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Ídolo dos dois lados, Carpegiani vê Fla em vantagem em decisão com Inter

Paulo Cesar Carpegiani, técnico do Flamengo, na partida contra o Emelec - AP Photo/Dolores Ochoa
Paulo Cesar Carpegiani, técnico do Flamengo, na partida contra o Emelec Imagem: AP Photo/Dolores Ochoa

Marinho Saldanha

Do UOL, em Porto Alegre

28/08/2019 12h00

Paulo César Carpegiani é ídolo de duas torcidas gigantes. Campeão por Flamengo e Internacional, o ex-atleta, hoje treinador, se vê dividido para a partida de volta das quartas de final da Libertadores, hoje (28), às 21h30 (de Brasília) no Beira-Rio. Entre colorados e rubro-negros, ele preferiu não apostar, mas reconhece vantagem carioca.

"Muito em função do primeiro jogo, o Flamengo construiu uma vantagem importante (venceu por 2 a 0 no Rio), abriu uma margem que dá certa tranquilidade. O time não vai mudar sua forma de jogar, é uma equipe agressiva e com uma linha de frente muito rápida. O Inter precisa tomar a iniciativa, mas não pode atacar o Flamengo como louco, porque na velocidade o Flamengo pode decidir o jogo. O Flamengo está em uma posição tranquila, tem um treinador que não muda sua forma de jogar, até porque é a característica do time, a torcida impõe isso. Irá seguir atacando", disse em entrevista ao UOL Esporte.

A idolatria de parte a parte é inegável. Carpegiani só atuou por dois clubes como atleta: Inter e Flamengo. No Colorado, de 1969 até 1977, conquistou duas vezes o Brasileiro e sete vezes o Gauchão. No Fla, de 1977 até 1981, ergueu taças do Brasileiro, da Taça Guanabara, da Libertadores, do Carioca, do Mundial, entre outras tantas conquistas. Por isso, ficar dividido é um sentimento natural e o respeito é o mesmo para os dois lados.

"Só joguei em dois clubes e na seleção brasileira. Um que proporcionou minha iniciação, onde fui várias vezes campeão brasileiro, nunca perdi Estadual, então sou eternamente grato ao Inter. Depois teve o Flamengo, onde perdi meu único Estadual, que acabei não jogando as finais por uma lesão, mas perdi junto, mas ganhamos Brasileiro, Libertadores, e o presidente me deu a oportunidade de ser técnico."

"O coração hoje está bem dividido. Gostaria que os dois pudessem passar. Mas é impossível. É um grande momento, dois times diferentes, um altamente técnico, outro muito competitivo, então será um confronto difícil de definir. Em função do primeiro jogo, o Flamengo tem certo favoritismo, mas é muito complicado", comentou.

"O Flamengo não vai mudar por estar fora de casa"

Carpegiani não crê que o Flamengo mude sua forma de jogar. Por outro lado acredita que o jogo seja diferente pela necessidade do Inter de se impor.

"O Flamengo, por cultura do clube, é assim. A torcida exige que a gente seja agressivo, jamais o treinador do Flamengo pode entrar sem ser para ganhar o jogo. Tem que ser ofensivo, isso é assim, já era no meu tempo com Júnior, Leandro, Andrade, e também no começo do ano passado quando eu estava lá de novo. A torcida exige que se jogue para ganhar e assim o Flamengo vai fazer", disse.

"A mentalidade do treinador é essa, um time para frente. É uma exceção no futebol brasileiro, o Flamengo não poupa seus jogadores. A torcida não admite isso, porque o treinador não teria como explicar perder usando reservas. É assim. O Flamengo não vai mudar por estar fora de casa", completou.

Mas ainda que o Fla tenha vantagem, que vá jogar para frente e possa dar algum espaço, Carpegiani evita apostar em qualquer um dos lados. Até por reconhecer o bom momento vivido pelo Inter.

"Não apostaria. Eu já joguei contra o Inter e perdi de 4 a 0 no Maracanã, ganhei de 4 a 0 no Beira-Rio. O primeiro jogo foi muito decisivo para o Flamengo, tem uma baita tranquilidade. Mas que seja um bom jogo, vai ser uma partida linda, e que vença o melhor", comentou.

"O Flamengo tem uma vontade muito grande de ganhar a Libertadores, o Mundial, uma insistência, uma ambição. Se precisa levar em conta isso. O Flamengo levou 3 a 0 do Bahia, mas numa condição totalmente diferente. E o time está vacinado. Não creio que terá salto alto, creio que o time estará atento e respeitando o Inter", completou.

Odair e Jesus ganham elogios

O duelo tático será o mais interessante, na avaliação dele. Com dois treinadores capacitados e com o elenco nas mãos, pode se esperar uma partida muito interessante no Beira-Rio.

"O Odair, eu falei com ele mesmo, quando eu treinava o Vitória, conseguiu montar um time muito bem caracterizado, diferente dos outros times do Brasil, com três jogadores no meio e sem ser um time defensivo. É diferente do Flamengo, do Grêmio, do Palmeiras. Eu acho que no jogo de ida, ele tentou especular demais. E jogar especulando contra o Flamengo te dá muitas dificuldades. Se não agredir, acaba perdendo o jogo", comentou. "Mas o grande mérito do Inter é do seu treinador", completou.

"O Jesus tem mostrado que é um treinador com características diferentes, agressividade, é uma pessoa que tem este pensamento, está bem à frente de um time que tem características e exigências assim. Que seja agressivo, com iniciativa independente do jogo", opinou.

Com o placar do jogo de ida, o Inter precisa vencer por três ou mais de margem. Se devolver o 2 a 0, leva a decisão para os pênaltis. Qualquer outro resultado dá ao Flamengo a vaga na fase semifinal.