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Goleiro Jean, ex-SPFC, pode ser preso por descumprir acordo de pensão

Goleiro Jean está emprestado pelo SPFC ao Atlético-GO - Paulo Marcos-ACG
Goleiro Jean está emprestado pelo SPFC ao Atlético-GO Imagem: Paulo Marcos-ACG

Talyta Vespa

Do UOL, em São Paulo

18/08/2020 11h32

O goleiro Jean, do Atlético-GO, pode ser preso se não pagar o valor remanescente referente à pensão das duas filhas, fruto da união com Milena Bemfica. Além do salário que o goleiro recebe do clube, ele também ganha por direito de imagem —e o valor desse segundo contrato nunca foi pago às crianças, como determinado pela Justiça.

Segundo o advogado de Milena, Gabriel Bonfim, foi necessário uma liminar para que o valor referente ao salário fixo (CLT) do jogador fosse descontado diretamente da folha de pagamento do clube. Antes da formalização, era Jean o responsável por pagar às filhas o valor estipulado judicialmente, que engloba tanto parte do salário fixo como o que ele ganha com direito de imagem. Como não havia desconto em folha, muitas vezes, diz o advogado, o goleiro pagava um valor menor do que o que foi determinado.

A liminar, entretanto, refere-se apenas ao que Jean ganha como salário fixo no clube. A parte que vem do direito de imagem, apesar de entrar no acordo de pensão, não é descontada em folha. Deste modo, cabe a Jean acertar o pagamento com a ex-esposa —coisa que, segundo o advogado, nunca aconteceu.

O juiz deu ao goleiro três dias para que fosse quitado o valor remanescente. A decisão foi expedida no sábado. "Até o momento, ele não pagou. Só que esses trâmites demoram, então acredito que não será cumprido o prazo de três dias. Deve demorar um pouco mais. Espero que não aconteça, porque prezo pelas filhas dele", explica Bonfim. Caso o goleiro não faça o depósito da quantia estipulada, há o risco de ser preso.

O goleiro, atualmente, deve destinar às filhas 30 salários mínimos —o que equivale a R$ 31 mil mensais. Esse valor se refere somente ao salário que o jogador recebe de acordo com as Consolidações das Leis do Trabalho e ainda deve ser aumentado com base nos direitos de imagem. Ele entrou com um recurso para pedir a redução do valor, e o julgamento vai acontecer no próximo dia 25. Jean está emprestado ao clube goiano pelo São Paulo desde fevereiro.

Além do processo pela falta de pagamento de pensão, Jean responde à acusação de violência doméstica —ele foi denunciado após agredir a ex-esposa no último dezembro.

Terapia duas vezes por semana

Bonfim reitera que as filhas de Milena fazem terapia duas vezes por semana porque "o trauma de ver o pai agredindo a mãe foi grande". "Elas estão confusas, não entendem o que aconteceu. Ainda assim, ele fala com elas por telefone com frequência e as visita quando vem a Salvador", diz o advogado.

Milena é pré-candidata à vereadora pelo PSD (Partido Social Democrata). Ainda de acordo com Bonfim, ela está protegida por uma medida protetiva, que impede o ex-marido de se aproximar. "Quando Milena começou um novo relacionamento, Jean começou a mandar mensagens em tom agressivo para ela. Então, entramos com um pedido à vara da mulher, e a juíza concedeu a medida", explica.

Para conversar com as filhas, explica a defesa de Milena, quem faz a ponte é a mãe da vítima.

Clube prefere não se manifestar

O presidente do Atlético Goianiense, Adson Batista, afirma que o clube não tem interesse em se manifestar a respeito do caso. E faz um adendo:

"O que eu posso dizer é que o Jean tem sido um excelente profissional, cumprido todas as suas obrigações; que tem deixado o clube bastante satisfeito. Agora, as questões particulares dele, ele que resolva. Se ele não tiver uma conduta profissional aqui, não vai ter vida longa. A princípio, tudo está correndo muito bem".

Outro lado

Procurado pela reportagem, o advogado de Jean, David Rufato, alega que "o processo tramita sob segredo de Justiça. As informações do processo desta natureza não podem ser reveladas a ninguém que não seja parte ou advogado do processo. Consideramos extremamente temerária que tais informações sejam divulgadas à imprensa em geral".