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Preço de ingressos na Champions League vira motivo de "guerra" entre clubes

João Henrique Marques/UOL
Imagem: João Henrique Marques/UOL

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR)

03/04/2019 04h00

Em e-mail enviado a seus torcedores que garantiram um dos 4.600 mil ingressos de visitantes colocados à disposição contra o Barcelona, em confronto de volta pelas quartas da Liga dos Campeões, em 16 de abril, no Camp Nou, o Manchester United adotou um tom inusitado. "A nossa torcida está sendo mais uma vez sujeita a uma política de preços mais cara e excessiva por parte dos mandantes", manifestou.

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Na parte final da mensagem, os ingleses comunicam ainda que decidiram cobrar o mesmo valor aos espanhóis que irão acompanhar a partida de ida em Old Trafford, na semana que vem: 120 euros (R$ 502).

Essa é a cifra mais cara que os torcedores do United terão que pagar em um jogo fora de casa na história do clube, exceção feita a finais. Não chega a ser uma prática nova, mas ela tem se tornado cada vez mais motivo de uma 'guerra' entre as equipes nos bastidores da principal competição europeia.

Ao longo das últimas semanas, United e Barcelona mantiveram diálogo para tentar chegar a um denominador comum que permitiria aos catalães pagarem ao redor de 65 euros (R$ 272) quando tivessem de viajar até Manchester. Não houve sucesso nas conversas e agora o clube inglês anunciou que irá utilizar a diferença a ser desembolsada pelos visitantes para subsidiar parte da entrada de seus torcedores no Camp Nou.

Sendo assim, em vez de um custo de 120 euros (R$ 502), eles pagarão em torno de 90 euros (R$ 376), economizando um pouco do dinheiro para gastar com cerveja espanhola e as famosas tapas, por exemplo.

O mesmo conflito esteve próximo de acontecer também no duelo entre Liverpool e Porto, adversários nas quartas de final.

Neste caso, contudo, depois de se reunirem, as partes conseguiram um acordo que reduziu o ingresso cobrado para visitantes no Estádio do Dragão de 85 euros (R$ 355) para 60 euros (R$ 250). Na última temporada, quando os dois lados se cruzaram, portugueses não tiveram o mesmo jogo de cintura e bateram o pé mantendo o bilhete em 75 euros (R$ 313).

Na Alemanha, durante a fase de grupos da Liga dos Campeões, foi cena recorrente a presença de cartazes na torcida do Bayern de Munique reclamando contra o suposto abuso dos times mandantes ao definirem os valores para o público que vinha de outros países.

"A sua ganância está agora plenamente satisfeita? 100 euros (R$ 418) é um roubo", dizia um deles.

O Bayern esteve por trás da criação de uma comissão de clubes que estuda implementar um teto nos valores cobrados para torcidas visitantes a partir da próxima temporada. Em um diagnóstico preliminar, os episódios mais recorrentes foram encontrados na Espanha, cujos torcedores não possuem uma cultura consolidada de viajar para acompanhar suas equipes.

A Uefa, entidade que organiza o futebol europeu, disse estar atenta ao ambiente cada vez mais hostil entre os times.

"Estamos cientes desse problema. Seria bom fazermos algo para estabelecer um teto para os preços. Talvez a solução seja definirmos o máximo valor que poderia ser cobrado à torcida visitante. O futebol é feito para os torcedores e, se eles são tratados de forma imprópria ou não da mesma que os anfitriões, precisamos agir", afirmou o presidente da entidade, Aleksander Ceferin.

A controvérsia não chega a afetar mais diretamente o bolso do turista brasileiro, que não costuma ter acesso aos bilhetes para visitantes, mas pode contribuir para que, numa próxima viagem, com tudo que tem sido discutido nos bastidores, ele pague menos para acompanhar um jogo da Liga dos Campeões.