Topo

Processo, problemas pessoais e gancho fazem Clayson ganhar atenção especial

Anselmo Sbragia, preparador físico, brinca com Clayson em treino do Corinthians - Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians
Anselmo Sbragia, preparador físico, brinca com Clayson em treino do Corinthians Imagem: Daniel Augusto Jr/Agência Corinthians

Dassler Marques

Do UOL, em São Paulo

31/08/2018 04h00

Ausente da partida decisiva entre Corinthians x Colo-Colo por opção técnica, pois ficou no banco de reservas e não entrou, Clayson também não defenderá a equipe de Osmar Loss nos próximos dois jogos. No caso das partidas do Brasileirão contra Atlético-MG e Ceará, o gancho foi imposto pelo STJD na última quinta (30), em uma sequência de problemas que se acumulam. Para o estafe do atleta e para o clube, o momento é de dar atenção especial ao jogador de 23 anos que passa por situações difíceis.

Nos últimos dias, mais um problema. O departamento jurídico corintiano foi notificado que o árbitro Leandro Bizzio Marinho, que expulsou Clayson no primeiro dérbi final do Paulistão, foi à Justiça contra o atacante por "perdas e danos" e solicitou uma indenização de R$ 200 mil. Tudo porque o atacante disse que ele estava "mal-intencionado". O tema foi noticiado pela Fox Sports e confirmado pelo UOL em consulta processual.

Apesar da suspensão e do processo, episódios que podem expor a imagem do atacante, esse é o menor dos problemas recentes. Em junho, Clayson se viu livre de um drama com sua filha, Maria Valentina. Ela nasceu prematura e teve de ficar na UTI durante um mês. Preocupado com a repercussão da situação, o atacante se fechou com a esposa Amabile e a sogra Rosângela nesse período e até mesmo colegas de clube desconheciam a rotina difícil dele até que a filha pudesse deixar o hospital.

Aproximadamente duas semanas depois, a vida da família de Clayson sofreu um novo baque. Aos 44 anos, a sogra Rosângela descobriu que possuía um tumor, pouco depois de realizar uma cirurgia simples. Houve pouco tempo para qualquer tipo de reação até que ela morresse no fim do mês passado, logo após toda a luta que havia compartilhado com Amabile e Clayson no nascimento da neta.

O episódio repentino se tornou ainda mais delicado em razão da estrutura familiar do corintiano. Clayson é distante da mãe e, desde 2015, leva a vida sem ter por perto o pai Rubão, que era seu principal companheiro e morreu vítima de câncer. A sogra era um dos seus pontos de equilíbrio, ao lado da esposa e de Edvaldo Ferraz, empresário desde a adolescência.

Recentemente, quando atirou água em uma torcedora da Chapecoense, a luz amarela se acendeu para o estafe de Clayson. Depois de episódios negativos com o palmeirense Felipe Melo e expulsão na final do Paulista, ele voltou a estar ligado a um fato ruim. Com a ajuda do estafe, o atacante tentou localizar a moça para que pudesse se explicar e pedir desculpas pessoalmente, mas ela optou por se resguardar.

Se não bastasse a espécie de "inferno astral", Clayson também passou em maio pela primeira cirurgia da carreira e ficou cerca de dois meses sem jogar. Se trata de um procedimento relativamente simples [artroscopia no joelho direito], mas mesmo assim inédito para ele.

Um dos destaques corintianos na conquista do Brasileiro 2017 após fazer um Campeonato Paulista de destaque com a Ponte Preta, Clayson ainda busca sua melhor forma técnica desde a Copa do Mundo. O último gol dele na temporada foi em 22 de abril, contra o Paraná. Imediatamente após a confirmação de seu gancho de dois jogos, a expectativa passou a ser de voltar a jogar contra o Palmeiras, no dia 7 de setembro. Quem sabe, com os ombros mais leves após tantas dificuldades.

Depoimento de Edvaldo Ferraz, agente de Clayson

"O Clayson é um menino muito bom e tem um coração enorme. Eu o conheço desde os 15 anos, ainda muito jovem, e ele tem amadurecido constantemente. As situações vividas recentemente, dentro e fora de campo, têm feito ele evoluir. Ele viveu a lesão mais grave de sua carreira, a filha na UTI no hospital logo no nascimento e o falecimento precoce da sogra de apenas 44 anos, que estava cuidando de sua filha junto com a esposa em casa. Tudo isso em três, quatro meses.

Eu tenho dado todo o apoio necessário e estamos sempre juntos, em todos os momentos. O Corinthians tem dado todo o apoio necessário . A esposa e nós do estafe temos dado tambem todo suporte desde sua chegada ao clube. É uma mudança muito grande, de um menino que veio do interior e só tinha passado por clubes menores. E que agora é campeão brasileiro, paulista e tem uma grande exposição.

É natural que com o tempo ele evolua e isso tem acontecido. Ele tem sim um temperamento forte, de personalidade, mas sempre para vencer e para que aconteça sempre o melhor. Em alguns momentos é bom, mas em outros pode não ser. Mas, tudo isso, dentro de uma humildade e de um caráter que são inquestionáveis. Ele errou, sabe disso, mas nunca por maldade. No calor das partidas, acontece de se exceder, e ele tem refletido muito sobre essas situações. Tudo está servindo de aprendizado e em breve estará tudo bem, só com o pensamento de fazer o melhor pelo Corinthians e por sua esposa, filha e dar alegrias ao torcedor corintiano".