Suborno à Conmebol teve até ingressos para show de McCartney, diz delator

Os subornos pagos a dirigentes esportivos sul-americanos por direitos de transmissão do futebol não se limitaram a milhões de dólares: nesta segunda-feira, o delator Santiago Peña revelou que Juan Angel Napout, ex-presidente da Conmebol, recebeu em 2010 cerca de US$ 10 mil em ingressos para a turnê do ex-beatle Paul McCartney, como forma de suborno.

Penã era gerente de finanças da Fullplay, empresa que negociou direitos de transmissão da Copa América e da Libertadores entre 2009 e 2015. Os ingressos teriam sido parte de um pacote de propinas direcionado à compra de direitos da edição de 2015 da competição de seleções. Napout também teria recebido um anel para sua esposa, no valor de US$ 2 mil, cerca de US$ 68 mil em pagamentos a uma imobiliária uruguaia e US$ 4,8 milhões pelos direitos das eliminatórias para a Copa 2018,

Ao longo de seu depoimento, Peña trouxe mais detalhes do suposto esquema de propinas no futebol sul-americano que levou, além de Napout, o brasileiro José Maria Marin e o peruano Manuel Burga ao banco dos réus na Justiça dos EUA. O empresário falou sobre a existência  de uma planilha entitulada “cuentas”, onde cada país era identificado com a marca de uma concessionária de automóveis – Brasil e Argentina estavam fora da esfera de atuação do delator.

Primeira semana de julgamentos colocou Del Nero e Globo nos holofotes

Atual presidente da CBF, Marco Polo Del Nero não está no banco dos réus no julgamento do caso Fifa, nos EUA, foi citado por outro delator, Alejandro Burzaco, ao longo dos depoimentos. Na última terça, Burzaco afirmou que o dirigente manteve um caderno no qual anotou os pagamentos de propinas durante reuniões. Além disso, o cartola ainda teria sido um dos responsáveis por aumentar o valor dos subornos após sua entrada no esquema.

Burzaco foi diretor da Torneos y Competencias, empresa que negociava direitos de transmissão das principais competições da Conmebol. Em seu depoimento, disse que Del Nero era o presidente de fato da CBF mesmo durante o mandato de Marin, chegando a se referir aos dirigentes como “siameses”.

O argentino também acusou a Globo de pagar subornos a dirigentes em troca de favorecimento na compra de direitos de transmissão. Del Nero e a emissora negam todas as acusações.