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"Podem ficar preocupados": Andrés ironiza rival e planeja repor desmanche

Daniel Vorley/AGIF
Imagem: Daniel Vorley/AGIF

Gabriel Carneiro

Do UOL, em São Paulo

26/07/2018 18h23

Pressionado em razão do desmanche sofrido pelo elenco do Corinthians em meio à disputa do Campeonato Brasileiro, o presidente Andrés Sanchez convocou entrevista coletiva para dar esclarecimentos aos torcedores na noite desta quinta-feira - há dois dias, a maior torcida organizada do clube emitiu um comunicado cobrando explicações sobre alguns pontos da gestão. Na sala de imprensa do CT Joaquim Grava, um dos questionamentos foi sobre o fato de o São Paulo ter mais sucesso em vendas de jogadores do que o Corinthians.

Foi apresentado o caso do lateral-direito Militão, que tinha contrato somente até janeiro de 2019 com o São Paulo e foi vendido por R$ 17 milhões ao Porto. A quantia é semelhante ao que o Corinthians faturou na venda de Rodriguinho ao Pyramids, do Egito. O meia, duas vezes campeão brasileiro pelo clube, tinha mais um ano e meio de contrato.

"O time que quer comprar (do São Paulo) quer pagar mais caro. O Rodriguinho tem cinco anos de Corinthians, emprestado e jogando. Tiramos o máximo da parte técnica dele. Não tem só a parte financeira, tem a parte técnica. Tem que ver parte financeira e técnica. O Militão ganhou que título? Tem que ver no Google", ironizou o presidente do Corinthians.

Sem contar com Rodriguinho, além de Balbuena, Sidcley e Maycon, negociados com o futebol europeu, o presidente planeja buscar reposições. Já foram contratados Danilo Avelar para a vaga de Sidcley e Douglas na de Maycon. Restam mais duas lacunas. "Do Balbuena estamos satisfeitos com os zagueiros que temos. Do Rodriguinho não estamos desesperados, mas estamos buscando jogadores jovens no mercado para crescerem aqui no Corinthians", disse Andrés, que prometeu a manutenção do nível técnico do Corinthians mesmo após o desmanche.

"Queria falar diretamente para o torcedor que está meio revoltado, cada um com suas razões. Do time bicampeão paulista perdemos quatro jogadores e vendemos dois, o Rodriguinho e o Maycon, que já vinha negociação desde o ano passado. No Corinthians vai ficar jogador que queira ficar no Corinthians. Está provado nos últimos anos que nós perdemos atletas e comissões técnicas e continuamos montando times competitivos. Esse ano não será diferente. Não só os corintianos, mas os rivais podem ficar preocupados porque vamos ser competitivos."

Veja outras declarações de Andrés em coletiva:

Desmanche no grupo

"Perdemos a comissão técnica e estamos remontando tudo novamente. O Corinthians tem suas dificuldades, mas o time de futebol é a prioridade. Será assim sempre. Vamos continuar com time competitivo. O Corinthians será forte e cada dia mais forte. Não vamos fazer loucura no futebol, não admito pagar R$ 600 mil para treinador, R$ 600 mil para jogador. Se sair mais algum jogador, não queremos vender ninguém, não estamos precisando, mas se o jogador quiser ir, não vamos ter um jogador descontente. Vocês sabem que um jogador descontente acaba com o grupo. Vocês sabem o que acontece, aquela lesão no tornozelo que o exame não dá nada, mas não dá para jogar. Quem quiser ir embora vai amanhã na minha porta e fala. Aqui só vamos ter jogadores que queiram ficar. Eu entendo assim. O Balbuena todo mundo já sabe, ele colocou a multa baixa e aceitamos para não perder nada. Com o dólar a 4 reais, é mais difícil de segurar ainda."

Negócios pouco lucrativos

"A multa do Rodriguinho era 10 ou 12 milhões de euros. Mas só tinha um time que fez oferta. A primeira era de 2,5, a segunda de 3,5, e agora veio de 6 milhões. O Corinthians brigou e ficou com 4 milhões sendo dono de 50%. Quando só tem um time para comprar, acerta primeiro com o jogador e depois vai acertar com você. O Corinthians não está vendendo jogador para fazer caixa, não precisa vender. O Corinthians tem dificuldades, mas não está nada desesperador. Tanto que compramos o Douglas do Fluminense. Vamos procurar errar o mínimo possível. Não vou pagar 10 milhões para um jogador."

Falta de capacidade financeira

"O bom é que você tem que errar menos e arrisca menos. Se eu tivesse dinheiro sobrando ia encher de jogador aqui que todo mundo falaria que ia ser boa contratação. Mas a boa contratação é de jogador que joga. Você vai investir menos e com uma preocupação maior de errar menos possível."

Naming rights

"Não aconteceu ainda primeiro por incompetência nossa. Segundo que quando fizemos a Arena era um país e depois virou outro. É incompetência, mas estamos trabalhando arduamente. É questão de tempo. É cultura brasileira, é um monte de razões."

Osmar Loss

"Não foi aposta. Só antecipamos fase, porque sabíamos que o Carille ia ter proposta, assim como o Loss vai ter daqui um ano. Em 2013 montamos um belo time, saiu jogador, saiu o Tite e trabalhamos. Não é do dia para a noite. Em 2015 fomos campeões brasileiro e 2016 saiu todo mundo. Em 2017 fomos campeões brasileiros. E pode ter certeza que vamos ganhar alguma coisa aí para frente. É questão de tempo para o Corinthians ser fortíssimo novamente."

Trabalho no Corinthians

"Sofrendo bastante, trabalhando muito, mas muito feliz e agraciado por ser presidente do Corinthians, de uma nação. Estou fazendo meu melhor, ninguém é mais corintiano que eu e ninguém é menos. Se estamos sem patrocínio hoje é porque estamos trabalhando para tudo melhorar. Estou feliz, estou onde eu gosto, onde eu tenho uma paixão e onde eu estava na Câmara eu não tenho essa paixão, acaba meu mandato no fim do ano e não vou ser candidato, falo isso pela última vez. Quando o time ganha é uma coisa, quando perde é outra. Mas volto a repetir. Independentemente de sair mais jogadores, vamos ter um time competitivo, vamos continuar com um time fortíssimo."

Comissões altas

"Eu respondo como conselheiro do Corinthians até ano passado: O Corinthians declara todas as contratações. Agora tem time que acha que não precisa. Não avisa a CBF e no balanço tem mais que R$ 20 milhões. Estamos declarando tudo."

Revolta da torcida

"Eu nunca fui tão xingado nas redes sociais. Eu estou presidente, não sou presidente, mas antes de tudo sou torcedor e quero ganhar tudo, desde o sub-10, mas tem mais 19 times querendo ganhar. Temos que ter paciência. Eu entendo a tristeza, eu também não queria perder jogador, queria que o Renato Augusto estivesse aí até hoje."