Topo

Conselho exige investigação em gestão de Gilvan e Vicintin no Cruzeiro

Conselheiros exigem transparência sobre gestão de Gilvan de Pinho Tavares no Cruzeiro - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Conselheiros exigem transparência sobre gestão de Gilvan de Pinho Tavares no Cruzeiro Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Enrico Bruno e Thiago Fernandes

Do UOL, em Belo Horizonte

22/11/2017 19h16

Um grupo de conselheiros do Cruzeiro solicitou, através de uma carta, a formação de uma comissão especial para investigar a gestão do atual presidente Gilvan de Pinho Tavares. A alta dívida da agremiação (como os R$50 milhões somente em ações na Fifa) é um dos principais pontos de insatisfação dos conselheiros, que questionam também vários outros assuntos e a falta de transparência durante os seis anos de administração de Gilvan.

Advogado e conselheiro nato do Cruzeiro, Guilherme Oliveira Cruz é foi o responsável por entregar a carta a João Carlos Gontijo, hoje presidente do conselho deliberativo. Além do aumento significativo da dívida do Cruzeiro nos últimos anos, os conselheiros questionam também a contratação de Gonzalo Latorre (3,7 milhões de dólares ou R$12 milhões), que sequer jogou pelo clube, o contrato feito com o Huracán-ARG na compra de Ramón Ábila, o pagamento dos salários do português Paulo Bento (que continua recebendo os vencimentos mensais mesmo após deixar a equipe) e os atrasos dos salários dos jogadores.

Abaixo, leia alguns trechos da carta enviada pelos conselheiros:

"...sinto-me compelido a REQUERER a instauração imediata e urgente de Comissão Especial do Conselho Deliberativo, na forma do art. 20, XIII do Estatuto Social para verificação da atual condição financeira da entidade, bem como a verificação das atividades negociais, fiscais, contábeis, previdenciárias e negociais realizadas na gestão desta atual Diretoria, impondo a necessária transparência administrativa e financeira, relegada nos últimos anos."

"Importante asseverar que a mídia vem atribuindo á atual Diretoria, na pessoa do seu Presidente, Gilvan de Pinho Tavares, e do ex Vice-Presidente de Futebol, Bruno Vicintin, tomada de decisões que levaram a dívida do Clube à ordem de grandeza inimaginável, entre dívidas fiscais, tributárias, FIFA, fornecedores, atletas, investidores e contendas judiciais."

"Dentre outros, noticiou-se na imprensa nacional a existência de dívida em ações na FIFA na ordem de R$50.000.000,00 (cinquenta milhões de reais), atrasos de salários confessados pelo próprio Presidente1, atrasos no recolhimento de impostos, além de outras dívidas."

"oma-se ainda, a título de mero exemplo, a dívida da contratação do atleta Gonzalo Latorre pelo altíssimo valor de US$3.700.000,00 (três milhões e setecentos mil dólares) - aproximadamente R$12.000.000,00 (doze milhões de reais) atleta este que nunca atuou numa única partida oficial pelo Cruzeiro EC."

"Consta também dúvidas a regularidade das contratações absurdas de atletas como Pisano, Caicedo, Gino, Edmilson e Sanchez Miño (e vários outros), que praticamente não atuaram pelo clube."

"A quantidade e número de equívocos e erros reiterados, caros e redundantes praticados pelo atual Presidente e pelo ex Vice Presidente do Clube, Bruno Vicintin, e seus assessores, merece estar sob devida e merecida investigação, vez que trouxeram imensos prejuízos ao clube, sem qualquer motivo que o justificassem."

"Contratos realizados com atletas e clubes, como a compra do atacante Ábila, rende chacotas e desprestígio completo ao Cruzeiro, que sempre foi conhecido pela sua seriedade administrativa."

"A dívida bancária cruzeirense subiu de R$ 17 milhões para R$ 60 milhões."

"As dívidas com clubes e credores diversos somam R$ 94 milhões."

"O nosso Cruzeiro EC, antes conhecido pela regularidade financeira, compromissado com as obrigações e “bom pagador”, hoje amarga a fama de “caloteiro” e “mal pagador"

"Entre os 12 times mais tradicionais do país, nenhum viu sua dívida aumentar tanto em relação a 2011, o último ano antes de Gilvan assumir, até 2016. O valor passou de R$ 120,3 milhões para R$ 363,1 milhões, ou estratosféricos 202%."

"O Cruzeiro foi bicampeão porque inchou seus gastos no primeiro mandato de Gilvan. A folha salarial passou de R$ 71 milhões em 2012 para R$ 178 milhões em 2015. As aquisições de atletas, evidentemente, cresceram junto. O problema é que o clube não comporta tais despesas."

"É inadmissível aceitar que um clube com receita finita, cuja previsão se estima em apenas R$220.000.000,00 (duzentos e vinte milhões de reais) para o ano de 2018 (não há orçamento, o que já se configura em total absurdo!!), já possuir apenas em folha salarial o comprometimento de quase R$200.000.000,00 (duzentos milhões), restando pouco ou quase nada para operação, custeio, investimentos, aquisição de novos atletas, adequações e melhorias."