Vídeo mostra torcida do Vasco atacando cavalaria da PM em tumulto no Maraca
Em meio a série de confusões que aconteceram na decisão da Taça Guanabara entre Fluminense e Vasco ontem, a mais violenta aconteceu nas ruas do entorno do Maracanã. Dezenas de torcedores cruzmaltinos atacaram a cavalaria da Polícia Militar e os soldados precisaram recuar de pedras, pedaços de pau e outros objetos que eram lançados contra eles (veja no vídeo acima).
O UOL Esporte entrou em contato com a assessoria de imprensa da PM, que confirmou que o episódio ocorreu ontem antes dos portões do estádio serem abertos.
No total, 29 pessoas ficaram feridas nos tumultos do lado de fora e foram atendidas no posto médico do Maracanã, sendo que duas tiveram que ser transferidas para o hospital Souza Aguiar, uma por tiro de bala de borracha e outra por deslocar o ombro.
Sorteio de mando e início da polêmica
Na última sexta-feira, dia 15, houve uma reunião na Ferj (Federação de Futebol do Rio de Janeiro) para definir o plano de ação do jogo. Cada clube mandou seus representantes para aprovar as medidas necessárias para a realização do evento ao lado da polícia e da própria federação.
O Vasco venceu o sorteio, ganhou o mando de campo e deu início à polêmica. Isso porque o clube escolheu o Maracanã para ficar no setor sul. O Cruzmaltino teve a preferência do lado entre 1950 e 2013, quando o Maracanã passou a ser administrado por um consórcio e fechou com Flamengo e Fluminense como principais clientes. O Tricolor, então, garantiu em contrato a preferência pelo espaço antes ocupado pelo clube de São Januário.
Marcelo Penha foi o principal representante do Fluminense na reunião e fez ressalvas sobre um documento apresentado pelo rival que apontava os vascaínos no setor sul. O advogado tricolor deixou claro isso em ata na federação, mas nada ficou definido. Apenas postergou a polêmica entre os clubes.
Maracanã 'adota' Vasco, e abandona Flu
Ao assinar contrato com o Maracanã, o Fluminense deixou de forma explícita que tem preferência pelo local. Foi justamente por isso que o Tricolor jogou por alguns anos, mesmo diante do Vasco, com sua torcida posicionada onde gostaria.
Nos últimos anos, o Fluminense tinha ao seu lado o fundamental apoio do Maracanã, que deu todo suporte necessário para que o clube levasse a melhor sobre o rival. O que o Tricolor não contava é que o consórcio mudou de lado e 'adotou' o Vasco, com quem negocia novo contrato. Além disso, o clube das Laranjeiras deve dinheiro ao estádio, o que aumentou a insatisfação.
Neste cenário, o Vasco ganhou o apoio do Maracanã, que tentou minar a importância do contrato com o Fluminense justamente por conta dos atrasos. Assim, o consórcio poderia simplesmente definir o Cruzmaltino, mandante do clássico, no local desejado pela diretoria de São Januário.
Pressionado, Flu tenta jogo sem torcida
O Fluminense não aceitou muito bem a situação e se viu traído pelo Maracanã. Pressionado pelo conturbado momento político do clube, o presidente Pedro Abad foi até as últimas consequências e concedeu entrevista convocando torcedores para guerra, enquanto mandava seu departamento jurídico vetar a entrada de qualquer torcida na final.
No fim da noite de sábado, o Fluminense comemorou o que considerou uma vitória nos bastidores. Seu processo motivou a decisão da Justiça de que o clássico seria disputado sem torcedores por conta de todo o problema criado entre os clubes e Maracanã - e sem que a Ferj intervisse de maneira eficaz.
Vasco pressiona autoridades
Não era apenas Pedro Abad quem estava pressionado. O presidente do Vasco, Alexandre Campello, também convive com clima pesado em São Januário ainda mais após grupos de oposição protestarem contra a homenagem feita às vítimas do incêndio no centro de treinamento Ninho do Urubu.
Campelo, portanto, precisava dar uma resposta e não poderia aceitar a 'derrota' imposta pela Justiça com a ajuda do Fluminense. Acordou no domingo disposto a reverter a decisão e participou de uma segunda reunião em três dias ao lado do presidente do Tricolor, Ferj e polícia.
No encontro, o Vasco assumiu o risco de pagar multa e teve o apoio da polícia para abrir o Maracanã para os torcedores. Pelo menos era o que eles pensavam que ia ocorrer.
Autoridades divergem e criam confusão
O Vasco contou com o apoio da Polícia Militar que emitiu documento garantindo a segurança do evento com os portões abertos. Alexandre Campelo, por sua vez, assumiu o risco de ser multado caso algo saísse errado. De nada adiantou. Isso porque o JECrim não aceitou o argumento e manteve os portões fechados.
O relógio chegou às 17h, o jogo começou e as torcidas seguiram do lado de fora. Em maior número, os vascaínos se revoltaram e tentaram invadir o Maracanã. A polícia, que sempre esteve a favor da abertura dos portões, teve que agir para assegurar a ordem. Após muita confusão, o JECrim voltou atrás e liberou a entrada dos torcedores
Torcedor paga a conta
Como tradicionalmente ocorre, o torcedor mais uma vez pagou a conta. E pagou caro. Tantos tricolores como vascaínos não sabiam o que fazer diante de tanta confusão. Os do clube de São Januário, de maior tamanho, tinham cerca de 20 mil ingressos. Os do Fluminense, em sua maioria, perderam a oportunidade de fazer parte da festa.
Os que foram ao estádio ainda tiveram que enfrentar varias dificuldades, principalmente os do Vasco. Quando o jogo começou, alguns tentaram invadir o Maracanã e viram a polícia agir de maneira veemente. Bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e balas de borracha foram distribuídas a torto e a direito.
No fim das contas, 29 torcedores tiveram que ser atendidos por médicos de plantão no próprio estádio, mas foram logo liberados. A maioria foi por conta de efeito de gás lacrimogêneo. Dois deles, no entanto, foram transferidos para o Hospital Souza Aguiar, onde trataram um ombro deslocado e um tiro de borracha, disparado por um dos policiais.
Futebol e título em 2º plano
Além de tudo isso, o Vasco venceu o Fluminense e foi campeão da Taça Guanabara. O gol marcado por Danilo Barcelos, no entanto, não teve o destaque que deveria. O próprio atleta comemorou o título, mas preocupado com a situação de sua mulher e filha, que foram ao jogo acompanhar o duelo.
O mesmo ocorreu com os técnicos Alberto Valentim, do Vasco, e Fernando Diniz, do Fluminense. Em suas entrevistas cada um respondeu poucas perguntas sobre futebol e muitas outras sobre polêmicas e confusões evidenciadas na organização do clássico. O "Mais Charmoso", como é chamado o Campeonato Carioca, precisa se organizar melhor.
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