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Segurança, presidente e atacante: jogador 3 em 1 tenta salvar time espanhol

Aos 41 anos, Changui é presidente e artilheiro do Boiro, que correu o risco de fechar - Divulgação
Aos 41 anos, Changui é presidente e artilheiro do Boiro, que correu o risco de fechar Imagem: Divulgação

Do UOL, em São Paulo

26/10/2018 04h00

Seu trabalho principal é como segurança, mas ele acumula outras duas funções: ser atacante e presidente de um time da quarta divisão da Espanha. Marcos “Changui” Fernández é mais conhecido no país por ter sido jogador do La Coruña no início dos anos 2000, mas em sua região ele agora é visto como um salvador: em campo, na administração e como segurança.

Aos 41 anos, Changui estava dividindo seu tempo entre o emprego e jogos de futebol amadores. No meio do ano, porém, seu primeiro time, o Boiro, estava prestes a fechar as portas. Dívidas e uma administração desastrosa já haviam levado a equipe ao rebaixamento administrativo, mas a ameaça de encerrar as atividades se tornou real.

“Eu não podia permitir que o clube desaparecesse sem lutar. No futebol, você precisa de pessoas sérias. Sou a favor da responsabilidade civil para as pessoas que exercem cargos de direção. Do contrário, todo mundo faz o que quer e o clube corre o risco de desaparecer por culpa de uma gestão horrível”, argumentou ele ao “ABC”.

Ao assumir a presidência do Boiro, o veterano atacante descobriu que a dívida declarada de 300 mil euros na verdade já estava em 400 mil (cerca de R$ 1,7 milhão). Ele, então, conseguiu renegociar prazos com credores, reuniu apoio de empresários, atraiu sócios e apostou em jogadores jovens.

“Com trabalho e sensatez vamos seguir em frente. Esse time está muito vivo graças às pessoas da região que nos ajudam”, contou.

Ao participar da montagem do elenco, Changui e a comissão técnica precisavam de atacantes. Como a posição muitas vezes tem os reforços mais caros, ele se ofereceu para fazer parte do elenco. Para isso, entrou em uma dieta exigente e aumentou sua carga de treinos. Atualmente, ele é o artilheiro do time na quarta divisão.

A dupla função no Boiro contrasta com a vida como segurança. O futebol, sua paixão, não foi suficiente para lhe assegurar um futuro tranquilo, mesmo tendo passado pelo La Coruña em tempos de glória (ele foi mais emprestado do que ficou no clube), além de ter defendido equipes na elite espanhola (Compostela) e na segunda divisão (Elche e Extremadura), entre outras.

“Há muita fantasia que cerca o futebol. Na minha época, os contratos milionários eram só para as grandes estrelas”, recordou.

Mas como os desafios que ele aceitou deixam claro, sua paixão foi e segue sendo o futebol. Changui tem mais de 300 gols na carreira e espera aumentar mais um pouco essa lista. “O faro de gol nunca se perde”, completou o jogador/presidente/segurança.