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OPINIÃO

Trajano: CBF não tem vergonha, é mentirosa. Prometeu uma coisa e fez outra

Do UOL, em São Paulo

06/10/2021 13h45

A 24ª rodada do Campeonato Brasileiro terá hoje os três primeiros colocados em campo, todos com desfalques devido à data Fifa, com o líder Atlético-MG cedendo Guilherme Arana para a seleção brasileira, além de Junior Alonso para o Paraguai e Alan Franco para o Equador, o Palmeiras joga sem o goleiro Weverton, além do paraguaio Gustavo Gomez e o uruguaio Piquerez, enquanto o Flamengo não pode contar com Gabigol e Everton Ribeiro, além do uruguaio Arrascaeta e o chileno Isla.

No UOL News Esporte, José Trajano e Milly Lacombe comentam a manutenção dos jogos do Campeonato Brasileiro em meio aos desfalques causados pelas seleções mesmo depois de o coordenador de seleções Juninho Paulista ter falado que haveria o adiamento dos jogos dos clubes desfalcados.

"Na verdade a CBF não tem vergonha na cara, é mentirosa, porque a CBF prometeu uma coisa, o porta-voz foi o Juninho Paulista e depois fez outra, e os grandes times, os times que mais investiram, pagam o preço por terem jogadores muito bons, porque o desfalque não se dá só com os jogadores da seleção brasileira, se dá também pela presença de vários jogadores em outras seleções", diz Trajano.

"Um dos motivos que eu não dou bola para a seleção brasileira, que eu desprezo um pouco os jogos da seleção brasileira é porque só atrapalha. Você vê agora que o campeonato está pegando no breu, que a torcida do Corinthians está empolgada, a do Atlético-MG quer ver distanciar cada vez mais, há um ponto de interrogação na torcida do Flamengo, será que vai conseguir brilhar, conseguir o título em três frente, para. Para esse entusiasmo porque os melhores jogadores não vão jogar por suas equipes e o campeonato continua sem os craques", completa.

Milly afirma que a CBF acaba jogando contra o próprio futebol brasileiro e a seleção, que perde prestígio com o torcedor, que antes comemorava a convocação do jogador de seu time e hoje prefere que ele seja esquecido pelo técnico Tite.

"Eu acho que a CBF trabalha para desvalorizar o futebol, trabalha ferozmente para desvalorizar o futebol, porque o que ela faz quando ela não interrompe o Brasileirão e a seleção joga, o torcedor e a torcedora do Atlético-MG e do Flamengo devem estar com ódio da seleção, da CBF, um sentimento que antes era o oposto", diz Milly.

"Quando eu era jovem a gente comemorava as convocações, quem tem mais jogadores convocados para a seleção, meu time tem mais que o seu, era bom. Hoje é o contrário, é 'pelo amor de Deus não convoca'. É um trabalho da CBF, ela está há anos construindo isso e está dando super certo, porque hoje a maioria das pessoas é indiferente à seleção brasileira ou realmente detesta, não quer ver", completa.

A jornalista também afirma que os jogadores estão certos em quererem férias e que a convocação era um problema para a própria CBF contornar, evitando desfalcar os clubes brasileiros, mas não há representatividade ou pensamento diverso na entidade, na sua opinião.

"Eu acho que os jogadores estão certos de quererem, pelo sindicato, dizer 'eu vou jogar, eu quero férias'. Está tudo certo com isso, o erro é a CBF não encontrar uma solução. A seleção brasileira está praticamente classificada, não precisaria levar o ataque do Flamengo, não precisaria desfalcar o Atlético-MG do Arana, há recurso na Europa, então é preciso ter um pouco de criatividade", afirma Milly.

"Mas o que é a CBF? É um corpo diretor com o mesmo sujeito, é um homem branco engravatado poderoso, não há nenhuma representatividade ou pensamento diverso dentro da CBF, eles pensam igual há décadas. O que a CBF quer é o lucro, a CBF baixa a cabeça para os patrocinadores dela, não está nem aí com a torcida, com o torcedor, se os times vão ser desfalcados, se não vão ser desfalcados. Enquanto houver gente querendo associar a marca a essa associação lamentável, que há anos se envolve em escândalos atrás de escândalos, é isso aí que vai ser, um mesmo homem tomando decisões autoritárias, autocráticas", conclui.