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Caboclo se alia a Coronel Nunes e tenta mudar presidente da CBF, que ignora

Vice-presidentes da CBF e Rogério Caboclo, na eleição da entidade em 2018 - Lucas Figueiredo/CBF
Vice-presidentes da CBF e Rogério Caboclo, na eleição da entidade em 2018 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira e Ricardo Perrone

Do UOL, no Rio de Janeiro e em São Paulo

03/11/2021 23h34

Rogério Caboclo conseguiu um aliado em uma tentativa de chacoalhar o cenário político da CBF: o Coronel Nunes. Afastado do futebol após punição da Comissão de Ética por assédio moral e sexual contra uma funcionária, o dirigente entende ter direito de nomear a figura para ocupar a cadeira de comando do futebol brasileiro.

Caboclo protocolou hoje (3) um documento na sede da entidade, que foi registrado em cartório, no qual indica Nunes para voltar à presidência, tirando Ednaldo Rodrigues da função. O próprio Coronel também é signatário da carta, comprometendo-se a assumir o cargo "de maneira irretratável e irrevogável".

A CBF ignorou o movimento. Segundo a entidade, "o presidente interino Ednaldo Rodrigues segue exercendo normalmente suas funções". Para a CBF, "Rogério Caboclo está proibido de participar de qualquer atividade relacionada ao futebol por 21 meses, por decisão da Comissão de Ética do Futebol Brasileiro, referendada de forma unânime pela Assembleia Geral, formada pelas 27 Federações Estaduais de Futebol, decisão acolhida pela Fifa e estendida para âmbito mundial".

A nova estratégia de Caboclo cita trechos do Estatuto da CBF, mais especificamente nos artigos 48, 61, 69 (inciso V) e 72.

Os trechos usados apontam que "substituirá o presidente, no caso de ausência, licença ou impedimento, o Vice-Presidente que for por ele designado. (...) Caberá ao Presidente da CBF a direção e a coordenação dos trabalhos da Diretoria, competindo-lhe, além das demais atribuições previstas neste Estatuto e na legislação desportiva: designar, dentre os Vice-Presidentes, seu substituto, em suas ausências, licenças ou impedimentos. Substituirá o Presidente no âmbito do Conselho de Administração, no caso de ausência, licença ou impedimento, o Vice-Presidente que for por ele designado".

Se a CBF seguir inerte, os advogados do dirigente pretendem levar o caso à Câmara Brasileira de Mediação e Arbitragem (CBMA), onde os recursos envolvendo a CBF são julgados.

Em junho, quando Caboclo foi afastado provisoriamente, Nunes foi quem assumiu a cadeira de presidente. Mas ele deixou o cargo em uma decisão própria e também dos demais vices da entidade, que nomearam Ednaldo Rodrigues para a função desde agosto.

Caboclo teve o afastamento confirmado pela assembleia geral da CBF, composta pelas federações, em 29 de setembro. A punição, no momento, vai até março de 2023, um mês antes do fim do mandato para o qual foi eleito em 2018 e tomou posse em 2019.

Em 11 de outubro, Caboclo chegou a fazer movimento similar, enviando à CBF uma carta de nomeação de um vice-presidente, escolhido por ele, para ser o presidente. A figura em questão era Francisco Novelletto, que ao fim das contas se descolou do movimento. Caboclo mesmo diz que a CBF não enviou resposta a essa primeira medida. E a entidade pretende repetir a postura nesta segunda vez.

Como é alvo de mais denúncias de assédio, Caboclo pode levar mais uma punição da Comissão de Ética, o que extrapolaria o afastamento para além do término do mandato. Os dirigentes da CBF entendem que isso geraria uma nova eleição, da qual só podem disputar os atuais vices da entidade.