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Atraso de Mbappé afeta fama de "mocinho" e mostra versão dura de Tuchel

Kylian Mbappé atende a fãs na cidade de Bondy, onde nasceu - Franck Fife/AFP Photo
Kylian Mbappé atende a fãs na cidade de Bondy, onde nasceu Imagem: Franck Fife/AFP Photo

João Henrique Marques

Do UOL, em Paris

30/10/2018 04h00

O gol decisivo de Kylian Mbappé pouco depois de entrar em campo contra o Olympique de Marselha – PSG venceu por 2 a 0 - virou pano de fundo em torno da discussão pelo atraso para acompanhar a preleção para o clássico. O ato de indisciplina assusta pela fama de “mocinho” carregada pelo atacante francês. E a reputação só foi abalada por conta do primeiro gesto público de irritação demonstrado pelo treinador Thomas Tuchel.

Para acompanhar Barcelona x Real Madrid pela televisão, Mbappé e o volante Rabiot perderam a hora da reunião agendada por Tuchel no hotel em que o elenco estava concentrado em Marselha, segundo apurou o UOL Esporte. A situação foi colocada como reincidente pelo treinador, assim decidindo castigar ambos os jogadores com o banco de reservas na partida. Só que o atacante virou o destaque do jogo, sendo assim “blindado” pelo PSG.

Para o Canal Plus, a transmissão oficial da partida na França, o PSG liberou a entrevista de Mbappé sob a condição de que a pergunta sobre o atraso não fosse realizada. E para evitar o contato com os outros jornalistas, o atacante não passou pela área de entrevistas.

“A atitude já foi tomada, isso é uma coisa do treinador e deles. Tem, sim, que respeitar os horários, e eles acabaram falhando nessa parte. Eles sabem, são grandes jogadores, importantes para a nossa equipe, e a gente acaba sofrendo por causa disso. Mas isso é uma coisa interna. Depois o Kylian entrou e acabou resolvendo o jogo para a gente”, comentou Neymar ao ser perguntado sobre o tema após o jogo.

Na França, o atraso de Mbappé dominou o noticiário e incomodou o jogador. A informação da rádio RTL de que se atrasou em 20 minutos para o jogo da semana passada contra o Napoli – jogadores do PSG não se concentram e vão ao estádio em seus próprios carros nos jogos em Paris – foi desmentida pelo atacante por meio do Twitter (ver foto ao lado).

Mbappe desmente jornalista no Twitter - Reprodução - Reprodução
Imagem: Reprodução
“Informação falsa. Fui um dos primeiros jogadores a chegar ao Parque dos Príncipes na quarta-feira. Você pode verificar isso com a ajuda das câmeras da Uefa. Obrigado”, postou Mbappé.

A forma educada como se posiciona ao fim da mensagem condiz com a imagem que carrega na França. O “bom moço” não ouve críticas nem de adversários, mas fez uma nova versão de Tuchel vir à tona.

Tuchel é definido internamente como treinador “paizão”, tendo como gesto de aceitação geral a recente semana de folga concedida durante a pausa em data Fifa – um prêmio dado pela sequência de vitórias contra Nice, Estrela Vermelha e Lyon -. Thiago Silva, por exemplo, só foi ao clube treinar por vontade própria. E Neymar teve quatro dias de descanso após retornar da seleção brasileira.

O alemão tem grande apreço do clã brasileiro do PSG (Marquinhos, Daniel Alves, Thiago Silva e Neymar) por conta da forma de se relacionar com o elenco. De pessoas próximas dos jogadores, a explicação é de que o antecessor Unai Emery era distante e sem tato para trabalhar com jogadores de ponta.

A punição a Mbappé surpreendeu os brasileiros, mas não foi reprovada. A expectativa era de que uma conversa com o atacante francês resolvesse a situação justamente por conta do perfil do treinador.

“O coletivo ainda é mais importante que o individual. Se fosse a primeira vez, não seria punido. Eu detesto jogar sem Mbappé em um duelo como esse. Ele deu boa respostas, mas não gosto dessa situação. É um pouco difícil para mim”, destacou Tuchel.