Ex-lateral da seleção lembra agressão na Lituânia: "Apanhei por 20 minutos"

O torcedor alviverde talvez se lembre do lateral direito pequeno, de cabelos loiros ao estilo 'He-Man', que chegou à Academia de Futebol pouco depois da Copa do Mundo de 1990. Odair Patriarca apareceu no Novorizontino, jogou no Palmeiras e na seleção brasileira; mas sua melhor história é sobre a tentativa de ser treinador na Lituânia, que terminou antes mesmo de começar.
Após pendurar as chuteiras no final dos anos 90, Odair foi à Alemanha fazer um curso de treinador. De volta ao Brasil, trabalhou em categorias de base de clubes pequenos por mais de uma década até ser convidado, em 2015, a treinar uma equipe da Lituânia - o FC Nevézis, que atualmente disputa a segunda divisão. Chegou a acertar o contrato de dois anos, mas não deu sequer o primeiro treino: foi espancado por policiais horas antes de conhecer a equipe.
"Foi bem na minha chegada. Eu tinha acabado de descer do avião, então fui dar uma volta no quarteirão. Os caras chegaram batendo e eu falei 'please, please', mas que 'please' que nada: apanhei uns 20 minutos, chutes e mais chutes. Eram cinco contra mim, eu caí na neve e eles ficaram batendo, chutando com o coturno", conta Odair. O motivo das agressões só lhe foi explicado depois de interrogatório e detenção: os policiais alegaram ter confundido o homem ao lado de Odair com um ladrão de joias romeno.
O episódio o abalou, e ele resolveu romper o acordo e voltar ao Brasil. "O contrato era de dois anos, e eu não recebi nada, fui embora. O clube queria que eu ficasse, mas eu não quis. Fechava os olhos e via os caras me batendo. Hoje eu dou risada, mas na hora não foi brincadeira", relembra. Três anos após o ocorrido, ele não tem qualquer sequela e até cogita um dia voltar à Lituânia, mas só como turista. "Posso até passar, mas ficar não (risos). Fiquei traumatizado porque apanhei muito."
Odair Patriarca seguiu treinando categorias de base até 2016, quando trocou o Novorizontino por um cargo na secretaria de esportes da cidade de Riversul, que fica no interior paulista, a 17km de sua cidade-natal Itaporanga. Ele é treinador de futebol e faz parte do projeto 'Quem Ama, educa'.
Da caixa de sapato à seleção brasileira
Odair acredita que, pelas condições da sua infância, o fato de ter virado atleta profissional "foi um milagre". Ele começou na base do São Bento-SP, subiu ao time principal e, na década de 1980, passou a rodar por clubes como Ponte Preta, Figueirense e Rio Branco-SP. O empréstimo ao Novorizontino em 1990 foi o que impulsionou sua carreira. "Despontei por causa da 'final caipira' contra o Bragantino, no Paulistão. Aí o Telê Santana me levou ao Palmeiras; depois o Falcão me convocou para a seleção brasileira. Tudo isso no mesmo ano", relembra o ex-lateral.
Odair estreou com a amarelinha em um amistoso contra o México, em dezembro de 90. Depois, jogou contra a Bulgária, em maio de 1991, mas o prestígio de ir à seleção brasileira não foi suficiente para mantê-lo no Palmeiras. Com a chegada da Parmalat ao clube em 1992, Vanderlei Luxemburgo optou por dispensá-lo para contratar Gil Baiano, lateral que havia vencido duas Bolas de Prata e que o técnico já havia treinado no Bragantino.
"Não tenho nenhuma mágoa dele [Luxemburgo]. A escolha era dele, só que naquele momento foi errada", critica Odair. "Ele queria trazer o jogador dele, tudo bem, mas naquele momento praticamente me tirou de uma Copa do Mundo. Eu tinha a possibilidade de ir para a Copa de 94, como foram Márcio Santos e Paulo Sergio [todos ex-Novorizontino]."
Odair saiu do Palmeiras para o Juventude-RS, e ainda passou por Vila Nova e Bragantino antes de encerrar a carreira como jogador em 1997, no Montes Claros.
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