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Mauro Cezar Pereira: 'A seleção brasileira não tem um piloto à sua altura'

Do UOL, no Rio de Janeiro (RJ)

08/10/2021 04h00

Apesar da vitória por 3 a 1 sobre a Venezuela, na noite de ontem (7), pelas Eliminatórias da Copa do Mundo, a seleção brasileira não convenceu e o trabalho do técnico Tite é questionado.

No Fim de Papo, live do UOL Esporte após os jogos da seleção brasileira, Mauro Cezar Pereira, Marluci Martins e Rodolfo Rodrigues debateram a atuação do time canarinho e, principalmente, se o comandante vem conseguindo fazer com que os jogadores apresentem o melhor que podem.

"Uma das coisas mais interessantes que tivemos em 2019, quando dois técnicos muito melhores que os daqui passaram pelo país, o Jorge Jesus e Sampaoli, em que pese o Sampaoli não ter ido bem no Atlético-MG, mas foi muito bem no Santos, foi observar que jogadores como Arão, Diego Pituca, entre outros, eram capazes de jogar muito mais do que a gente imaginava. Porque passaram pelas mãos de técnicos que conseguem tirar mais desses jogadores. E vemos isso em outros lugares. Aliás, o Raphinha joga no time do Marcelo Bielsa. Com o Tite está acontecendo o contrário. Ele não consegue fazer com que bons jogadores rendam o que mostram jogando em duas equipes", disse Mauro Cezar Pereira.

"O caso do Gabriel Jesus, por exemplo. Vive um ótimo momento no Manchester City, tem jogado bem, vem fazendo gols. Vinicius Junior já se destacou em vários jogos, foi eleito outro dia pela torcida e imprensa o jogador do mês do Real Madrid. Esses caras não rendem com o Tite o que mostram em suas equipes. O Firmino acho que é o caso mais clássico. Hoje nem vive o melhor momento no Liverpool, mas quando estava voando, no auge, na seleção nunca foi nada parecido. Por que será? Será que a culpa é só do jogador? Ou o técnico com aquela conversa dele de "externos desequilibrantes", "zona 14" e outras pataquadas, essa verborragia patética, não consegue tirar dos caras. Acho que tem de olhar um pouco para isso. Aí fica nessa tentativa e erro. Ele consegue extrair dos caras? Não está conseguindo. 'Ah, mas ele conseguiu extrair no Corinthians campeão de tudo, em 2012'. Conseguiu, com jogadores de nível técnico mais baixo, fez com que o coletivo os fizesse crescer. Mas com jogadores de nível acima, não é o que tem acontecido. Acho que isso faz com que o Tite seja muito questionado como técnico, porque pega um material humano que é melhor que o que trabalhava nos clubes e o que se vê não é nada demais. 'Mas é seleção', jogando contra quem, gente?", completou.

Para Mauro Cezar Pereira, Tite não está à altura para o cargo:

"Você pega um bom carro de Fórmula 1 e coloca na mão de um piloto bom, o resultado é um. Piloto mais ou menos, é outro. Piloto ruim, muito pior. A culpa não é do carro, é do piloto. Acho que a seleção brasileira não tem um piloto à sua altura. Tite não é esse cara".

Marluci Martins também coloca à mesa o que a seleção apresentou até aqui tendo Tite no comando.

"Não acho que é uma grande safra, que o futebol brasileiro está em alta, revelando jogadores, craques. Não estamos, mas estamos falando de um jogo contra a Venezuela. Não jogamos contra a França, contra a Inglaterra, jogamos com a Venezuela, tem de esperar mais. Não sei o que acontece. Quando um jogador tem dificuldades, pode ser fase, mas quando não aparece o futebol de ninguém, tem de ver o que está acontecendo com o treinador. Por que os jogadores estão tão inibidos? Acho que a responsabilidade, neste caso, é do treinador, que tem de conseguir tirar o melhor de cada jogador. Gabriel Jesus há dois anos sem fazer um gol pela seleção. É fase? Tem 11 jogadores em campo que não jogam pela seleção o que jogam pelos clubes. Isso é estranho", aponta.

A jornalista afirma ainda que o treinador tem de ser questionado sobre a postura do time em campo

"Não pode ter a postura que teve hoje, tanto coletiva quanto individualmente. Eu cobraria do Tite o motivo de não conseguir extrair o melhor de cada jogador. Temos dois problemas: a safra e alguma coisa que acontece que não proporciona ao jogador fazer o que sabe", afirma.

Rodolfo Rodrigues, por sua vez, ressaltou que, mesmo com o passar dos jogos, o Brasil não demonstra evolução no quesito tático.

"Não vejo também uma grande evolução tática do Tite, não vemos nada novo, uma forma de jogar. Essa seleção de toque de bola, sem muita velocidade, que vai cozinhando o adversário, e dá o bote. Consegue vencer também com talento individual. [Contra a Venezuela] Fez algumas modificações na equipe, mas nada que tenha mostrado um resultado surpreendente. A gente não vê nada de novo no jogo dele", salienta.