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Maicon atua como tutor de jovens e encarna "capitão invisível" no Grêmio

Lucas Uebel/Gremio FBPA
Imagem: Lucas Uebel/Gremio FBPA

Jeremias Wernek

Do UOL, em Porto Alegre

20/04/2018 07h31

Durante anos, o Grêmio convivia com um capitão idealizado por boa parte da torcida. O líder truculento e capaz de distribuir publicamente mensagens de que realmente é o principal nome do grupo. Maicon, dono da braçadeira desde 2015, caminha no sentido oposto. O volante é reconhecido como voz ativa do elenco e ganha notoriedade com atitudes longe dos holofotes.

O 'capitão invisível' assumiu a condição de tutor de jovens, se recolheu durante lesão em 2017 e recentemente fechou acordo para dividir a honraria de erguer taças conquistadas.

Em 2017, Maicon levou Arthur ao CDD (Centro Digital de Dados) para ter uma conversa com os analistas de desempenho do Grêmio. No papo, o capitão queria passar a mensagem de que o jovem precisa mudar o passe médio nos jogos. Deixando de lado toques laterais e buscando um jogo mais vertical. A joia, já negociada com o Barcelona, evoluiu mais a partir dali.

Também no ano passado, Maicon falou com Pedro Rocha. O meia-atacante já havia sido herói na final da Copa do Brasil de 2016, só que sofria com a oscilação de desempenho. No papo, o volante falou para o camisa 32 ter maior concentração. Meses depois, o Grêmio vendeu o jogador ao Spartak Moscou-RUS na maior transferência de sua história.

Nesta temporada, o mentor colou em Everton. Cobiçado desde os tempos de time sub-20, o meia-atacante tem sido peça fundamental no jogo ofensivo do Grêmio. Ouviu do capitão o conselho para investir na velocidade e ter confiança. A rapidez e o drible são os pontos fortes do cearense, que já despertou interesse de russos, franceses e italianos.

"Eu conversava com o Pedro todos os dias. 'Pedro, quando eu pegar a bola espera um segundo que eu vou te achar'. O Renato fala 'quando o Maicon pegar a bola, não sai correndo feito maluco. O Maicon vai achar vocês'. O Pedro é um grande jogador. Ele criava espaços para a gente acha-lo. O Everton melhorou muito, mas eu falava 'meu filho, com a tua velocidade e força para tu estar rico já'. Eu falei para os caras lá no clube 'não vende o Everton no meio do ano, hein?'", brincou Maicon em entrevista à Rádio Atlântida.

Durante o ano passado, Maicon sofreu com lesões em série e chegou a fazer cirurgia no tornozelo. Neste período, o volante preferiu entrar em reclusão. Abriu mão de entrevistas e seguiu convivendo com os colegas sem ir para os holofotes - no entendimento de que não deveria falar sem estar jogando. Para o grupo, a atitude não passou batida.

Em 2018, Maicon voltou ao time titular. No primeiro Gre-Nal, ele protagonizou um bate-boca com D'Alessandro antes mesmo da bola rolar e ganhou ainda mais pontos com a torcida. No domingo, o volante deve voltar a jogar depois de ser preservado contra o Cerro Porteño. Ele será a voz ativa do time contra o Atlético-PR, na segunda rodada do Brasileirão.