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Milhares vão às ruas em Chapecó e lotam igreja para homenagear vítimas

Danilo Lavieri

Do UOL, em Chapecó (SC)

29/11/2017 02h31

Cerca de 2 mil pessoas saíram às ruas de Chapecó na madrugada desta quarta-feira (29) e lotaram a Catedral Santo Antônio no centro da cidade para homenagear as 71 vítimas da maior tragédia da história com uma delegação esportiva.

Mesmo depois de um ano da queda do avião, é possível ver que a cidade ainda sente bastante as dores da inesquecível noite de 29 de novembro de 2016. Na concentração na Arena Condá, antes de se dirigir à igreja, as arquibancadas foram tomadas pelo verde e branco do uniforme da Chapecoense.

As cores se misturavam também com os vários uniformes do Atlético Nacional, equipe colombiana que seria o rival na final da Sul-Americana de 2016 e que ganhou o status de irmã após toda a solidariedade prestada.

O assunto em qualquer parte do estádio era o mesmo: entre lágrimas e abraços, lembrar em qual situação cada torcedor soube da notícia que nunca mais seria esquecida. A Arena Condá ficou aberta o dia inteiro e recebeu pequenas homenagens, como velas, fotos, cartazes, bandeiras e até cartas depositadas em uma cápsula do tempo.

Depois, por volta da 0h30, todos saíram em um silêncio ensurdecedor para uma caminhada de aproximadamente 700 metros até a Catedral Santo Antônio. Os únicos barulhos eram dos cachorros, assustados com a movimentação na madrugada, e dos flashes dos fotógrafos, tentando registrar o ato simbólico.

Ao chegar, todos os lugares foram ocupados rapidamente e filas se formaram na entrada do local para acompanhar de perto o ato. Do lado de fora, torcedores da organizada da Chapecoense balançavam de forma ininterrupta os bandeirões do time, alguns deles lembrando os mortos, como Bruno Rangel “Matador”.

À 1h15, os sinos tocaram por minutos e ecoavam no silêncio de uma cidade que vivia mais um dia de luto. Orações e lágrimas foram vistas até o fim da cerimônia, já perto da 1h30. Nesta quarta-feira, às 18h30, mais uma missa será celebrada.

Na Arena e na igreja, as vítimas foram homenageadas também com os gritos de guerra, como o famoso “Vamo, Vamo Chapê”. A cerimônia ainda teve a presença de Rafael Henzel, jornalista que sobreviveu ao acidente, de familiares de alguns dos mortos, de dirigentes da Chapecoense e de autoridades locais, como o prefeito Luciano Buligon.