Time criado por Victor Ferraz já forma promessas e disputa torneio da CBF

A Copa do Brasil sub-17 começa no fim deste mês com um time estreante em torneios organizados pela Confederação Brasileira de Futebol (CBF). É o VF4, da Paraíba. A sigla faz referência ao nome do lateral direito Victor Ferraz e ao número de camisa que ele usava no Santos na época em que criou o time, no fim de 2017. Hoje, ele defende o Grêmio e veste a 2.

Victor Ferraz é paraibano de João Pessoa, mas precisou sair de casa aos 11 anos para ter chances reais de vingar no futebol. A própria história de vida inspirou a criação do VF4, primeiro como projeto social para dar uma rotina esportiva que tirasse das ruas os meninos da cidade. E depois como clube registrado na Federação Paraibana e competitivo nas categorias de base.

"A relação do Victor com o projeto me surpreende. Ele tem um carinho enorme pelos atletas e pela comissão, conhece cada um pelo nome e mantém essa preocupação com o lado social, se os meninos estão bem alimentados, se estão se comportando. É impressionante: ele liga todos os dias após os treinos para perguntar tudo o que aconteceu", conta Pedro Henrique Ferraz, diretor do VF4.

Pedro é irmão de Victor Ferraz, quatro anos mais novo. É advogado pós-graduado em direito do trabalho e compartilhou o sonho desde o início: "Sempre quisemos ajudar meninos da região, porque convivemos com as dificuldades de oportunidade para os meninos daqui chegarem no eixo Sul do Brasil. No fim de 2017, ele me ligou e falou que era momento de montar. Eu estava estudando para concurso na época e topei."

O projeto social começou com a formação de uma equipe de treinadores, depois aluguel de campo e realização de parcerias. Os meninos até 17 anos tinham material de treino e recebiam doações de cestas básicas. Mas aí "as coisas foram acontecendo", explica Pedro Henrique.

"Queríamos dar um treinamento mais específico para eles evoluírem, chegarem ao nível de jogar grandes competições e serem vistos", justifica o diretor. Federado na Paraíba, o VF4 foi campeão estadual sub-17 em 2019 e assim garantiu a vaga na Copa do Brasil. Hoje há times nas categorias sub-13, 14, 15 e 17, com mais de 120 atletas, 18 funcionários e campo próprio em obras para ser entregue em janeiro.

O objetivo de ser ponte para grandes clubes também já está sendo cumprido.

Já mandamos quase 50 atletas para grandes clubes do país em menos de três anos. Foram sete ou oito para o Grêmio, dois para o Inter, três para o Corinthians, três para o Santos, quatro para o Red Bull... Esses foram avaliados, mas em clubes hoje temos de sete a dez atletas pelos quais fazemos uma parceria. Quando um nosso é aprovado assinamos um contrato de parceria que dá direito a porcentagem caso ele seja vendido futuramente."

A partir de 2020 também haverá categoria sub-19, com o sonho de chegar à Copa São Paulo de Juniores. Até lá, o foco é na Copa do Brasil sub-17 e o primeiro adversário (em jogo único) será o poderoso Flamengo, em 25 de novembro, no Estádio da Gávea. "Vamos enfrentá-los com o máximo de respeito, mas mostrando nosso trabalho e que nossos atletas têm talento. De repente algum deles agrada."

Já Victor Ferraz está focado nos objetivos do Grêmio no Campeonato Brasileiro, na Copa Libertadores e na Copa do Brasil. Mas não abandona o projeto que leva seu nome na Paraíba, como conta o irmão: "Achei que nossos papos iam ficar mais sérios por causa do projeto, mas ele é muito resenha, não dá (risos)".