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Jornalista registra BO por ameaça de torcedor da Lusa com foto de revólver

Imagem do estádio do Canindé em 2017 - Julia Chequer/Folhapress
Imagem do estádio do Canindé em 2017 Imagem: Julia Chequer/Folhapress

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

22/05/2020 20h29

O jornalista esportivo João Victor Fortunato registrou Boletim de Ocorrência na última quarta-feira (20), por meio da plataforma online da Delegacia de Delitos Cometidos por Meios Eletrônicos, relatando ameaça sofrida via Facebook. Criador de conteúdo da página "FUTSP.net", que faz cobertura dos clubes paulistas Flamengo, Juventus, Nacional e Portuguesa, ele recebeu xingamentos e ameaças de um homem identificado como torcedor do último destes quatro times e a foto de dois revólveres anexada.

"Nesta época de quarentena fizemos uma brincadeira chamada "Você Escolhe", em que faríamos a transmissão de uma partida votada pelos torcedores. Colocamos à disposição um jogo do Juventus e outro da Portuguesa. Isso foi há duas semanas e desde então alguns torcedores não entenderam bem a proposta da publicação e começaram a mandar mensagens dizendo que não se pode comparar a Portuguesa com os outros times", conta o jornalista, antes de completar:

"Até que na quarta-feira eu recebi em minha página pessoal uma mensagem mais ou menos com o seguinte teor: "ô seu filha da p..., não compara essas m... desses times com a Lusa. Quando você pisar no Canindé você está f...". Assusta, porque nós cobrimos jogos e treinos da Portuguesa, mas eu não respondi, soava só como um xingamento. Depois recebi fotos de dois revólveres e notei que isso estava indo além. Não é um torcedor bravo, é um criminoso."

João Victor Fortunato tentou fazer denúncia a princípio pela própria rede social, mas o perfil havia sido desativado. Depois, anexou prints e deu entrada no BO. Hoje (22), emitiu um comunicado na página do "FUTSP.Net" relatando que "os órgãos competentes já trabalham na identificação do sujeito" e anunciando que a página não seguirá a cobertura da Portuguesa até segunda ordem.

A Portuguesa, por meio dos departamentos jurídico e de comunicação, prestou apoio ao jornalista que realizou a denúncia e mostrou disposição para ajudar até na identificação do torcedor. A "Leões da Fabulosa", uma das principais organizadas do clube, também se manifestou: "Lamentamos e repudiamos totalmente o ocorrido. O trabalho de imprensa, em qualquer âmbito, deve ser livre sempre."

"A situação política nacional e também a situação da Portuguesa, um clube com tensões políticas constantes nos últimos anos, transformam o trabalho da imprensa em algo complicado. Isso não deveria acontecer, estamos somente levando informações", reflete Fortunato.