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Brasileirão sub-23 começa semifinal com dúvida sobre futuro do torneio

Campeonato Brasileiro de Aspirantes está na quinta edição e saiu da TV fechada em 2018 - Fernando Moreno/AGIF
Campeonato Brasileiro de Aspirantes está na quinta edição e saiu da TV fechada em 2018 Imagem: Fernando Moreno/AGIF

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

03/10/2021 04h00

Avaí, Ceará, Fortaleza e Grêmio começam hoje (3) a disputa das semifinais do Campeonato Brasileiro de Aspirantes, ou o popular Brasileirão Sub-23. O torneio criado em 2017 entra na reta decisiva da atual temporada com um ar de dúvida sobre o futuro. A incerteza é resultado de uma série de mudanças nos últimos cinco anos, desde a saída da grade de TV até a criação de outros torneios e o desinteresse de metade dos clubes da Série A.

O Brasileiro de Aspirantes de 2021 começou com 18 equipes, sendo 10 da primeira divisão, cinco da Série B e ainda o Figueirense, atualmente na Série C do Brasileirão.

Atlético-MG, Palmeiras, Flamengo, Internacional, Athletico-PR, Atlético-GO, São Paulo, América-MG, Sport e Chapecoense decidiram não participar do campeonato.

Os motivos para as ausências variam, mas ficam centralizados no eixo de falta de elenco específico ou preferência para outros torneios.

"Decidimos não jogar por questões de custos e calendário. Não tínhamos um elenco específico para a competição e logo, logo começaria também o Brasileiro sub-20. Entendemos que seria contraproducente atuar", diz Felipe de Oliveira, diretor das categorias de base do Internacional. O clube gaúcho já havia ficado fora da edição de 2020.

A adesão dos primeiros colocados no ranking nacional nunca foi unânime. Na primeira edição, por exemplo, Corinthians, Flamengo e Fluminense alegaram prazo apertado para formação de elenco e preparação para o torneio.

O São Paulo, campeão da edição de 2018, sempre atuou sem ter uma categoria específica para o Brasileirão de Aspirantes. Ou seja, adaptou o elenco e comissão técnica para cumprir agenda de jogos na temporada em que ficou com a taça. E outros clubes também fazem o mesmo.

O que era solução virou problema

A crítica mais frequente ao campeonato, atualmente, é a regra que permite jogadores até 23 anos. Nos bastidores, os clubes alegam que o número de atletas que se encaixam neste perfil é pequeno. E com a criação do Brasileiro sub-20, mais recentemente, existe incompatibilidade de agenda.

"O calendário, à época, tinha poucas competições para a base no país. A sub-17 só tinha Copa do Brasil, sub-20 só teve Brasileiro depois. Para uma categoria mais velha, seria bom ter mais jogos. Se falava muito em ter Brasileiro sub-20 no primeiro semestre e sub-23 no segundo semestre. Aí todo mundo jogaria o ano todo. O projeto foi proposto para isso, mas o cenário mudou depois", lembra Erasmo Damiani, atual gerente das categorias de base do Atlético-MG e coordenador da base da seleção brasileira entre 2015 e 2016.

Se tornou comum os jogos com reservas dos elencos principais ou com jogadores que estão voltando de lesão. O cenário faz surgir outra ponderação: o nível técnico. Atualmente, o Brasileiro de Aspirantes é visto com ressalvas até para análise de nomes por parte do mercado da bola. Ainda assim, existem entusiastas da competição.

"É um campeonato bem válido. É muito importante para dar oportunidade a jovens com qualidade grande e que estão sem acesso ao elenco profissional. Às vezes, numa mesma posição, não tem espaço. E é importante manter os jovens em atividade, competindo", opina Ricardo Colbachini, treinador campeão do Brasileiro de Aspirantes pelo Internacional.

Exemplos fora da curva

Entre os times que conquistaram o título do Brasileiro de Aspirantes, existem nomes que depois atuaram na Série A. O Inter de 2017 contou com Bruno Fuchs, atualmente no CSKA Moscou da Rússia. Mas à época, o zagueiro ainda tinha idade de outras categorias e jogou "emprestado" ao time sub-23. A medida é quase padrão na maioria dos times.

O exemplo fora da curva é Ferreira, meia-atacante do Grêmio. Artilheiro da edição de 2019, Ferreira foi promovido ao time principal do Tricolor no ano seguinte e virou titular da equipe depois da saída de Everton Cebolinha. Hoje, joga ao lado de Borja e companhia na escalação de Felipão.

"O Brasileiro de Aspirantes é um campeonato que não se joga para ganhar. A função dele é outra", resume um dirigente que nem sequer participou da atual edição. "Mas nesta faixa etária, é preciso cuidado para não criar uma barreira diante do elenco principal", acrescenta.

Fora da TV também

Em 2017, o torneio foi transmitido pelo Esporte Interativo e chegou a empolgar pela divulgação na reta final. No ano seguinte, o canal anunciou o fim da grade fixa na TV fechada e encerrou a cobertura da competição depois da segunda fase. A CBF acabou transmitindo os jogos decisivos nas redes sociais e no próprio site. Em 2019, as partidas passaram a ser veiculadas na plataforma MyCujoo, atualmente Eleven Sports.

O "craque" de 2021

Elias Manoel, de 19 anos, é o artilheiro da atual edição do Brasileiro de Aspirantes. O camisa 9 do Grêmio tem 10 gols em nove partidas no campeonato e já é observado por Felipão. A tendência é que ele seja promovido apenas em 2022, justamente para completar a temporada atual ainda na base. Se o destaque individual é do Grêmio, o Fortaleza chama atenção. O time está invicto, com 13 vitórias e um empate na competição.