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Fala de Neymar sobre jogar com Messi agita momento político do Barcelona

Neymar e Lionel Messi: brasileiro sonha em reviver parceria dos tempos de Barça - Don Emmert/AFP
Neymar e Lionel Messi: brasileiro sonha em reviver parceria dos tempos de Barça Imagem: Don Emmert/AFP

João Henrique Marques

Colaboração para o UOL, em Paris (FRA)

04/12/2020 04h00

O clima político-eleitoral no Barcelona captou e usou a declaração de Neymar, na última quarta-feira (2), quando o brasileiro manifestou que deseja voltar a jogar com Lionel Messi. O craque do Paris Saint-Germain não se referiu a nenhum clube no discurso, mas está ciente de que seu retorno ao Barça é inviável economicamente neste momento.

"O que mais quero é voltar a jogar com ele [Messi]. O que mais quero é voltar a desfrutar com ele dentro de campo", disse Neymar em entrevista à ESPN argentina após a vitória do PSG por 3 a 1 diante do Manchester United, pela Liga dos Campeões, na Inglaterra.

"Eu colocaria o Messi até no meu lugar, não tem problema. Eu saio, sem dúvida. É que eu quero jogar com ele", brincou o brasileiro, complementando.

Ontem (3), o discurso de Neymar foi tratado abertamente dentro do Barcelona. O clube vive período de eleições, e o tema também foi prontamente levado aos candidatos pela mídia catalã.

"Se o Neymar vem de graça, poderíamos tentar algo. Mas ele não está à venda e não temos dinheiro para contratar. Nesse momento seria irresponsável, a não ser que o próximo presidente tenha um milagre em suas mãos", comentou Carles Tusquets, o atual homem forte do Barcelona com o cargo de presidente do grupo administrativo.

"É normal o Neymar falar sobre o Messi. São amigos e têm uma hierarquia estabelecida entre eles. Essa relação é normal. Espero que o Léo [Messi] possa esperar e ouvir a proposta do novo presidente do Barcelona", disse Joan Laporta, um dos candidatos à presidência do clube, cargo que já exerceu anteriormente.

O Paris Saint-Germain não irá se posicionar sobre a declaração de Neymar. O clube francês não faz interpretação das palavras, mas acredita que isso não prejudica a busca pela renovação de contrato com o brasileiro.

PSG também vê parceria inviável

O desejo de Neymar de atuar com Messi também é visto como um negócio inviável pelo PSG. O diretor de futebol do clube, o brasileiro Leonardo, já admitiu que sondou o entorno do argentino no começo da temporada em um momento de crise de relacionamento do craque com o Barça. A realidade salarial, no entanto, impede o sonho no atual momento.

Messi tem o maior salário do futebol mundial, com cerca de 35 milhões de euros por ano (aproximadamente R$ 218,3 milhões na cotação atual). No PSG, Neymar ganha aproximadamente 30 milhões de euros (R$ 187,1 milhões) por temporada, e uma negociação contratual com aumento de ordenado ainda está em discussão. No atual cenário, o clube francês ainda tem como prioridade renovar o vínculo de Mbappé, que é o segundo maior salário do elenco, com cerca de 18 milhões de euros anuais.

Para atual temporada, o PSG buscou enxugar a folha salarial não renovando os contratos dos experientes Thiago Silva e Cavani, que estavam entre os cinco maiores ordenados do elenco. O foco é ter caixa para a renovação da dupla Neymar e Mbappé — os contratos de ambos terminam em junho de 2022.

O problema dos altos gastos do PSG em salário é acompanhado pela Uefa e a norma do Fair Play Financeiro. Em 2017, quando Neymar e Mbappé foram contratados, o clube francês pagou quase 400 milhões de euros pela dupla e teve dificuldades para comprovar não ter ultrapassado o limite permitido. Desde então, nenhum outro grande reforço foi contratado.

Messi tem foco no Manchester City

Para dificultar o sonho de Neymar, outro grande problema é o foco de Lionel Messi em jogar no Manchester City. O clube inglês é quem fez oferta ao Barcelona no final da temporada passada com o aval do craque argentino.

Nos planos do City, a recente renovação de contrato do treinador Josep Guardiola até junho de 2023 foi mais um atrativo para Messi. O treinador catalão tem boa relação com o argentino e pretende elaborar um esquema tático para que o time gire ao seu redor.

No Barcelona atualmente, Messi entende que está mais distante do sétimo prêmio de melhor jogador da temporada. A acachapante goleada sofrida para o Bayern de Munique por 8 a 2 na edição passada da Liga dos Campeões foi considerada pelo jogador como o fim do ciclo no clube catalão. No entanto, com contrato até o fim de junho de 2021, o camisa 10 ameaçou entrar na Justiça buscando a rescisão, mas terminou com o discurso de cumprir o vínculo até o fim.

"Eu pensei que estávamos combinados, que eu estava livre, o presidente sempre disse que no fim da temporada eu poderia decidir se ficava ou não. E agora eles se agarram ao fato de que não comuniquei antes de 10 de junho, sendo que em 10 de junho estávamos disputando LaLiga, no meio dessa situação desse vírus de m... e dessa doença que alterou todas as datas. E por esse motivo é que vou ficar no clube", anunciou Messi em setembro passado.