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Bilionário banca amistosos como mecenas e atrai gigantes europeus aos EUA

Kevin C. Cox/Getty Images
Imagem: Kevin C. Cox/Getty Images

Arthur Sandes

Do UOL, em São Paulo

31/07/2018 04h00

Barcelona, Real Madrid, Juventus, PSG, Bayern de Munique, Manchester City, Liverpool... Você já reparou que, nos últimos dias, todo gigante europeu está nos Estados Unidos ou passou por lá? Essa espécie de peregrinação passa pela International Champions Cup (ICC), torneio amistoso que é o "hobby" de um bilionário americano, que levou 17 jogos da pré-temporada de clubes do Velho Continente para o solo norte-americano. 

Trata-se de uma evolução no histórico do torneio, que foi criado com oito clubes em 2013, já incluindo nomes de peso como Chelsea, Juventus e Real Madrid. Na época, o torneio era disputado inteiramente nos EUA, algo que mudou a partir de 2015, quando a ICC dobrou de tamanho e expandiu para outros continentes. Nas últimas temporadas, por exemplo, houve partidas em Austrália, China e Singapura.

Neste ano, a ICC diversificou o negócio e substituiu a China por sete países europeus, que recebem um amistoso cada. O grosso da competição segue nos EUA, sede de 17 partidas, número recorde ao lado da edição de 2015 — a diferença é que desta vez os clubes têm muito mais peso. Daí a impressão de que todos os grandes europeus foram se preparar em solo norte-americano. Neste ano o país recebe jogos do porte de Liverpool x Manchester United; Bayern de Munique x Manchester City; Real Madrid x Manchester United; Barcelona x Roma; Real Madrid x Juventus... O primeiro destes super jogos, o clássico inglês, atraiu 101.254 torcedores ao Michigan Stadium no último sábado (28).

O responsável por tudo isso é Stephen M. Ross, um bilionário norte-americano com patrimônio líquido avaliado em US$ 10,3 bilhões (mais de R$ 38 bilhões), segundo o site Bloomberg. Entusiasta de esportes, ele atua na ICC como um mecenas, apostando que o público dos EUA estaria disposto a pagar muito “para ver os melhores times e jogadores”. Braço direito do bilionário, o porta-voz Charlie Stillitano não nega que tudo saiu do bolso do chefe.

Liverpool x Man United nos EUA - Mike Mulholland/Ann Arbor News via AP - Mike Mulholland/Ann Arbor News via AP
Clássico entre Liverpool e Manchester United recebeu 101 mil pessoas no sábado (28)
Imagem: Mike Mulholland/Ann Arbor News via AP
“Quando começamos, Ross queria um torneio global que tivesse todos os amistosos de pré-temporada dos maiores clubes, o que era um tanto ambicioso. Mas tínhamos certo otimismo porque ele tinha os recursos para colocar o dinheiro e tornar possível”, afirma Stillitano ao jornal inglês The Guardian. O próprio Stephen Ross estimou, em 2017, ter gasto mais de US$ 100 milhões no torneio, que até então não tinha dado retorno financeiro. “Cometemos diversos erros e perdemos um monte de dinheiro, mas acredito nisso a longo prazo”, disse em entrevista à revista Money.

Lucrativa ou não, a International Champions Cup foi um sucesso logo de cara: em 2013, as 12 partidas jogadas nos EUA atraíram 490 mil pessoas. De lá para cá, a venda de ingressos só aumentou e deve bater a marca de 1 milhão nesta edição — marca bastante realista após três anos seguidos próximo deste patamar.

A ICC se apresenta como “maior torneio de clubes no verão”, e o slogan talvez esteja bem colocado, mas o dono do dinheiro quer mais. Stephen M. Ross pensa em “um evento parecido com o Super Bowl (final do futebol americano)”, em termos de atenção e movimentação da economia das cidades-sede.

O homem por trás do torneio

O bilionário Stephen M. Ross tem patrimônio líquido avaliado em 10,36 bilhões de dólares (mais de R$ 38 bi), o que lhe rende a 139ª posição na lista das pessoas mais ricas do mundo, no site da Bloomberg. Ele fez sua própria fortuna sendo sócio-majoritário de uma incorporadora imobiliária (Related Companies), mas seus principais investimentos secundários têm a ver com esporte.

O bilionário é dono de uma rede de academias (Equinox) e já doou mais de US$ 350 milhões à Universidade de Michigan, por exemplo, para que a instituição reformasse, entre outras instalações, seu centro esportivo. Ross tem 95% das ações do Miami Dolphins e é o dono do estádio em que o time da NFL joga; foi cogitado para ser chefe da Fórmula 1 em 2015 e ajudou a fundar uma liga de corrida de drones nos EUA.