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Abel tem primeiro contato com torcida em momento de pressão e sob críticas

Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, após a classificação à final da Libertadores, diante do Atlético-MG - Staff Images / CONMEBOL
Abel Ferreira, técnico do Palmeiras, após a classificação à final da Libertadores, diante do Atlético-MG Imagem: Staff Images / CONMEBOL

Thiago Braga

Colaboração para o UOL, em São Paulo

08/10/2021 04h00

O Palmeiras anunciou a contratação de Abel Ferreira em 30 de outubro do ano passado. Apesar de ter deixado claro em sua primeira entrevista no clube que chegava ao Brasil para ganhar títulos, nem ele mesmo esperava que tudo acontecesse tão rápido. Pouco mais de quatro meses depois de ter chegado a São Paulo, já tinha cravado seu nome na história do Alviverde ao comandar o time nas conquistas da Libertadores e da Copa do Brasil.

Quase um ano após ser contratado, Abel terá, enfim, seu primeiro contato com a torcida no Allianz Parque, sábado (9), diante do Reb Bull Bragantino. Embora esteja na final da Libertadores pelo segundo ano seguido, é fato que o encontro entre técnico e fãs pela primeira vez no estádio terá um sabor agridoce.

Ao mesmo tempo em que empilha vitórias e recordes na Libertadores e ocupa a terceira colocação no Campeonato Brasileiro, o Palmeiras vive uma instabilidade no certame nacional.

O retrospecto recente no Brasileirão tem aproveitamento de equipes que lutam para não serem rebaixadas. Nos últimos dez jogos pelo torneio, apenas duas vitórias, diante de Chapecoense e Athletico-PR. Também empatou com Juventude e São Paulo. Mas perdeu para Fortaleza, Atlético-MG, Cuiabá, Flamengo, Corinthians e América-MG. Assim, de 30 pontos disputados, a equipe de Abel Ferreira somou apenas oito, aproveitamento de 26,6%.

"O jogo se divide em dois momentos, com bola e sem bola. Com bola, temos que ser Palmeiras, assumir e jogar, não se esconder do jogo. E nisso temos que melhorar muito", lamentou Abel Ferreira, após a derrota para o América-MG, de virada, na última quarta-feira (6).

As razões para o time ter despencado na tabela — fazendo com que o time entregasse a liderança para o Atlético-MG, vendo o Galo abrir uma vantagem de 11 pontos e perdendo inclusive a vice-liderança no saldo de gols para o Flamengo —, passam pelo momento de fragilidade da defesa, e queda de eficiência no ataque.

Em 23 jogos no Brasileiro até aqui, o Palmeiras sofreu 28 gols, sendo que 16 deles foram nas últimas dez partidas. O time marcou 35 tentos no torneio, mas o desempenho nos dez confrontos mais recentes no Brasileirão evidenciam a dificuldade que a equipe de Abel enfrenta para furar as defesas adversárias, com apenas dez bolas nas redes.

"O Palmeiras não se resume só a transição. O treinador pede que coloquem a qualidade a serviço da equipe, que se arrisquem, que se mostrem para jogar. O América fez o que nós devíamos fazer com bola, fazer o que o Ademir fez, levar para o um contra um, assumir. Mas não tivemos capacidade de impor nosso jogo com bola, e temos qualidade para isso", pediu Abel.

Além de precisar resolver os problemas do time na preparação para a final da Libertadores, em 27 de novembro, e também visando a recuperação no certame nacional, Palmeiras e Abel ainda lidam com a incerteza sobre o futuro. O título da Libertadores sela a permanência do português no clube. Leila Pereira, que será empossada presidente nas eleições — ela não terá adversários pelo cargo —, já disse que deseja manter o português no cargo. Só que derrota para o Flamengo, principal rival palmeirense pelos títulos nos últimos anos, pode significar o fim da passagem dele pelo Brasil.

O português, porém, já demonstrou que não sabe lidar bem com questionamentos. Após o apito final diante do Atlético-MG, que carimbou a presença alviverde na final da Libertadores, Abel desabafou contra o "vizinho", personagem imaginário que serviu para que o treinador reagisse às críticas que recebe, e que ele considera injustas.

Aí então há mais um ponto sensível. É fato que Abel é idolatrado pela maioria dos torcedores, gratos pelos títulos conquistados. E os 30% que vão ocupar as cadeiras do Allianz Parque, amanhã (9), contra o Red Bull Bragantino, deverão apoiar o time ao invés de criticar. Mas o histórico de cobranças da torcida do Palmeiras mostra que nem mesmo os maiores ídolos do clube escapam das críticas dos torcedores alviverdes.