Topo

Manchester City expande seu império no quintal do Barcelona

O Girona pertence em parte ao City Football Group - Javier Soriano/AFP
O Girona pertence em parte ao City Football Group Imagem: Javier Soriano/AFP

Rodrigo Orihuela

Da Bloomberg

24/08/2018 14h30

Entre as montanhas verdejantes do norte da Catalunha, um grupo de jovens jogadores de futebol, vestidos de azul dos pés à cabeça, treina em um campo de esportes de grama bem cortada, alugado em um clube de golfe próximo.

É uma região mais conhecida como campo de treinamento de ciclistas profissionais do que de possíveis estrelas do maior esporte do mundo. Mas os atletas que atuam no Girona FC fazem parte de uma empresa global que ganhou uma posição na primeira divisão da Espanha investindo em um clube que poucos fãs de futebol de fora do país tinham ouvido falar até o ano passado.

O Girona pertence em parte ao City Football Group, cujo império é financiado pelas riquezas de Abu Dabi e da China e se estende de Nova York a Melbourne por meio de seu clube principal, o Manchester City. O objetivo é transformar um azarão em um desenvolvedor de talentos capaz de arrebatar jogadores debaixo do nariz do poderoso Barcelona para enviá-los ao campeão inglês ou vendê-los no mercado de transferências europeu, de US$ 5 bilhões por ano.

"Talvez não seja mais preciso ir para o Barcelona", disse Ignacio Mas-Bagà, o CEO do clube, em seu escritório na recém-ampliada arena do Girona, com capacidade para 14.500 pessoas. "Estamos tentando fazer com que os players locais apostem no Girona porque é possível ver um caminho à frente."

Juvenis

No campo, os jogadores estão na segunda temporada consecutiva da La Liga, depois de terem sido promovidos pela primeira vez para a primeira divisão no ano passado e de terminarem em 10°. No caminho, derrotaram o Real Madrid no auge do confronto político entre a Catalunha e o governo central. O Girona vai tentar repetir a façanha contra o campeão da Europa neste fim de semana, após empatar no seu primeiro jogo da temporada, em 17 de agosto.

Ter sucesso fora do campo pode ser mais difícil. O Barcelona tem uma rede firmemente consolidada de times juvenis, que promoveu as carreiras de jogadores como os campeões do mundo Sergio Busquets, Gerard  Piqué e Cesc  Fàbregas. A proposta de venda única do Girona é persuadir jogadores jovens a fazerem parte de um projeto.

A chave é conseguir zagueiros, meias e atacantes que não teriam chance no Barcelona, disse Rodrigo Fernández  Lovelle, um empresário de jogadores cujos clientes foram ou saíram de clubes como Arsenal, na Inglaterra, e Shakhtar Donetsk, na Ucrânia. Um clube só pode ter um número limitado de jogadores de cada posição, por isso sempre vai haver alguns disponíveis, disse ele. Então, precisa existir o ambiente certo para atraí-los.

"Um jogador talentoso pode crescer com o Girona na liga espanhola, uma das melhores do mundo", disse Delfí Geli, presidente do clube e ex-jogador. "Se, por exemplo, um jogador jogar neste ano no Girona, no ano que vem ele pode jogar sem problema com o irmão mais velho".

Mesmo assim, o objetivo imediato do Girona, de 88 anos, é se consolidar como time da La Liga, de acordo com Geli. "Antes de mais nada, nós somos um clube de futebol", disse ele. "A bola precisa entrar na rede".