Sob ameaças, Fluminense vive "Dia D" por eleição e saída de Abad
A arquibancada pediu, Pedro Abad cedeu. Das 9h às 18h deste sábado, os sócios do Fluminense com direito a voto irão à sede do clube para decidirem se concordam com a antecipação do fim do mandato do atual presidente. A assembleia geral marcada para este sábado (26) demarca ainda mais as diferenças em um clube rachado sob o ponto de vista político, que só converge em um ponto: a mudança é necessária.
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Apesar deste raro ponto em comum, a forma como a sucessão presidencial deve ocorrer expõe ainda mais as divisões. Um dos nomes mais fortes na corrida eleitoral, Pedro Antonio defendeu a renúncia imediata do presidente, ponto defendido também por nomes como Cacá Cardoso (ex-vice geral) e Diogo Bueno (ex-vice de finanças). A hipótese, no entanto, foi prontamente rechaçada por Abad, que não esconde a mágoa com o grupo que abandonou a atual gestão.
Caso a renúncia se concretizasse, Fernando Leite, presidente do Conselho Deliberativo, assumiria o cargo e teria um prazo de 45 para convocar nova eleição. Neste cenário, o novo dono do cargo ficaria apenas até dezembro, tese essa combatida por uma parcela considerável de conselheiros e sócios. Como Abad não pedirá o boné por livre e espontânea vontade, há um movimento que tenta fazer com que a maioria das pessoas vote "não" pela mudança do estatuto. Desta forma, o atual dono do cargo cumpriria o seu período e um novo pleito ocorreria em novembro.
Manobras de bastidores aconteceram nos últimos dias, especialmente na Justiça. A sócia Letícia Tavares pediu a impugnação da assembleia, mas não teve seu pedido acatado. O recurso impetrado alega que a possível antecipação fere direitos de sócios que só se tornariam aptos a votar e serem votados no pleito original, programado para novembro. A cúpula do Flu entende que está amparada pelo estatuto, mas a sombra de novas tentativas judiciais existe e preocupa. Paralelamente, a maioria dos conselheiros votou, em sessão na última terça, pela impugnação do evento, mas as lideranças da gestão não legitimam essa decisão e seguem os preparativos para esse sábado.
"O que disse desde sempre é que teria de haver a renúncia imediata do presidente. Se ele tivesse saído no fim do ano, já poderíamos ter elegido um novo presidente e o clube estaria caminhando. Estão rasgando o estatuto", disse Pedro Antonio ao UOL Esporte.
Em lado oposto ao "mecenas do CT" está o trio formado por Mário Bittencourt, Ricardo Tenório e Celso Barros, abertamente favoráveis à possibilidade de redução do mandato de Abad e um prazo maior para o futuro presidente. O trio entende que a convocação da assembleia é legal e se opõe às tentativas de melar o processo. Os três são partidários de um prazo mais comprido para o futuro mandatário e alegam que duas eleições num curto espaço de tempo seriam fatais para a saúde do clube.
Por meio de nota oficial, Bittencourt, Tenório e Barros, que ainda não definiram quem seria o cabeça de chapa, defenderam seu ponto de vista:
"Somos a favor da antecipação das eleições para que, seja lá quem assumir, possa organizar o clube. Se a maioria dos sócios votarem pelo "sim" e tivermos as eleições no primeiro semestre agora com mandato previsto até o fim de 2022, concorreremos ao pleito. A vontade da torcida e de seus sócios prevalecerá. Nada mais justo do que isso."
Caso a trinca saia vitoriosa nesta tarde, os tricolores voltarão às urnas até março para escolherem quem comanda os destinos do Fluminense até 2022.
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