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Léo Jabá começa bem na Grécia e diz: "não estava feliz no Corinthians"

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Imagem: PAOK

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, de Lisboa (POR)

27/08/2018 04h00

Quando cruzava a zona mista do Estádio da Luz, em Lisboa, Léo Jabá era o retrato da felicidade após o empate por1 a 1 entre o seu novo clube, o PAOK, da Grécia, e o Benfica, na semana passada, pelo playoff da Liga dos Campeões. Ao ser perguntado sobre a mudança de Grozny, capital da Chechênia, para Salonica, ele não se conteve.

"P... (risos), nem se fala. Melhorou muito, muito", sorriu, em entrevista ao UOL Esporte.

"Saí do frio, vim para o calor, uma cidade grande, você tem a sua casa. Na Rússia, não tinha muito o que fazer, não podia nem usar bermuda, era uma região muçulmana. Um calor absurdo de 40 graus e você de calça. Agora está uma maravilha, minha família está comigo e a estrutura é muito boa", completou.

Ex-Corinthians, o atacante de 20 anos foi um dos destaques no confronto de ida com os portugueses. Agora, nesta quarta-feira, às 16h (de Brasília), irá atrás do sonho de chegar à fase de grupos da competição europeia. Nada que ele imaginasse conseguir tão rapidamente ao pedir à cúpula do alvinegro paulista, pouco mais de um ano atrás, que a proposta de R$ 7,5 milhões do Akhmat Grozny, da Rússia, fosse aceita.

Em junho, Léo Jabá se tornou o reforço mais caro da história do PAOK, que pagou 5 milhões de euros (R$ 23 milhões, na cotação atual). Ele não tem motivo para se arrepender de ter saído tão novo do Brasil, aos 18 anos.

"Não (diria que fiquei frustrado com a falta de chances), acho que, enquanto estive em campo, sempre fiz o meu melhor (pelo Corinthians), sempre procurei trabalhar, sempre chegava antes nos treinos para procurar melhorar em tudo. Sou uma pessoa que gosta de trabalhar muito e sou movido a jogar", disse o jovem jogador.

"Depois que fiz o gol (contra o Linense, em 30 de março de 2017), não joguei mais, então, achei muito estranho. Chegou a proposta e não era nem do Terek, né, era do Lokomotiv (Moscou), proposta muito boa e estava pronto para ir. Porque os valores eram bons, tudo era excelente e era um novo desafio. A minha mãe ficou meio assim, 18 anos, você sair do Brasil, largar tudo, mas eu não estava feliz porque minha felicidade é jogar futebol e eu não estava jogando. Só treinando, só treinando?", prosseguiu.

"Se eu quisesse, poderia continuar lá e recebendo em dia, mas não ia estar fazendo o que eu gosto. Eu acreditei no projeto e foi muito importante. Em um ano, fiquei no top 5 da Rússia, evoluí muito. Como falei, vivi de tudo um pouco, treinar durante a semana e chegar no dia do jogo e você estar na reserva. Então, as coisas fazem você amadurecer. Você é jovem e não está acostumado com isso", completou.

Os laços com o Corinthians ainda seguem fortes. Antes do pontapé inicial contra o Benfica, ele trocou ideia com o zagueiro alvinegro Léo Santos e mantém linha direta com o volante Gabriel e o meia Pedrinho.

O seu padrinho no futebol também não mudou: continua sendo o veterano Emerson Sheik, que o abraçou desde o primeiro dia no Parque São Jorge. Ele ainda o aconselha em suas decisões, como na troca de time nesta janela de transferências.

"Ele é meu padrinho no futebol. Um cara que me dá conselho, sempre, até hoje. Um cara que tenho um carinho muito grande", afirmou Jabá.

"Eu vim para o PAOK. Houve outras propostas também, mas a mais ambiciosa foi daqui, de querer estar na Champions League. Teve clubes que também estavam jogando a fase eliminatória e que poderia ter ido, mas confiei no projeto da equipe e está dando certo. Ainda falta um passo para completar", concluiu.

O sobrenome Lucescu pesou

Quando o PAOK fazia o seu treino de reconhecimento na Luz, uma presença chamava a atenção na arquibancada: sozinho e ao celular, o romeno Mircea Lucescu, atual técnico da Turquia, assistia a tudo. O responsável por construir uma república brasileira no Shakhtar Donetsk costuma viajar para ver o filho, Razvan Lucescu, que comanda os gregos, em ação.

Ao todo, Razvan escalou três brasileiros entre os seus titulares contra o Benfica: além de Léo Jabá, o lateral direito Léo Matos, ex-Flamengo, e o meia Maurício, ex- Fluminense e Corinthians, começaram a partida.

Para Jabá, o sobrenome Lucescu e a ligação natural com o futebol brasileiro foi um fator que pesou ao escolher o seu destino ao fim da temporada na Rússia.

"Ele não fala português, não. Mas é um cara que um dos motivos de eu vir (para o PAOK) foi por causa dele, por ele insistir, a gente sabe da grandeza do nome dele e do pai também. E o elenco é muito forte. Então, é um cara que está sempre sorrindo, deixa a gente sempre bem, mas cobra e dosa tudo isso", explicou o ex-corintiano.

"Não tenho dúvida (de que pode fazer aqui o mesmo do Shakhtar), ele tem um carinho pela gente (brasileiros). E comigo não é diferente, sou mais novo, acabei de chegar. Pode ver que tem bastante foto em treino, ele sempre beijando a minha cabeça, está me ajudando a evoluir e sempre conversando comigo", prosseguiu.

Entre os seus auxiliares, Razvan tem o italiano Cristiano Bacci, que trabalhou em Portugal no Olhanense e fala português com Jabá e os demais atletas.

Falta um passo para selar a vaga na fase de grupos da Liga dos Campeões e cumprir a sua meta inicial. O empate por 0 a 0 também classifica, mas o atacante não quer pensar nisso.

"A gente sabe que vai ser um caldeirão, o estádio é apertado, tem o calor da Grécia. A gente espera fazer um belíssimo jogo, entrar desde o primeiro tempo muito ligado e querer ganhar. Se for para empatar, vamos perder", finalizou.