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Diretoria da CBF prepara ato para prorrogar afastamento de Caboclo

Rogério Caboclo no discurso após ser eleito presidente da CBF, em 2018 - Lucas Figueiredo/CBF
Rogério Caboclo no discurso após ser eleito presidente da CBF, em 2018 Imagem: Lucas Figueiredo/CBF

Igor Siqueira

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/06/2021 08h28

A reunião da diretoria da CBF na sexta-feira (2) será crucial para o futuro imediato do futebol brasileiro. Quem comanda a entidade no momento prepara um ato para afastar Rogério Caboclo da presidência por mais tempo. O dirigente é alvo de uma denúncia de assédio sexual e moral feita por uma funcionária. Ele nega que tenha cometido crime.

O UOL Esporte apurou que o ato normativo planejado nos bastidores usa como base o artigo 143 do estatuto da CBF. O texto diz que "nos casos de urgência comprovada, a diretoria da CBF poderá afastar, em caráter preventivo, qualquer pessoa física ou jurídica direta ou indiretamente vinculada à CBF que infrinja ou tolere que sejam infringidas as normas constantes deste Estatuto ou do Estatuto da Fifa ou da Conmebol, bem como as normas contidas na legislação desportiva e nos regulamentos da CBF".

Atualmente, Caboclo está fora do poder em decorrência de uma decisão da Comissão de Ética do Futebol que o tirou compulsoriamente do poder pelo prazo inicial de 30 dias. Como a decisão saiu em 6 de junho, ela tem vencimento na próxima terça-feira. O artigo 143 já tinha sido usado para dar suporte à decisão do órgão.

O movimento da diretoria da CBF tem como objetivo estender o período de Caboclo longe da entidade, independentemente de prorrogação do afastamento por parte da comissão. Seria uma medida que correria em paralelo, trazendo para a sede da Barra da Tijuca o gatilho a curto prazo. O exercício da presidência está com o Coronel Nunes.

No cenário atual, todos os diretores e vice-presidentes querem Caboclo longe do poder. Isso foi reiterado em documento recente enviado à própria comissão de ética, no qual a diretoria reforça a necessidade de que Rogério permaneça fora da CBF "até a conclusão das investigações das graves acusações que pesam contra ele".

Em carta assinada por 16 diretores e enviada às federações, a posição é que "decisões dessa gravidade precisam ser apuradas de forma isenta e livre de pressões. Sem ameaças, promessas de vantagens ou tentativas de usar os cofres da entidade para financiar acordos de caráter particular".

Um dia antes, Caboclo tinha se dirigido às mesmas federações: "Estou sendo vítima de verdadeira tentativa de 'golpe de estado' perpetrado por pessoas que sei perfeitamente identificar". O presidente afastado acusa sua diretoria de traição. Ele ainda afirmou que o ex-presidente Marco Polo Del Nero, banido pela Fifa por ter o nome envolvido em escândalos de corrupção, "busca retomar o poder na CBF".

O artigo 143 trata de afastamento "em caráter preventivo". Logo, a diretoria continuaria aguardando uma decisão final por parte da comissão de ética. O código de ética ainda estabelece que "a aplicação de sanções aos dirigentes eleitos ficará sujeita à confirmação das Assembleias Gerais Administrativas das respectivas entidades, exigindo-se aprovação de três quartos da totalidade de seus membros". No caso da CBF, a assembleia é composta pelas 27 federações estaduais. São necessários 21 votos para sacramentar o afastamento. Caboclo, com isso, precisa angariar sete aliados para retornar à presidência.