Do piano ao xadrez: técnico 'cult' do Real já incomodou 'por pensar demais'
Piano e xadrez são atividades raramente ligadas à rotina do futebol, mas fazem parte da vida de um protagonista da elite da bola atualmente. À frente do Real Madrid, o argentino Santiago Solari é um treinador “cult”. Louco por livros e teatro, tem no jogo de tabuleiro e na música algumas formas de se distrair da bola e refletir.
Esse perfil o acompanha desde os tempos de jogador, quando, inclusive, defendeu o Real Madrid na era dos galácticos. No início dos anos 2000, a diretoria do clube o apelidou de “o sindicalista do vestiário”. Florentino Pérez, presidente na oportunidade e hoje em dia, chegou a dizer que o Solari jogador “pensa demais para um jogador de futebol”, segundo o “El Confidencial”.
No Real Madrid das estrelas daquela época, Solari se acostumou ao banco de reservas e assumiu seu papel de jogador útil. Enquanto Ronaldo, Zidane, Beckham e Raúl atraíam holofotes do mundo todo, o argentino era um trabalhador discreto.
Mesmo assim, sua dedicação em campo e sua postura fora dele renderam respeito junto às estrelas. Jorge Valdano, diretor esportivo do Real na época, contou que Solari era um reserva que exercia liderança no restante do elenco.
Já nos tempos dos galácticos, o argentino destoava dos demais na vida fora das quatro linhas. Em vez de morar em condomínios privados ou mansões luxuosas, ele vivia perto do Parque do Retiro e seus museus. Era comum, segundo o Marca, encontrar Solari indo ao cinema e ao teatro com sua mulher.
O xadrez também sempre o encantou. Em 2003, quando Gary Kasparov fez uma visita à redação do jornal Marca, Solari ficou sabendo e fez questão de encontrá-lo. E foi além: quis enfrentar Kasparov, considerado por muitos como o maior enxadrista de todos os tempos. O duelo entre eles durou oito movimentos - Solari pediu empate e Kasparov, bem-humorado, aceitou.
Outro interlocutor famoso de Solari era Ricardo Darín, hoje um dos mais famosos atores argentinos. Por serem compatriotas, os dois tinham encontros mais recorrentes e falavam sobre diferentes temas.
Ao encerrar a carreira, Solari decidiu que seria treinador de futebol. Durante um período, escreveu para o jornal “El País”, mas logo pegou sua licença e passou a trabalhar nas categorias de base do Real Madrid. Chegar ao time principal não estava ainda nos planos do argentino, mas o caminho se abriu para o “sindicalista” tomar conta do vestiário, agora oficialmente.
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