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Abel quer reforços "realistas" e avisa Borré: "Não esperarei muito"

Bruno Andrade, Danilo Lavieri e Thiago Ferri

Do UOL, em Lisboa e em São Paulo

17/03/2021 14h21

Campeão da Libertadores e da Copa do Brasil, o Palmeiras trabalha no mercado da bola para reforçar o elenco. Em entrevista ao UOL Esporte, o técnico Abel Ferreira afirmou ser necessário trabalhar dentro da realidade financeira em um ano de pandemia.

"Gosto que os torcedores conheçam a realidade do clube para ajustar as expectativas. Vivemos um contexto difícil. Quando você ganha, as expectativas aumentam. Quero que contratem Cristiano Ronaldo, Messi, Iniesta, mas quero que os torcedores percebam que vivemos em um contexto que todos temos que pensar muito bem o que vamos fazer. É minha responsabilidade como treinador e é também com a saúde financeira que nos permite aguentar com menos turbulência. Os torcedores têm que saber da realidade", explicou o treinador.

O principal nome citado como reforço do Palmeiras é o atacante Borré, destaque do River Plate. O clube alviverde já se reuniu com os empresários do jogador e apresentou um contrato de quatro anos e um pacote de R$ 80 milhões. Na semana passada, o empresário André Cury, que tem sido intermediário no negócio, viajou à Argentina para conversar com o jogador e seu estafe. Ainda não há, contudo, um acordo próximo.

"Não vou esperar muito. Quando pedi minha esposa em casamento, ela não demorou dois meses para responder. Portanto, há decisões que temos que tomar", prosseguiu Abel.

Enquanto a história com Borré segue emperrada, o Palmeiras avança no empréstimo de Danilo Barbosa, atualmente no Nice, da França. Na visão de Abel Ferreira, o volante não seria um reforço, mas uma reposição à saída de Emerson Santos, vendido ao Kashiwa Reysol, do Japão.

"O Emerson falou que queria ir embora, falamos com o clube e agora temos que repor essa posição. não é reforço, e sim repor uma posição. Temos que reforçar a equipe dentro das nossas capacidades para ter um clube estável. Os meus jogadores sabem", completou.

Confira outras declarações de Abel Ferreira na entrevista ao UOL Esporte:

Fica no Palmeiras?

"Sou um treinador de projeto. Minha carreira diz isso. Estou muito satisfeito e contente no palmeiras, temos mais dois títulos para disputar. Eu vivo a minha vida um dia de cada vez, preparo o futuro no presente. Digo isso para os jogadores. Não adianta pensar em Real, City, Barcelona, se não trabalhar todo dia.

Portanto, não há nada que não seja continuar. Quero continuar a ganhar e dar alegrias aos nossos torcedores. Deu para sentir um bocado na final da Libertadores e eram familiares. Sou treinador o tempo inteiro, esta é nossa função. Todas as minhas opções são o que é melhor para nosso elenco. Há um contrato, quero cumpri-lo, a relação com a família está sendo clara entre nós. Eu preciso estar com a minha família. Não podem vir e ir por causa da covid. O lado emocional, falo da emoção do público grego, português, do Brasil. No Brasil, é muito mais exacerbado, por ser o país do futebol, é muito maior."

Interesse em André Horta

"Não precisamos do André Horta, já temos muitos meias: Patrick, Danilo, Felipe Melo, Menino, Zé Rafael e Veiga. Essa notícia interessa a alguém, mas não é ao Palmeiras."

Relação com as críticas

"Não consigo prever o futebol, mas sei como as coisas funcionam. As regras são claras. É comigo, Mourinho, Guardiola. É fácil gostar de você quando ganha e não gostar de você quando não ganha. Minha equipe sentiu isso quando ganhou a Libertadores e foi derrotada no Mundial. Isso é em qualquer equipe que esteja lutando pela Liga dos Campeões. Eu não me preocupo muito com isso.

Para mim, o futebol é muito claro. 30% vão gostar sempre de você. Depois, tem mais 30% que nunca vão gostar de você. Sobram 40% que vai depender se ganhar ou se não ganhar. As coisas para mim no futebol são muito claras, nas redes sociais são claras e só quero que a minha família e as pessoas que trabalham comigo gostem de mim. Há coisas que você não pode mudar, que são da sua personalidade e são frutos da minha experiência."

O dia que mais chorou

"A vez que mais chorei foi quando acabou a final da Libertadores. Corri para dentro do vestiário, foi a vez que mais chorei. Quando estava sozinho na minha sala, chorei, chorei, chorei. Quando ganha algo desta dimensão [Libertadores], você tem lá tudo, um flash, uma emoção tão forte que você se lembra de todo o processo, de tudo o que sofreu para chegar ali.

Tive que deixar minha família para trás, é necessário? É preciso sofrer tanto para chegar neste nível? Depois, você começa a ver história de campeões. Gosto muito da Netflix, você consegue ver quantos campeões se dedicam. Como o Cristiano Ronaldo para chegar aonde chegou, criticado como foi e no jogo seguinte ao do Porto fez três gols; Só vemos a fotografia final. Por isso que chorei. Lembrei dos tempos que eu treinava juniores, quando troquei de clube, da forma que saí do Sporting, como cheguei no Braga. Difícil não é chegar, é se manter lá."

Saída do Ramires

"Quero dizer que o Ramires foi o que eu chamo de atualidade. Atualmente, as redes sociais exercem uma pressão muito forte com o que tem com a nossa profissão. Se não perceber como funcionam as redes... quem está do lado de lá, tem o direito de xingar, torcer, mas eu tenho direito de só deixar afetar o que eu quero.

Muitas vezes, os jogadores não têm essa capacidade. Eles nascem com o celular embaixo do braço. Vão ver o que dizem sobre eles. Começam a ler os comentários. Se você dar atenção a isso, nos momentos menos bons, vai destruir se não for mentalmente muito bom. Cristiano Ronaldo é xingado e elogiado. Quando o xingam, três gols. Não tem a capacidade mental para perceber que isso faz parte. Deixem dizer.

Ramires foi uma experiência nova. Jogou no Benfica, Chelsea, seleção brasileira, teve uma série de clubes, mas os torcedores do palmeiras estavam críticos. Só um homem como ele [para decidir sair], porque seria muito fácil para ele ficar ali até o final do contrato, arranjar uma lesão no tornozelo... O grupo gostava dele. Tentei fazer tudo para que ele não saísse, saiu e saiu como homem. Para mim, saiu e eu aceitei a vontade dele. No último jogo dele, contra o Libertad [pela Libertadores], ele falou que não queria, que ia sair, que não dava mais. Ele abdicou de um monte de dinheiro. Podem chamá-lo do que quiserem, menos de alguém que fez mal ao Palmeiras."

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