro

A estratégia pensada pelo técnico Tite leva em conta que Antony e Vini Jr vão ajudar a marcar os laterais e pontas da seleção chilena em alguns momentos, numa espécie de primeiro combate da organização defensiva. O treino de ontem (22) foi marcado por uma série de interferências do treinador pedindo que os dois jovens atacantes ajudassem a fechar os espaços na saída de bola do adversário.

O lateral-direito Isla, do Flamengo, é um que deve dar trabalho para Vinicius Júnior o tempo todo. Por isso, o jogador do Real Madrid teve atenção especial de Tite. Numa fechada de corretor que Vini acertou, o técnico foi só elogios: "Se tu fizer isso aí vai ser do c...".

Veja imagens do treino desta terça-feira (22) da seleção brasileira

Além disso, há a ideia de que Guilherme Arana ajude Vini pelo lado. Neste cenário, o lateral esquerdo avança para dar um bote ou tirar espaço de adversário, é compensado defensivamente por um dos volantes (Fred ou Casemiro) e permite que o atacante abra uma linha de passe, receba a bola mais perto de Neymar e Paquetá para tabelas e dê mais volume ao ataque brasileiro.

Antony e Vini Jr, aliás, estão para lá de acostumados com essa ideia de marcar lateral. É princípio do jogo deles no Ajax e no Real Madrid, não acessório. A ideia é sempre pressionar no campo do adversário para recuperar rápido a bola e definir as jogadas. O contexto da seleção é o mesmo, a única diferença é que o Chile defende com três jogadores e os pontas vão fazer esta pressão inicial sobre os mais externos deles neste caso específico.

Neymar - Lucas Figueiredo/CBF - Lucas Figueiredo/CBF
Paquetá e Neymar comemoram gol na seleção
Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Apesar dessas armas para que o time seja mais seguro, o foco de ambos será atacar. No treino da seleção pré-goleada por 4 a 0 sobre o Paraguai, a exigência de Tite ficou clara numa instrução para Vinicius Júnior: "Vai pra cima! Carretilha, caneta, f...-se!". A referência à carretilha diz respeito ao que o atacante brasileiro fez num jogo contra a Argentina, ano passado.

Para completar a formação, jogando por dentro estarão Lucas Paquetá e Neymar. É uma configuração em que eles iniciam alinhados e se alternam nas funções. Naturalmente, o primeiro tende a ocupar mais a faixa central como meia e o outro fazer as vezes de falso 9. Juntos, são responsáveis diretos por 38 dos 89 gols da seleção no ciclo para a Copa do Qatar, entre gols e assistências.