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Contra impeachment, Peres adia viagem ao Paraguai e convoca conselheiros

Peres convocou 240 membros da chapa, sendo que 72 foram eleitos ao Conselho - Peres, presidente, Santos
Peres convocou 240 membros da chapa, sendo que 72 foram eleitos ao Conselho Imagem: Peres, presidente, Santos

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

24/08/2018 04h00

O presidente José Carlos Peres não está preocupado somente com o risco de o Santos sofrer punição na Libertadores por conta do “caso Sánchez”. Segundo apurou o UOL Esporte, o dirigente convocou conselheiros para uma reunião no Salão de Mármore, da Vila Belmiro, na noite desta quinta-feira, para falar do atual cenário político do clube paulista. O encontro foi fechado, sem a presença da imprensa e torcedores.

Peres convocou, por intermédio do conselheiro João Moraes, conhecido como Joãozinho Malcriado, os 240 candidatos ao Conselho de sua chapa na última eleição, para pedir apoio contra o processo de impeachment. Porém, a movimentação parece não ter dado muito resultado. O UOL Esporte apurou que apenas 13 pessoas apareceram na reunião, sendo 7 deles conselheiros. Com o quórum baixo, o encontro que estava marcado para acontecer no Salão de Mármore do clube foi transferido para a sala da presidência, que tem um espaço muito inferior ao local planejada inicialmente.

No próximo dia 30 está marcada uma reunião no Conselho Deliberativo para votar o impedimento do presidente santista. Vale ressaltar que, entre os 240 membros da chapa de Peres, 72 foram eleitos pelo mandatário santista e, por isso, podem ajudá-lo diretamente nas urnas a se manter no cargo. Para que José Carlos Peres seja derrotado é preciso de dois terços dos votos dos conselheiros presentes a favor do impeachment.

Hoje, 301 conselheiros têm direito a voto, mas é preciso lembrar que os inadimplentes não votam. Outra ressalva é que, entre os 72 eleitos por Peres, nem todos mantém o apoio ao presidente. Alguns já “mudaram de lado” por insatisfação no início de gestão. Caso o impeachment seja aprovado no Conselho, deverá ser convocada Assembleia Geral dos Sócios do clube para aprovar a saída ou não por maioria de votos.

Internamente, dirigentes do clube questionam que Peres já deveria ter viajado para defender o Santos na Conmebol. Esta ala, inclusive, vai além. Para eles, o dirigente deveria ter viajado ao Rio de Janeiro na última quarta-feira para pedir o apoio da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e ter embarcado para o Paraguai no dia seguinte.

Em entrevista exclusiva ao UOL Esporte, Peres disse que “inventaram” a reunião que votará a tentativa de seu impeachment no próximo dia 30. O presidente santista, aliás, ganhou um liminar que paralisa o processo de impedimento. A decisão da Justiça de São Paulo diz que o dirigente deve ter acesso a toda acusação para que o dirigente possa produzir a sua defesa.

“Não há reunião no dia 30. Há interesse em criarem um fato que não existe, o Conselho Deliberativo, através do presidente Marcelo Teixeira, não marcou nada. O que ele comunicou é lá que existe uma liminar para a minha defesa. Fui em cinco ou seis oportunidades integrante do Conselho, então tenho o maior carinho e respeito, mas se algum dos conselheiros estivesse no meu lugar também estaria pedindo esse mesmo direito. Está tudo em paz, graças a Deus, e tenho a plena certeza que não cometi nenhum erro. Nesse país essa questão de clube de futebol tirar o cara por meios políticos nunca deu certo. No Flamengo teve vários casos de impeachment. Até mesmo com o [Eduardo] Bandeira, nessa gestão, e ele se defendeu. Ele não foi para plenário, não cometeu nenhum erro. O único erro que a gente comete na visão dessas pessoas é tentar arrumar o clube e estamos tentando fazer isso com humildade e trabalho. Estamos trabalhando muito”, disse.

Após reunião, Peres chega ao Paraguai nesta 6ª

Peres viaja ao lado do gerente jurídico Rodrigo Gama Monteiro nesta sexta-feira para a cidade de Luque, no Paraguai, onde fica a sede da Conmebol. Ele levará a defesa do Santos em audiência para se livrar de punição na Libertadores, envolvendo o uruguaio Carlos Sánchez.

A polêmica se dá por causa de uma expulsão de Sanchez em 26 de novembro de 2015, na Copa Sul-Americana, quando ele atuava pelo River Plate. O jogador deixou o clube argentino e foi para o futebol mexicano, não cumprindo a suspensão automática em competições da Conmebol. Há quem diga que o jogador tinha condições de jogo como consequência de uma anistia promovida pela Conmebol em seu centenário, em 2016, quando diminuiu pela metade a pena em vigor de jogadores em competições sul-americanas e o tempo para que elas fossem completamente extintas.

Caso se confirme a escalação irregular, o Santos corre risco de ser declarado perdedor (3 a 0) no duelo de ida contra o Independiente, da última terça-feira, pelas oitavas de final. O jogo terminou empatado por 0 a 0 e os dois times voltam a se enfrentar na próxima terça-feira, no Pacaembu. Os dirigentes irritados com o caso acreditam que o time, neste caso, entraria em campo com o psicológico abalado.