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Você sabia? São Januário tem cápsula do tempo enterrada desde 1926

São Januário tem "cápsula do tempo" enterrada desde 1926: ideia é resgatá-la no centenário do estádio - ALEXANDRE LOUREIRO/CONMEBOL
São Januário tem 'cápsula do tempo' enterrada desde 1926: ideia é resgatá-la no centenário do estádio Imagem: ALEXANDRE LOUREIRO/CONMEBOL

Bruno Braz

Do UOL, no Rio de Janeiro

23/04/2021 04h00

Construído por seus torcedores, símbolo contra o preconceito, maior da América do Sul durante um período, palco do anúncio da CLT por parte do ex-presidente da República Getúlio Vargas e que, recentemente, foi reconhecido como patrimônio histórico do Rio de Janeiro. São Januário, com seus 94 anos recém-completados, respira história e é um dos mais importantes estádios do Brasil, mas o que poucos sabem é que entranhado naquele terreno lendário, situado na Zona Norte, existe uma 'cápsula do tempo' desde 1926.

A preciosidade guarda itens raros da época e é cercada de mistérios. Ela foi enterrada no evento de lançamento da pedra fundamental — para a construção da histórica casa do Club de Regatas Vasco da Gama.

"De acordo com as imagens da época e as informações que dispomos, a própria pedra fundamental do estádio serviu como uma 'cápsula do tempo'. Feita de pedra ou alvenaria, hermeticamente fechada", informou ao UOL Esporte o coordenador do Centro de Pesquisa, Preservação de Acervos e Divulgação da História e Memória do Vasco (CPAD-CRVG), Walmer Peres. "A instalação da pedra fundamental foi um ato simbólico que indicou o início oficial das obras do Estádio Vasco da Gama, que popularmente conhecemos como São Januário."

A pedra guarda uma caixa na qual há jornais e moedas do seu período, além de outros itens sobre os quais somente teremos ciência após a sua abertura."

Lançamento da pedra fundamental de São Januário, em 1926: "cápsula do tempo" foi enterrada neste evento - Centro de Memória do Vasco - Centro de Memória do Vasco
Lançamento da pedra fundamental de São Januário, em 1926: "cápsula do tempo" foi enterrada neste evento
Imagem: Centro de Memória do Vasco

Embora o objeto desperte muita curiosidade nos vascaínos, o clube trata o tesouro com parcimônia e quer desenterrá-lo somente no centenário do estádio. "O seu desenterro e abertura estão previstos para 2027", disse Walmer.

Em parceria com a vice-presidência de Projetos Especiais, que toca o projeto de reforma e ampliação de São Januário, o CPDA-CRVG fará estudo para se localizar exatamente onde está enterrada a 'cápsula do tempo', mas já há uma breve noção de onde se encontra.

"O CPAD-CRVG, tendo à frente o vice-presidente, Horácio Junior, tratará disso com o Pedro Seixas, VP de Projetos Especiais, e os demais envolvidos na reforma do estádio. Atualmente, acreditamos que esteja na área do campo, próxima do centro da Social do estádio", destacou o pesquisador, que participou do programa de estreia do podcast do clube chamado de ?GiganteCast?, onde falou sobre as histórias de São Januário.

Uma vez desenterrada no centenário, a ideia é que a cápsula e as preciosidades contidas nela façam parte do museu do clube, que será construído dentro de São Januário após a reforma, prevista para também estar pronta em 2027.

São Januário tem mastro da Marinha de 1896

Outra história bastante curiosa de São Januário e que pouca gente conhece é em relação ao mastro situado atrás da estátua de Romário e de um dos gols. E que hoje em dia sustenta as bandeiras de Brasil, Portugal, do Rio de Janeiro e do Vasco.

A raridade pertenceu à Marinha brasileira em 1896 e tem o nome de "Mastro de Tymbira", mesma alcunha do cruzador-torpedeiro da Força Armada nacional que o carregou na época.

A preciosidade de 50 metros de altura foi doada ao Vasco em 1936 e precisou de um guindaste para erguer suas nove toneladas.

"Ele foi inaugurado no dia 23 de agosto de 1936. Naquela tarde, o Vasco venceu o Bangu por 3 a 1. As obras para erguê-lo foram iniciadas em maio do mesmo ano. Ele foi doado pela Marinha através do seu ministro à época, o Almirante Alexandrino de Alencar. O fato ocorreu na presidência de Jorge Bhering de Oliveira Mattos. Incorporado à Marinha brasileira no ano de 1896, inicialmente, recebeu o nome de Caramuru, mas o rebatizaram como Tymbira em homenagem a um guerreiro indígena", explicou Walmer Peres, que complementou:

"Na época de sua instalação, a imprensa apelidou-o de 'Mastro Monstro'. O engenheiro geral da cidade do Rio de Janeiro, João Gualberto Marques Porto, foi o responsável pelas obras e afirmou que o mastro não era apenas uma obra particular e, sim, um monumento para cidade e um símbolo para o esporte como um todo."

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