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Presidente do conselho nega golpe no São Paulo: 'tudo seguiu o estatuto'

Olten Ayres de Abreu Jr, presidente do conselho deliberativo do São Paulo - Divulgação/São Paulo FC
Olten Ayres de Abreu Jr, presidente do conselho deliberativo do São Paulo Imagem: Divulgação/São Paulo FC

Brunno Carvalho

Do UOL, em São Paulo

21/12/2021 15h50Atualizada em 21/12/2021 18h41

O presidente do conselho deliberativo do São Paulo, Olten Ayres de Abreu Jr, rechaçou a existência de um golpe no estatuto do clube. Na última semana, os membros do órgão aprovaram 14 propostas de mudanças no documento, incluindo a volta da reeleição para presidente e o aumento do mandato dos conselheiros - as medidas ainda precisam ser aprovadas em assembleia de associados.

Em entrevista coletiva virtual feita hoje (21), Abreu Jr. citou os 10 itens que foram reprovados pelo conselho para rebater as acusações de que a atual gestão do clube estaria tentando se perpetuar no poder.

"Senhores, golpe onde se reprova parcialmente ou se reprova integralmente alguns dos itens apresentados não existe. Diria que foge a qualquer possibilidade de se imaginar que um golpe permita que alguma das regras apresentadas sejam rejeitadas. Essa reforma será decidida pelo associado no voto direto. Vamos ao voto. Aconteça o que acontecer, o voto do associado é soberano. Está na mão do associado o destino dos 14 itens que foram aprovados na reunião do conselho deliberativo", disse o presidente do conselho.

As 24 propostas de alterações no estatuto do clube foram apresentadas por 82 conselheiros. A comissão legislativa do órgão emitiu um aparecer favorável às medidas. Para que cada uma delas fosse aprovada, eram necessários 128 votos, equivalente à maioria simples - atualmente, o conselho conta com 254 membros.

"Todas essas regras estão cunhadas no estatuto. Estatuto esse que foi elaborado por alguns daqueles que o criticam agora, por alguns daqueles que dizem que isso é golpe. Mas eu gostaria de esclarecer: tudo isso através do que está escrito no estatuto", prosseguiu.

Como o UOL Esporte mostrou recentemente, Olten Ayres de Abreu Jr votou "sim" para as 24 propostas apresentadas. O mesmo aconteceu com Carlos Belmonte, atual diretor de futebol, e Antonio Donizeti Gonçalves, diretor geral do clube social. O presidente Julio Casares votou favoravelmente para 23 propostas, mas se absteve no item que propunha alterações no conselho administrativo.

Oposição rebate presidente do conselho

Depois da entrevista coletiva de Olten Ayres de Abreu Jr, a reportagem conversou com Marcelo Marcucci Portugal Gouvêa, filho do ex-presidente Marcelo Portugal Gouvêa e um dos líderes do Grupo de Oposição e Luta, principal opositor à gestão de Julio Casares.

O conselheiro rebateu a afirmação de Abreu Jr de que todo o processo de reforma respeitou o estatuto do clube. O item que permitia a suspensão preventiva de sócios que ameaçassem a harmonia social, por exemplo, não teria sido proposto pelos 82 conselheiros que assinaram o documento.

"Houve voto de conselheiro que estava impedido de votar em matéria específica, o qual seria pessoalmente beneficiado. Ademais, teve temas votados em que a redação não foi proposta pelos conselheiros que apresentaram a proposta de alteração, mas pela Comissão Legislativa, que não tem competência para isso. Esses exemplos mostram que o processo não seguiu o disposto no estatuto atual", disse Portugal Gouvea.

Confira outras declarações de Olten Ayres Abreu Jr na entrevista coletiva:

Como viu a reprovação na proposta de redução do conselho?

Na realidade, a redução do quórum de conselheiros é uma convicção nossa, a gente acha que precisa reduzir o número de conselheiros do São Paulo, e mais que tudo reduzir a proporcionalidade entre conselheiros vitalícios e o número de conselheiros eleitos. Ela dará mais condições de administração do conselho. É uma promessa nossa de campanha, que nós continuaremos perseguindo.

