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Com diretoria distante, elenco do Fla vê falta de proteção e cogita saídas

Meia Diego é pressionado por torcedores do Flamengo durante embarque para Fortaleza - Reprodução/Esporte Interativo
Meia Diego é pressionado por torcedores do Flamengo durante embarque para Fortaleza Imagem: Reprodução/Esporte Interativo

Pedro Ivo Almeida e Vinicius Castro

Do UOL, no Rio de Janeiro

29/04/2018 04h00

O episódio violento da noite da última sexta-feira (27) ainda repercute no vestiário do Flamengo. Os jogadores rubro-negros ficaram, obviamente, inconformados com os ataques de torcedores de uma organizada no embarque do grupo para Fortaleza – para o duelo contra o Ceará, neste domingo (29) às 16h, pelo Campeonato Brasileiro. O incômodo, no entanto, não se dá apenas com os vândalos. A diretoria do clube também vem causando insatisfação no elenco.

Na visão de alguns atletas, a cúpula se mostrou ausente e deixou o grupo vulnerável em situação delicada. Nas conversas após o ocorrido, os principais líderes do elenco questionavam se a questão não poderia ter sido evitada com um efetivo maior para proteção. Na confusão, apenas poucos seguranças e alguns membros da comissão técnica tentavam proteger o elenco.

Os jogadores ainda se incomodaram com o fato de os principais líderes do clube não estarem com o grupo em um embarque que já se desenhava delicado. Por outro lado, é comum que o presidente do Flamengo, Eduardo Bandeira de Mello, o vice de futebol rubro-negro, Ricardo Lomba, e o diretor Fred Luz viajem para a cidade do jogo apenas na data da partida – quando no Brasil. No embarque, apenas o executivo de futebol Carlos Noval acompanhava a delegação.

O cenário de pressão elevada mesmo diante de resultados considerados positivos – time vem de vitória no Brasileiro e está na zona de classificação do seu grupo na Libertadores – desgasta o grupo cada vez mais. Nas rodas de conversa após o marcante episódio de sexta, a possibilidade de deixar o clube em função do cenário tumultuado já é cogitada por alguns nomes.

O goleiro Diego Alves é o caso mais preocupante no elenco. Durante os episódios de violência no embarque, ele foi acusado pelos torcedores organizados de ter atirado um copo de café em uma tentativa de defesa ao ver companheiros e funcionários acuados. O ato o fez "comprar uma briga" com integrantes mais radicais da torcida e existe a promessa de desdobramentos entre as partes.

Internamente, acredita-se que o clima possa ficar insustentável no sentido de que o jogador tenha pela frente um ambiente complicado para desempenhar o seu trabalho. No clube, todos manifestaram apoio ao arqueiro.

As principais lideranças, inclusive, vão pedir uma reunião com o presidente Bandeira de Mello para tratar dos últimos episódios. O grupo ainda entende que o Flamengo precisa se posicionar de maneira mais contundente na defesa dos jogadores. O clube divulgou apenas uma nota repudiando o caso de sexta-feira. Além da nota, a única manifestação pública de alguém da diretoria foi uma entrevista de Ricardo Lomba, na qual lamentou o protesto no aeroporto

O assunto, aliás, não chega a ser novidade no vestiário rubro-negro. Recém-contratado pelo São Paulo, o atacante Éverton nunca escondeu que, além da questão financeira, a pressão exagerada e os episódios violentos ajudaram a desgastar a relação encerrada no início de abril com o Flamengo.

Em dezembro, após o encerramento da temporada com as perdas de Copa do Brasil e Copa Sul-Americana, em outro cenário de pressão, ele chegou a comentar com o estafe do futebol que pensava em deixar o Ninho do Urubu.

Neste domingo, o time entra em campo para encarar o Ceará, em Fortaleza, em busca de uma vitória que possa restabelecer a paz e evitar nova onda de insatisfação e possíveis saídas.