Atlético quer pressa em ação, Fred alega coação e Cruzeiro vê multa abusiva
O Atlético-MG pediu à Câmara Nacional de Resolução de Disputas (CNRD) da CBF para acelerar a decisão referente à multa de Fred pelo acerto com o Cruzeiro. A briga entre o centroavante e seu ex-clube se transformou em dois processos e conta com a participação da Raposa. Em sua defesa, o atleta alega que foi coagido a assinar a rescisão.
Representado por Flávio Zveiter, ex-presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), o Galo quer que a disputa com o camisa 9 seja resolvida rapidamente. O clube acionou o órgão há mais de quatro meses, em 26 de janeiro de 2018, com o intuito de receber a multa de R$ 10 milhões, imposta no distrato.
O parecer da CNRD, contudo, segue indefinido. Na manhã desta terça-feira (29), Fernando Torres, assessor de comunicação da CBF, informou à reportagem que o advogado Vitor Butruce, presidente da Câmara Nacional de Resolução de Disputas, não poderia se pronunciar sobre o caso. "Por força do Regulamento da CNRD, não podemos dar informações sobre processos em curso, pois são confidenciais", disse por meio de mensagem eletrônica.
O UOL Esporte conversou com fontes ligadas ao caso e apurou detalhes das defesas de Atlético-MG, Cruzeiro e Fred, trio envolvido no caso.
Fred alega coação em rescisão
O centroavante, por meio de seus advogados, utiliza mais de um argumento para tentar desqualificar a multa imposta pelo Atlético em sua rescisão. O UOL informou, em 18 de abril, que o jogador argumentava que o Galo tentou travar a sua ida ao arquirrival para evitar o pagamento da multa.
A reportagem avançou no que diz respeito à defesa do jogador. Os advogados de Fred dizem que ele foi obrigado a assinar o distrato com a cláusula que impedia acordo com o Cruzeiro até dezembro de 2018 sob pretexto de pagar multa de R$ 10 milhões.
O atacante diz que não teve outra alternativa a não ser assinar a rescisão com o Atlético, assumindo o pagamento da multa ao time no dia seguinte à publicação de seu contrato no Boletim Informativo Diário (BID) da CBF.
Para rebater a alegação do camisa 9, o Atlético diz que ele acertou a quebra do compromisso acompanhado de um advogado. Fernando Moura, contratado pelo atleta e pelo empresário Francis Melo, esteve na reunião com o clube, em dezembro do ano passado.
Cruzeiro aciona rival na CNRD
O Cruzeiro tentou entrar no caso entre Atlético e Fred como parte interessada. A princípio, o Galo se opôs à tentativa pelo fato de Marcos Motta, advogado do rival, ter ligação com a CBF. Porém, mudou de opinião após contratar Flávio Zveiter para cuidar da situação.
Como encontrou dificuldades para entrar no caso, a Raposa criou uma alternativa e acionou o principal oponente na CNRD com o intuito de contestar o valor da multa, a qual considera abusiva. O caso é tratado pela dupla Marcos Motta e Bichara Neto.
O clube celeste alega que o valor imposto pelo Atlético - R$ 10 milhões - é muito elevado para um jogador se responsabilizar pelo pagamento e o considera abusivo.
Sobre este assunto, o Galo apresenta duas justificativas. A primeira é referente ao salário de Fred. Ele recebia cerca de R$ 1 milhão no ex-clube e manteve o salário na Toca da Raposa II. O time alvinegro crê que, por isso, ele tem condição de arcar com o montante. O outro argumento utilizado pelo Atlético faz menção à antiga multa rescisória de Fred. A cláusula para saída exigia o pagamento de R$ 100 milhões, enquanto o pedido atual é 10% do inicial - R$ 10 milhões.
O pedido do Cruzeiro para entrar no processo se deu porque a Raposa prometeu ao estafe de Fred, logo que acertou a sua contratação, que pagaria o valor em caso de parecer negativo da CNRD ao camisa 9. O fato foi registrado em contrato e os mineiros penhoraram até os direitos de TV pagos pela Rede Globo de Televisão.
Atlético-MG chegou a pagar parcela de dívida com Fred
Ao assinar a rescisão com Fred, o Atlético-MG se dispôs a pagar uma dívida trabalhista de R$ 1,960 milhão com o atleta. O valor seria dividido em dez vezes e a primeira parcela deveria ser quitada em janeiro.
Como havia escutado do estafe de Fred que a multa seria paga, o Atlético-MG chegou a depositar R$ 196 mil na conta do atacante de 34 anos.
Diante do impasse, o Galo se recusou a pagar as novas parcelas - no mesmo valor da primeira. O débito foi objeto de discussão na CNRD, mas o órgão crê que ainda há obrigação de pagamento por parte do time atleticano.
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