Iniesta chora e anuncia saída do Barcelona após 16 temporadas
Andrés Iniesta encerrará em junho sua longa e vitoriosa passagem pelo Barcelona. Muito emocionado, o meio-campista de 33 anos de idade comunicou nesta sexta-feira (27) que deixará o clube no fim da temporada europeia. O destino provável do atleta é a China.
“Foi uma decisão muito pensada, muito avaliada por mim mesmo. Entendo que depois de 22 anos aqui, sei o que significa jogar nesse clube, ser capitão. Mas sendo honesto comigo e com o clube, entendo que minha etapa acaba esse ano, por sempre entender que esse clube merece o melhor de mim. Entendo que no futuro não poderia dar o melhor de mim em todos os sentidos", declarou Iniesta, muito emocionado.
"É um dia muito difícil para mim. É uma decisão muito complicada. Entendo pela lei de vida, cada vez é mais complicado, cada vez é mais difícil. Não me conseguiria ver em uma má situação no clube. O time não merece. Essa é minha decisão. Queria torna-la pública”, acrescentou o atleta na coletiva de imprensa.
Iniesta foi aplaudido por todos presentes na coletiva de imprensa. Toda a comissão técnica e o grande parte do elenco do Barcelona (Messi, Suárez e Dembelé foram as ausências) estavam presentes, assim como a família do atleta. Outros representantes da agremiação azul-grená, como o diretor de relações institucionais Guillermo Amor, o diretor executivo Óscar Grau, o diretor de esportes profissionais Albert Soler, o diretor esportivo Robert Fernández e o gerente de esportes Pep Segura também prestigiaram o meia.
Revelado pelo Barcelona, Iniesta possuía contrato vitalício com o clube catalão. O acordo previa que o jogador poderia pedir a rescisão de forma unilateral desde que comunicasse antes do dia 30 de abril.
Ele começou sua vida no Barcelona quando tinha apenas 12 anos. Após se destacar em um torneio por um time da cidade de Albacete, o então garoto despertou a atenção do Barça. Daí em diante, Iniesta atuou na base do clube catalão, subiu para o Barça B e, na temporada 2002/2003, ganhou sua primeira oportunidade no time de cima, então dirigido por Louis Van Gaal.
"Foi emocionante. Mas foi terrível (risos). Eu estava sozinho aqui e com 12 anos. Não é fácil estar longe da família. Mas valeu a pena tanto sacrifício. Quando alguém quer alguma coisa tem que fazer esse tipo de sacrifício", contou o meia.
Ao todo foram oito títulos espanhóis, sendo que o nono é questão de dias, em razão da folgada vantagem na classificação. Também foram seis troféus da Copa do Rei, quatro Ligas dos Campeões, entre outras conquistas (são 34 na carreira, um dos maiores vitoriosos da história do futebol).
Agora, depois de 16 temporadas, Iniesta está de saída e depois da Copa do Mundo, possivelmente, cumprirá a parte final de sua carreira no futebol chinês, embolsando milhões de dólares e "descansando" do rigor competitivo da Europa.
“Eu vou viver os últimos jogos aqui tentando aproveitar. Vai ser muito emocionante. Mas farei ao máximo para conseguir o último título espanhol. Tenho que estar tranquilo”, falou Iniesta.
“Gostaria de ser lembrado aqui como um grande jogador de futebol e como uma grande pessoal. O futebol passa e o que fica são as pessoas. Cada um terá sua opinião sobre mim, mas esse é o meu desejo. Ser um grande jogador. Um grande esportista que representou essa equipe da melhor maneira possível”, continuou.
Maior que Casillas, Xavi e companhia?
Ainda resta o troféu de "La Liga" para ser erguido e também a disputa da Copa na Rússia. Mas Iniesta vai saindo de cena no futebol espanhol como a maior figura da vitoriosa geração espanhola, campeã mundial de 2010 e bicampeã da Europa.
Foi de Iniesta o gol mais importante da história da seleção espanhola, em 2010 em Johanesburgo, quando o meia definiu a final contra a Holanda numa dramática prorrogação. Mas talvez a principal contribuição do meio-campo ao futebol de seu país tenha sido jamais interferir na tensão político-esportiva entre Barcelona e Real Madrid – e também entre a separatista Catalunha e a capital nacional.
Nascido em Albacete, na comunidade autônoma de Castilla-La Mancha, Iniesta foi uma figura contrastante na conhecida "guerra velada" dentro da seleção entre "barcelonistas" e "madridistas", um embate que tem como símbolos os zagueiros Gerard Piqué e Sergio Ramos. O meia também sempre procurou não se meter na tensão política da independência da Catalunha, que frequentemente pauta o comportamento de estrelas do Barça, incluindo o técnico Pep Guardiola, hoje no Manchester City.
Por outro lado, Iniesta perseguiu em campo a discrição de sua personalidade, a despeito do talento vistoso com a bola nos pés. Ele é a própria figura do craque humilde, um herói que quando marcou o gol do título na Copa de 2010 levantou a camisa para homenagear Dani Jarque, do Espanyol, jogador compatriota morto meses antes em razão de problemas cardíacos.
É também o personagem que já declarou que um atleta é menos importante para a sociedade do que "médicos ou aqueles que lutam para dar comida a seus filhos". Neste mesmo raciocino, Iniesta viria a sentenciar: "Sou apenas um jogador". No fim de sua carreira, torcedores de Barcelona, espanhóis e fãs do esporte em geral possivelmente preferem discordar.
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