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Por que paternidade de Cristiano Ronaldo provoca controvérsia em Portugal

Instagram/Reprodução
Imagem: Instagram/Reprodução

Marcus Alves

Colaboração para o UOL, em Lisboa (POR)

15/01/2018 09h58

Ao ligar a televisão logo pela manhã, salta os olhos a manchete estampada no noticiário matutino de uma das principais emissoras portuguesas: “bebês à Cristiano Ronaldo”.

Não é a primeira vez – e provavelmente tampouco será a última. A paternidade do craque de 32 anos é um assunto que provoca controvérsia em Portugal. No fim do ano passado, ele publicou foto ao lado de sua família que viralizou rapidamente nas redes sociais. Faziam parte dela a sua namorada, a espanhola Georgina Rodríguez, e seus quatro filhos, três deles concebidos a partir da chamada ‘barriga de aluguel’, o que provoca discussão entre seus compatriotas.

Entre outros motivos, porque se tomasse a decisão de recorrer ao método em seu país isso não seria possível.

Somente em 2017, por exemplo, foi aprovada entre os parlamentares locais a legislação autorizando a gestação de substituição, como é formalmente conhecido o procedimento. Ainda assim, a estrela do Real Madrid esbarraria na série de pré-requisitos que a acompanham.

A polêmica está presente no centro do Clã Aveiro, como é chamada a família de Ronaldo.

Em evento, Elma Aveiro, irmã de Cristiano, deixou clara a preocupação que o mais velho dos herdeiros, Cristiano Ronaldo Júnior, 7 anos, suscita com as perguntas sobre o paradeiro de sua mãe. “O Cristianinho às vezes pergunta pela mãe, sim, já perguntou. Uma vez lhe dissemos que ela estava no céu, mas o meu irmão e a minha mãe não gostaram e nos pediram que não repetíssemos isso”, contou na ocasião. “Agora quando ele pergunta, dizemos que a mãe foi passear e viajar”, completou.

Cristiano Ronaldo e o filho Cristianinho - Hassan Ammar/AP - Hassan Ammar/AP
Para a família do atacante, a mãe de Cristianinho é a sua avó, Dolores
Imagem: Hassan Ammar/AP

Em documento produzido pela emissora "RTP", o cinco vezes melhor do mundo confia que o filho mais velho não terá problemas com a situação.

“Há filhos que nunca conheceram os pais. Já é muito bom ter um pai. Tenho a certeza que ele vai compreender”, disse. Ao longo de sua criação, o próprio atleta teve de lidar com a ausência de sua figura paterna, Dinis Aveiro, que sofria de alcoolismo. “Nunca quis saber por que ele se tornou alcoólico”, afirmou. Dinis faleceu em 2005 e a notícia foi comunicada a Ronaldo pelo treinador Felipão quando servia a seleção portuguesa.

Para a família do atacante, a mãe de Cristianinho é a sua avó, Dolores Aveiro, figura preponderante na vida de todos.

Em sua biografia autorizada, “Mãe Coragem”, Dolores conta como CR7 revelou que seria pai pela primeira vez. “Vou ter um filho e gostaria que fosse você a ajudar-me a educá-lo e a dar-lhe amor, como fez comigo e com meus irmãos. A mãe do bebê nunca será conhecida...”, narrou. “Uma mulher nos Estados Unidos amparava no seu corpo o primeiro filho de Ronaldo”, prosseguiu, em outro trecho da obra.

Até 2016, Cristianinho era o único herdeiro de Cristiano Ronaldo. No último ano, ele ganhou mais três irmãos, os gêmeos Eva e Mateo, que nasceram em junho também através de barriga de aluguel, e Alana Martina, que veio ao mundo em novembro em gravidez natural de Georgina Rodríguez e cujo nome foi anunciado por meio de transmissão ao vivo no Instagram.

A preferência do craque português por gerar três de seus quatro filhos nos Estados Unidos e criá-los sem a presença das mães biológicas provoca reações indignadas de parte dos compatriotas.

“É um excelente atleta, tem mérito imenso, mas é um estupor moral, não pode ser exemplo para ninguém”, disparou o cirurgião Antônio Gentil Martins, um dos mais conceituados em Portugal, em entrevista ao jornal "Expresso". “Toda a criança tem direito a ter mãe”, finalizou.

Cristiano Ronaldo dá de ombros para a polêmica e, após faturar a Bola de Ouro pela quinta vez, no fim do ano passado, previu mais filhos a caminho. Não especificou apenas o método.