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Seleção desembarca com discurso pronto sobre uniformes: "A CBF resolve"

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

09/08/2021 07h26

O caso dos uniformes marcou a entrega da medalha de ouro à seleção olímpica de futebol no sábado (7), mas virou assunto proibido no desembarque dos jogadores no Aeroporto Internacional de Guarulhos, na manhã de hoje (9). Sempre que perguntados, os atletas responderam da mesma forma: Isso é com a CBF".

"Isso é assunto da CBF e do presidente, então eles resolvem por lá. Me desculpe, mas não quero me intrometer nisso."
Gabriel Menino, lateral do Palmeiras.

"Esse assunto fica para a CBF, o mais importante no pódio era a medalha, e nós conseguimos a de ouro."
Claudinho, meia do Red Bull Bragantino mas já anunciado pelo Zenit, da Rússia.

"Isso é melhor deixar para a CBF falar."
Lucão, goleiro do Vasco da Gama.

Os uniformes viraram assunto no pódio olímpico. A fornecedora esportiva do COB (Comitê Olímpico Brasileiro) é a Peak, enquanto a CBF tem patrocínio da Nike. Ao subir para receber as medalhas de ouro, todos os jogadores, sem exceção, vestiam a camisa de jogo (da Nike) e os agasalhos amarrados na cintura. Assim, o logotipo da Peak só aparecia na calça. O caso irritou o COB e pode dar em disputa judicial.

Capitão da seleção olímpica, Daniel Alves foi o único que se permitiu falar mais abertamente sobre o tema, mas sem dizer muita coisa. Ele falou um pouco mais do que os companheiros, mas sempre saindo do tema dos uniformes para voltar a falar sobre a medalha de ouro.

"Estes pequenos detalhes quem tem que resolver vai resolver. Estamos muito felizes por trazer a medalha para o Brasil."
Daniel Alves, capitão do São Paulo e da seleção olímpica.

"Estes são problemas que nós atletas não podemos resolver. São pessoas que estão acima da gente que podem responder. Estamos ali para servir e tentamos servir da melhor maneira possível, conseguir o objetivo que a gente tanto sonhava", disse o lateral.

Da delegação campeã olímpica, apenas 11 atletas desembarcaram em Guarulhos-SP na manhã de hoje. Alguns fizeram conexão para outras capitais, outros falaram à imprensa e nenhum deles saiu do discurso de que o caso é assunto apenas para a CBF.

"Futebol é diferente dos demais esportes"

Em outra resposta, esta mais longa e elaborada, Daniel Alves exaltou a campanha histórica e o recorde de medalhas do Time Brasil na Tóquio-2020, mas deu a entender que o futebol precisa ser tratado de forma diferente dos demais esportes olímpicos.

"Se tem alguém no esporte que preza pela igualdade [de investimento] sou eu. Lá nas Olimpíadas estava um pouco complicado fazer declarações, mas sempre prezei por isso, pelo investimento em todos os esportes", afirmou o lateral.

"Não é porque eu pratico, mas dificilmente o futebol vai poder ser comparado a outros esportes. Não por nossa vontade, mas porque o futebol tem uma maneira diferente de captar [dinheiro], de audiência. Isso não está ao alcance de quem pratica, mas de outras pessoas. Não cabe a nós mudar isso", disse Daniel Alves.