Topo

Sporting se irrita e vê ex-Flu "forçando a barra" para voltar ao Brasil

Wendel atuou por pouco tempo desde que chegou ao Sporting-POR - Gualter Fatia/Getty Images
Wendel atuou por pouco tempo desde que chegou ao Sporting-POR Imagem: Gualter Fatia/Getty Images

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (Portugal)

31/10/2018 04h00

Mesmo com apenas 19 minutos em jogos oficiais na temporada, Wendel tem sido motivo de discussão cada vez maior no futebol português. O volante de 21 anos não consegue deslanchar no Sporting e virou destaque recorrente pelos problemas extracampo. O mais recente deles foi o atraso para se reapresentar após ser liberado para o enterro da avó no Brasil. Com a paciência esgotada, o clube resolveu, então, rebaixá-lo para o time sub-23.

Ao todo, a revelação, que surgiu muito bem no Fluminense, passou menos de uma semana treinando com os mais novos.

Reintegrado, ele vê aumentar a pressão em torno de seu nome após investimento de 7,5 milhões de euros (R$ 31,5 milhões) em sua compra em janeiro. O seu futuro tem sido colocado em questão na imprensa com cada vez mais frequência.

A situação foi abordada recentemente na emissora local TVI. Um dos principais comentaristas do país, Pedro Sousa, reconheceu que se trata de “um craque insinuando que não o sabem aproveitar” em Alvalade, mas que, ao mesmo tempo, sofre por causa de seu “ambiente familiar”.

Esse é um diagnóstico comum entre os portugueses.

Se por um lado Wendel não teve ainda a sequência necessária para desabrochar o seu talento, por outro, ele não se esforça para romper os laços que mantém com o Brasil, fazendo questão de realçá-los nas redes sociais, como se estivesse contando os minutos para voltar para casa, e demonstrando pouco ou nenhum interesse em se adaptar à nova casa.

Conforme apurado pelo UOL Esporte, a avaliação realizada pela nova gestão do Sporting é de que faltou em sua contratação um estudo mais profundo de seu “background” antes de fazer uma aposta tão alta.

Com uma postura tida como relapsa, a insatisfação interna é crescente diante de um cenário em que, internamente, se acredita que o volante está “forçando a barra” para deixar a equipe.

Existem interessados no Brasil e no exterior. Entre outros, Flamengo, São Paulo, CSKA Moscou, Lille e Red Bull Leipzig fizeram contatos nos últimos meses para tentar um acordo. Eles esbarram no desejo do Sporting em reaver, com lucro, o dinheiro desembolsado no brasileiro. O empréstimo está descartado.

“Não se pode emprestar um jogador que vale 9 milhões de euros (7,5 milhões pagos ao Fluminense mais 1,5 milhões em comissões). Se aparecesse alguém a dar 15 ou 20 milhões...”, afirmou o técnico José Peseiro, em entrevista ao jornal A Bola.

“Infelizmente, o Wendel tem estado lesionado e até podia ter jogado nos últimos dois ou três jogos. É um jogador com um potencial tremendo, mas tem de aprender a jogar na Europa. Em termos de relação com a bola é dos melhores que o Sporting tem. Tem é de aprender a estar, até onde se pode perder a bola... O Wendel tem uma qualidade muito boa, que é o não ter medo de ter a bola”, prosseguiu.

Poucos dias depois, em entrevista coletiva, ao ser perguntado novamente sobre Wendel, Peseiro mostrou irritação por ter de responder mais uma vez sobre o atleta, porém, deixou um recado.

“Acreditamos no Wendel, a bola está do lado dele. Estamos interessados em mostrar o seu potencial e temos feito um esforço completo para isso. Agora cabe a ele revelar que está disposto a mostrar o seu potencial ou a fazer da incapacidade o seu potencial”, alfinetou.

Com contrato até 2023, Wendel está agora com a responsabilidade do seu lado para convencer a comissão técnica e superar a turbulência fora das quatro linhas em Portugal. Procurados pela reportagem, os seus representantes não responderam aos contatos.