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OPINIÃO

Mauro: Nem eventual título da Libertadores garante a permanência do Renato

Do UOL, em São Paulo

05/11/2021 14h36

O técnico Renato Gaúcho passou a ter seu trabalho questionado à frente do Flamengo com os resultados recentes na temporada, principalmente depois da eliminação para o Athletico-PR nas semifinais da Copa do Brasil e pelos seguidos tropeços no Brasileirão, incluindo o jogo com o clube paranaense na última terça-feira, resultados que afastam o atual bicampeão brasileiro da luta por mais um título e aumentam as dúvidas sobre a permanência para 2022 do treinador que tem contrato apenas até o fim deste ano.

No podcast Posse de Bola #175, Mauro Cezar Pereira afirma que nem mesmo a conquista do título da Libertadores no próximo dia 27 seria o suficiente para assegurar a permanência de Renato no clube rubro-negro para a próxima temporada, com o fato de internamente haver arrependimento por sua contratação.

"Eu acho que nem a eventual conquista da Libertadores garante a permanência do Renato, porque como eu já escrevi, o Renato nunca foi o técnico desejado no clube durante a gestão. Ele era o técnico desejado em 2018, antes de o Landim ser presidente, quando tanto ele quanto a chapa de situação na época, encabeçada pelo Ricardo Lomba, candidato apoiado pelo presidente de então, Eduardo Bandeira de Mello, os dois procuraram o Renato e ele preferiu renovar o contrato com o Grêmio. Depois que o Flamengo teve a experiência com o Jorge Jesus e o Renato foi atropelado, era praticamente unânime no clube de que iriam fazer uma besteira", diz Mauro.

O jornalista afirma que a contratação de Renato fugiu à lógica da ambições do Flamengo a partir da montagem de um time caro como o atual e remeteu muito à forma de escolha de treinadores nos anos 1970 e 1980, mas inconcebível nos tempos atuais.

"De madrugada mandaram o Ceni embora, mas quem vai ser o técnico? Não se procurou um técnico, foram atrás do que estava à mão, 'tem esse cara aqui, parte da torcida quer, outra não quer, mas ele é boleiro, sabe lidar com jogador, vamos trazer o Renato, já está no Rio, está na praia mesmo'. Isso é bizarro, isso aí é você contratar técnico de futebol como se contratava lá nos anos 1970 e 1980, não tem cabimento, é o futebol mais intuitivo, você traz o cara que é boleirão. Não dá mais para isso, não cabe mais e o Flamengo fez um investimento milionário, com muitos jogadores que são jogadores com experiência internacional", diz Mauro.

"O Flamengo foi para o aleatório, aí deu certo no começo, porque coincidiu na chegada do Renato com a vinda de jogadores que estavam fora por convocações e lesões, time mais forte, o time tinha uma base, tinha uma forma de jogar, não era terra arrasada, muito longe disso, apesar da implicância de parte da torcida com o ex-técnico do elenco, e aí foi bem durante um período. Quando precisou de técnico, não deu", completa.

Mauro afirma que a permanência de Renato para a temporada 2022 vai depender do futebol desejado pela diretoria rubro-negra, destacando que o técnico atual do Flamengo pode até ser campeão da Libertadores, muito também pelo próprio nível dos treinadores concorrentes.

"Por que ficar com o Renato para o ano que vem? Se é esse o futebol que a diretoria do Flamengo quer, renovem com ele, o contrato acaba no final do ano, justamente quando acaba o mandato do Landim, que deve se reeleger, apesar de problemas que ele tem aí na sua vida pessoal/empresarial", diz Mauro.

"O Flamengo agora tem que ir até o final do ano do jeito que dá e pensar no ano que vem de uma maneira mais profissional, buscar um técnico que faça sentido, Renato Gaúcho não faz sentido, nenhum técnico no futebol brasileiro faz sentido a partir do momento em que o Flamengo estabelece as pretensões que estabeleceu, de ter um grande time, de ser um time poderoso, vencedor, sem um comandante preparado não dá. Esse jogo intuitivo, essa coisa não dá mais. Mas como também ele compete aqui com o Abel Ferreira, com o Cuca, com esses técnicos tudo mediano para baixo, ele pode ganhar a Libertadores, pode ser que ganhe, porque o nível é muito baixo, é muito fraco", conclui.

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