E eu, na qualidade de presidente do conselho, acato a decisão democraticamente tomada pelo conselho. Aliás, é importante que todos entendam: foi uma decisão democrática, a ponto de que uma proposta votada pelo presidente do conselho foi derrotada no plenário do conselho.

E nós, entre nós, decidimos que, se passasse essa medida, iríamos propor uma redução do número de assinaturas para a proposição da segunda chapa, passando de 55 para 35. A proposta não foi aprovada, acredito que pela razão que alguns temiam que isso pudesse ser o cerceamento da apresentação de uma segunda chapa.

Quanto à questão das 55 assinaturas necessárias para que duas chapas se apresentassem, matematicamente duas chapas podem se apresentar, mas, durante os debates, reparemos que esse era um ponto que deveria ser alterado.

Aumento do mandato de conselheiros fará com que a reeleição seja disputada com os mesmos integrantes. Isso não beneficia a manutenção da situação?

Quanto à reeleição do presidente, não diria que isso afetaria o atual mandato. A reeleição ocorrerá se o colégio eleitoral assim determinar, e não significa uma prorrogação de mandatos dos presidentes, e sim uma possibilidade de concorrerem a uma eleição. Logo, não considero que isso seja uma mudança de regra no transcorrer do jogo.

Mudanças não deveriam ser aplicadas apenas na próxima gestão?

Gostaria de me posicionar absolutamente favorável à vigência imediata dessas regras. Quando detectamos a necessidade de fazer essa alteração [reeleição], nós detectamos pela estabilidade administrativa e financeira do clube. Acreditamos com muito conhecimento de causa e da vida interna do São Paulo que o mandato de 3 anos para um conselheiro não permite que ele exerça sua atividade em plenitude. E não vemos motivos para prorrogar uma decisão que vá beneficiar o clube. Temos que colher os benefícios das nossas decisões para frente.

Promessa de transmissão das reuniões do conselho

Não foi o presidente Julio Casares que prometeu a transmissão das reuniões do conselho, fui eu, na condição de candidato à presidente do conselho. Eu gostaria de ressaltar que, pela primeira vez na história do São Paulo, há reuniões transmitidas diretamente pela SPFC TV, onde a comunidade são-paulina extra clube tem acesso às informações que estão sendo discutidas.

Nós temos hoje 30 reuniões por ano, porque qualquer assunto que exige análise do conselho é colocado em votação. Ou seja, os assuntos não-confidenciais, não-estratégicos, estão absolutamente abertos a todos os são-paulinos.

A transparência não significa que nós temos que beirar a irresponsabilidade de revelar informações confidenciais, de abrir contratos com cláusulas de confiabilidade e mais do que tudo, abrir questões estratégicas. Esse ano, transmitimos cinco reuniões para a comunidade são-paulina.

Conselho aumenta a crise no São Paulo?

O conselho não tem, de alguma maneira, contribuído para a crise do clube. Ao contrário. É que infelizmente muitas pessoas estão querendo demonizar o conselho do São Paulo e colocando nele toda a responsabilidade pela crise que vivemos. Na verdade, a crise advém de uma administração que não foi muito bem sucedida, o presidente Casares tenta reverter essa situação, mas a situação não se reverte em um ano, todos sabemos que a crise era grave. Nós rejeitamos a demonização do conselho.

A reunião do conselho foi virtual, mas três dias depois houve uma festa no clube

A justificativa que foi dada é a justificativa real [sobre a reunião ser virtual]. Temos um parecer assinado por cinco professores de medicina, que recomendaram numa situação de ambiente fechado, com um número expressivo de pessoas de grupo de risco, não seria recomendado devido à variante ômicron, que vem causando um alerta no mundo todo. Temos a certeza de que tomamos a medida adequada.

Quanto à festa de encerramento do futebol, ela foi realizada num ambiente aberto, com circulação de ar e aprovação do corpo médico do São Paulo Futebol Clube.

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