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Conhecido no meio, espião foi pedido de Renato e admitia relação com Grêmio

Com anuência do Grêmio, Renato Gaúcho recebia informações de espião que pediu - Rodrigo BUENDIA / AFP
Com anuência do Grêmio, Renato Gaúcho recebia informações de espião que pediu Imagem: Rodrigo BUENDIA / AFP

Jeremias Wernek e Pedro Ivo Almeida

Do UOL, em Porto Alegre e no Rio de Janeiro

21/11/2017 16h18

Renato Gaúcho fala em “palhaçada” - entrevista ao jornal O Globo nesta terça (21) - e a diretoria do Grêmio se esquiva de assumir a responsabilidade na polêmica sobre utilização de um drone para monitorar rivais, revelada pela ESPN Brasil. Mas a verdade é que o trabalho do “espião” foi pedido pelo treinador e tinha a anuência da cúpula do tricolor gaúcho.

De acordo com a apuração do UOL Esporte, Renato Gaúcho solicitou este tipo de serviço no início da temporada. Foi então que o auxiliar Alexandre Mendes fez a ponte com André Banchi, famoso no meio do futebol por espionar equipes e vender relatórios com informações para clubes interessados.

Antes da revelação no início desta semana, André não tinha problemas em assumir sua relação com clube. “Eu não sou funcionário do Grêmio, mas faço um trabalho específico para a comissão técnica de lá”, dizia, ao ser questionado sobre os serviços que começou a prestar ao Tricolor em fevereiro de 2017.

Fotos em redes sociais e imagens em aplicativos ratificavam sua ligação com o clube agora finalista da Copa Libertadores da América. Banchi não costumava temer um flagra ou a revelação de sua história. O Grêmio, por sua vez, se cercava. Era claro o receio de apontarem uma ligação da espionagem.

A preocupação era tamanha que o clube evitou fazer qualquer pagamento direto ao analista. Quando reforça que não tem ligação com André Banchi, o Grêmio se respalda neste fato. No entanto, de acordo com apuração da reportagem, o profissional recebia de funcionários do Tricolor pelos serviços.

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Em jogos do Grêmio na Arena, o profissional não frequentava camarotes da comissão técnica e se posiciona em cadeiras normais destinadas ao público geral. A intenção era não estabelecer vínculos e revelar o trabalho a um número elevado de pessoas.

O serviço realizado de fevereiro até agora era novidade no Grêmio, mas já conhecido no mercado sul-americano. Banchi trabalhou com o técnico Ramón Díaz no River Plate em 2014 e seguiu com o treinador para a seleção paraguaia. Ele esteve com o grupo na Copa América de 2015, no Chile.

O drone flagrado pela reportagem da ESPN faz parte do arsenal de equipamentos que o espião utiliza para entregar material sobre os adversários. Em outras situações, o homem contratado investia em câmeras de longo alcance para captar imagens de treinos.

A justificativa de “fazer apenas imagens” o aproximou de jornalistas. Em conversas informais, perguntava informações sobre os próximos adversários do Grêmio. Não havia segredo de seus serviços. Natural de Campinas, André Banchi tentou se aproximar da Ponte Preta para integrar o departamento de análise do clube. Sem sucesso. Então preferiu o caminho mais informal e o oferecimento a outros times. O Grêmio da dupla Renato Gaúcho e Alexandre Mendes topou.

O uso do prestador de serviço, por sua vez, não é unanimidade no departamento de futebol do clube. Os relatórios entregues por ele causaram desconforto nos últimos meses, mas foram anexados ao plano de trabalho de Renato e Mendes. O treinador e o auxiliar são centralizadores do trabalho diário, desde o treino ao projeto para a semana e o mês.

Procurado pela reportagem para esclarecer sua relação com o clube e os últimos acontecimentos, André Banchi optou por não responder aos diversos contatos realizados através de mensagens e ligações.