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Seleção engata segundo jogo nas Eliminatórias com arbitragem contestada

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

28/01/2022 04h00

"Acho que nunca vou ver novamente um atleta ser expulso duas vezes e não sair do campo".

O comentário espantado do auxiliar Cleber Xavier é simbólico para explicar o desempenho conturbado da arbitragem no jogo entre Equador e Brasil, ontem (27). Abordar esse tema com tamanha contundência foi algo que se repetiu pela segunda partida seguida da seleção brasileira nas Eliminatórias, o que expõe problemas relacionados à tomada de decisão em campo de quem tem o apito na mão.

Em uma análise fria, a diferença é que o saldo final e a potencial influência no resultado do jogo (1 a 1) — graças ao árbitro de vídeo — não foi tão pesada quanto ignorar a cotovelada de Otamendi em Raphinha, no clássico contra a Argentina, em San Juan, em novembro passado. Era um lance claro de expulsão, ainda no primeiro tempo, em um duelo que terminou 0 a 0.

Olhando para o campo, o quadro em Quito teve o colombiano Wilmar Roldán com mais decisões muito equivocadas — dois pênaltis e dois cartões vermelhos ao goleiro Alisson —, mas elas foram corrigidas pelo uruguaio Leodán González, que chamou o árbitro principal à revisão no monitor.

"Se no nosso jogo passado contra a Argentina o VAR teve uma atuação terrível a meu ver, hoje o VAR deu uma mostra, uma aula de como analisar o jogo e foi o responsável por não ser um resultado diferente do que foi o jogo", disse Cleber Xavier.

A fala do auxiliar de Tite expõe que o sentimento de que o VAR "salvou" o jogo foi geral no lado brasileiro.

"Fico feliz pelo VAR, vale ressaltar o uso do VAR no futebol. Se não tivesse VAR hoje, a gente seria penalizado injustamente por situações de dentro de campo", afirmou o goleiro Alisson, protagonista de duas das quatro situações capitais.

Depois do duelo contra os argentinos, a resposta mais dura da CBF veio até em forma de uma representação enviada à Fifa para que os árbitros na ocasião, os uruguaios Andrés Cunha (de campo) e Esteban Ostojich (VAR), nunca mais atuassem em jogos do Brasil. A Conmebol, no dia seguinte, anunciou a suspensão da dupla por tempo indeterminado.

O Equador x Brasil foi o primeiro jogo desde aquele episódio e teve um VAR bem mais atuante. Não só nos casos de anulação das decisões equivocadas nos dois pênaltis e nas duas expulsões, mas também para gerar o cartão vermelho direto ao goleiro equatoriano Domínguez — essa, sim, valeu, até porque deixou marcas e tirou sangue do pescoço de Matheus Cunha.

Da parte de Tite, a crítica da vez foi mais direcionada à escala de arbitragem, considerando que a Colômbia está na disputa direta com o Equador e tentando abocanhar uma vaga ao menos na repescagem.

"Não dá para vir um [árbitro do país do] quarto colocado para apitar um jogo do terceiro colocado. Falta um pouco de sensibilidade, por uma questão humana. É muita pressão. Dá para a gente interpretar isso. Bota uma pressão desnecessária. Ele é bom, mas o ambiente é muita pressão, um estresse a milhão", comentou o treinador.

Na próxima rodada, o jogo do Brasil contra o Paraguai será apitado por um argentino, Facundo Tello. Por outro lado, árbitros brasileiros estarão em três dos outros quatro jogos.