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Por que Tite prefere Coutinho a dar chance a Raphael Veiga na seleção

O técnico Tite abraça Phillipe Coutinho após o jogador marcar pela seleção brasileira no jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa 2022, no Mineirão. 01/02/2022 - Lucas Figueiredo/CBF
O técnico Tite abraça Phillipe Coutinho após o jogador marcar pela seleção brasileira no jogo contra o Paraguai pelas Eliminatórias da Copa 2022, no Mineirão. 01/02/2022 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

11/03/2022 13h37

A convocação da seleção brasileira teve 25 nomes, um a menos que as anteriores. A partir daí, é possível traçar uma linha de raciocínio para entender o motivo de Tite ter promovido alguns retornos, como o de Arthur, dado algumas oportunidades, como a que Gabriel Martinelli recebeu, mas não ter ido além. Assim, ainda não foi dessa vez que Raphael Veiga entrou na lista de convocados da seleção, apesar da observação tão próxima feita pela comissão técnica nos últimos meses.

Para a posição de meia, Tite optou pela manutenção de Coutinho e Paquetá, que têm se destacado no futebol europeu e em partidas recentes pela seleção. Desta vez, nem Éverton Ribeiro, do Flamengo, apareceu. O que ainda não se sabe é se algum dos meias do futebol brasileiro seria o 26º elemento na lista.

As convocações à seleção seguem alguns parâmetros. O primeiro, claro, é a capacidade técnica e individual do jogador. Olhando para o duelo Raphael Veiga x Coutinho, o lastro que o meia do Aston Villa construiu ao longo dos anos é superior ao repertório apresentado pelo jogador do Palmeiras, que, sim, tem sido consistente, mas em um nível de enfrentamento menor.

Veiga após marcar para o Palmeiras contra o Santo André - Ettore Chiereguini/AGIF - Ettore Chiereguini/AGIF
Veiga após marcar para o Palmeiras contra o Santo André
Imagem: Ettore Chiereguini/AGIF

Mas ainda assim, digamos que não seja uma concorrência restrita à qualidade técnica individual. Tite poderia abrir um espaço para testes? Sim, poderia. Se o jogador em questão não fosse Coutinho.

Aqui entra um segundo parâmetro. O meia é alvo específico de um processo de recuperação de ritmo, moral e protagonismo dentro da seleção. Tite recentemente apostou nele em momento muito mais desfavorável, como na convocação para os jogos de novembro passado - Coutinho não entrou diante de Colômbia e Argentina, mas ganhou injeção de ânimo para a guinada que viria adiante.

Ao voltar para o futebol inglês, Coutinho se reencontrou com um ambiente de menor tensão na comparação com Barcelona e revive momentos de temporadas passadas que o tornaram indiscutível na seleção (vide Eliminatórias para a Copa 2018) e um dos pilares da equipe. Os primeiros meses de 2022 trouxeram de volta a capacidade física e técnica dele. Isso é possível verificar nos oito jogos que já tem na Premier League: são quatro gols e três assistências. Pela seleção, ainda teve um golaço e ótima atuação diante do Paraguai, em janeiro.

A opção de Tite é, até o momento, preterir Veiga e sedimentar a "retomada" - como ele gosta de dizer - de Coutinho. Por mais que ele enxergue o meia do Palmeiras como um jogador que já está em fase de afirmação e não de desenvolvimento.

Por fim, dá para olhar a forma com a qual Tite tem armado taticamente a seleção e perceber por que houve menos um meia atualmente. Na formação titular mais ousada, o encaixe na data Fifa passada foi com Paquetá, Coutinho, Vini Jr e Raphinha. Um centroavante adiante e um volante mais plantado atrás. Coutinho, na ocasião, "guardou posição" para Neymar, que voltou de lesão e está convocado novamente. Obviamente tem um papel indiscutível na seleção. Logo, em termos de titularidade, nem Coutinho tem espaço assegurado e já seria alternativa entre os reservas. Se para ele, com todo histórico, já há um acirramento, quanto mais para a entrada de um novato como Raphael Veiga.

Em uma formação mais conservadora, até Paquetá corre risco, já que o treinador pode optar por um meio-campista mais acostumado à fase defensiva, como Fred e o próprio Arthur, que voltou a ser chamado.

De todo modo, Tite ainda terá uma convocação em junho e outra em setembro para fechar a lista final visando à Copa do Mundo do Qatar.