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Eliminatórias Sul-Americanas

Brasil x Argentina ainda sem solução segura pagamento da Globo à CBF

Tite e Lionel Scaloni durante confusão em Brasil x Argentina: jogo seria em setembro e foi suspenso - Lucas Figueiredo/CBF
Tite e Lionel Scaloni durante confusão em Brasil x Argentina: jogo seria em setembro e foi suspenso Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Gabriel Carneiro e Igor Siqueira

Do UOL, em São Paulo e Rio de Janeiro

15/11/2021 04h00

O Brasil se prepara para o reencontro com a Argentina nas Eliminatórias sem saber o que será da partida de ida, do turno, suspensa após a entrada de agentes da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) no gramado da Neo Química Arena. Mas para além da incerteza esportiva, que ao fim das contas em nada influenciará na condição do Brasil de classificado para a Copa do Mundo, há um aspecto financeiro.

Como a bola só rolou por cinco minutos, a CBF ainda não recebeu da Globo os valores referentes aos direitos de transmissão da partida. Pelo contrato em vigor até a Copa de 2022, a entidade tem que receber da emissora US$ 2,5 milhões (R$ 13,7 milhões, na cotação atual) por cada partida como mandante.

Em uma CBF que, em 2020, teve R$ 164 milhões de receita com direitos de transmissão e comerciais, isso não causará um grande rombo no caixa. Mas ninguém na entidade quer ver esse dinheiro virar fumaça, caso ele deixe de acontecer em uma nova data.

No âmbito jurídico, a Fifa mantém todos os envolvidos no escuro a respeito da decisão que virá do Comitê Disciplinar da entidade. A Conmebol está na mesma. O presidente da Fifa, Gianni Infantino, pelo menos já disse defender uma solução em campo.

Para a CBF, uma hipótese aceitável é ganhar os pontos, já que os argentinos deixaram o gramado. Ou, no mínimo, remarcar o jogo. A comissão técnica de Tite quer a realização da partida.

A questão é calendário. Nos bastidores da CBF, a única data vista como possível para encaixe é em junho, quando chegará a fase de repescagem das Eliminatórias. No calendário internacional da Fifa, há previsão de até quatro partidas no mês. A CBF já começou a se programar para fazer três amistosos —de preferência, todos na Europa, independentemente do continente da seleção adversária.

Se o jogo contra os argentinos for remarcado para esse período, vai gerar dilemas comerciais e logísticos. O mando é do Brasil, logo, o cenário implicaria em um jogo em território nacional. Mas trazer os jogadores para cá, com a maioria vindo da Europa, e depois voltar para lá para amistosos demandaria um desgaste adicional que não ajudaria nos planos de um jogo para outro.

Pagar o jogo atrasado das Eliminatórias pode ainda sacrificar um amistoso, caso a CBF mantenha a ideia de fazer três e não quatro jogos em junho. Um amistoso a menos significa um jogo a menos para a Pitch, parceira comercial, explorar. O último jogo que ela conseguiu operar nos moldes Brazil Global Tour foi em 2019. A relação entre as partes, inclusive, não andava boa.

No clássico contra a Argentina, em setembro, as autoridades brasileiras foram a campo para impedir a atuação de quatro jogadores argentinos. Emiliano Martínez, Cristian Romero, Giovani Lo Celso e Emiliano Buendía não informaram na chegada ao Brasil que tinham vindo há menos de 14 dias da Inglaterra. Na ocasião, a quarentena para eles era obrigatória, já que eles não receberam autorização excepcional do governo para não cumpri-la. O enredo todo da história teve dribles nos órgãos de fiscalização, tanto no hotel quanto no estádio. No aspecto esportivo, a AFA alega que a seleção argentina deixou o gramado por indicação do delegado da partida.