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Time na Série C é aposta da Arena da Amazônia para não ser elefante branco

Douglas Lima imita comemoração de Haaland após gol marcado pelo Manaus na Série C deste ano - Divulgação/FAF
Douglas Lima imita comemoração de Haaland após gol marcado pelo Manaus na Série C deste ano Imagem: Divulgação/FAF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em Manaus

13/10/2021 04h00

Palco de quatro jogos da Copa do Mundo de 2014 e seis das Olimpíadas de 2016 entre futebol feminino e masculino, a Arena da Amazônia é hoje um dos chamados elefantes brancos do país. O espaço tem alto custo de manutenção e é pouco utilizado para grandes eventos, o que só aumenta a importância local do clássico Brasil x Uruguai, amanhã (14), às 21h30 (de Brasília), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo do Qatar.

Em parceria com a CBF, o Governo do Amazonas investiu em reformas ao longo dos últimos dois meses para deixar o estádio em boas condições. A ideia é que estes reparos também façam a diferença nos jogos do Manaus Futebol Clube, que disputa a fase final da Série C do Campeonato Brasileiro e é a grande esperança local para que a Arena deixe de ser um lugar subutilizado.

"O maior objetivo é colocar nossos clubes na elite e transformar a Arena num lugar quente, que receba grandes jogos. Como o estádio depende muito da utilização dos clubes locais, nosso papel é incentivá-los. Com leis de incentivo ao esporte e estando nas maiores divisões aos poucos vamos tirar esse título de elefante branco", diz ao UOL Esporte Jorge Oliveira, presidente da Faar (Fundação Amazonas de Alto Rendimento), que é o setor governamental responsável pela gestão do esporte em alto nível no Estado.

Brasil x Uruguai, aliás, será só o primeiro jogo da Arena da Amazônia com público após o início da pandemia. No próximo dia 17, o Manaus recebe o Ypiranga às 16h (de Brasília) pela terceira rodada do Grupo D da Série C, e cerca de 15 mil ingressos serão disponibilizados para os torcedores.

Arena da Amazônia - Mauro Neto/Faar - Mauro Neto/Faar
Arena da Amazônia uma semana antes de Brasil x Uruguai pelas Eliminatórias
Imagem: Mauro Neto/Faar

O jogo é muito importante na tentativa de acesso do Manaus à Série B. O time tem quatro pontos em duas rodadas e lidera sua chave, que além do Ypiranga tem Tombense e Novorizontino. Todos jogam contra todos em ida e volta e os dois melhores conseguem o acesso. Caso se concretize, será o maior passo da história do clube fundado em 2013.

Quatro vezes campeão amazonense em 2017, 2018, 2019 e 2021, o time estreou em competições nacionais na Série D de 2018, mas só conseguiu o acesso na temporada seguinte. Em 2020 jogou a Série C, mas foi eliminado na primeira fase e só agora tem a grande chance de estar na Segunda Divisão. O elenco atual não tem jogadores muito conhecidos. O nome mais importante é o atacante Diego Rosa, que já defendeu Vasco e Bahia. O técnico é Evaristo Piza, muito conhecido no interior de São Paulo.

Novo Cuiabá?

Dos 12 estádios reformados ou construídos para a Copa do Mundo, cinco já surgiram como elefantes brancos principalmente em razão da baixa competitividade dos times locais: além da Arena da Amazônia, Arena das Dunas, Mané Garrincha, Arena de Pernambuco e Arena Pantanal.

Walter - Gil Gomes/AGIF - Gil Gomes/AGIF
Calleri, do São Paulo, disputa a bola com o goleiro Walter, do Cuiabá, em jogo na Arena Pantanal
Imagem: Gil Gomes/AGIF

O último desta lista perdeu o status em 2021 graças ao acesso do Cuiabá para a elite do Brasileirão. Atual 12º colocado em seu primeiro ano na Série A, o time recebe todos os seus jogos importantes na Arena Pantanal - inclusive o empate em 0 a 0 com o São Paulo da última segunda-feira (11). Agora, o estádio não depende mais de favores para ter futebol de alto nível.

A ideia dos dirigentes do Manaus FC e do governo amazonense é que isso se repita em breve com a Arena da Amazônia. Isso provaria que, de alguma forma, uma das iniciativas de Fifa e CBF na época da Copa do Mundo acabou cumprida com o desenvolvimento do futebol em regiões periféricas. Mesmo que a longo prazo e custo.

O investimento no estádio de Manaus foi superior a R$ 600 milhões e a manutenção anual pode chegar a R$ 10 milhões. Brasil x Uruguai pode ser o ponto de partida de um novo tempo.