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Padre comanda time na Espanha, sofre ao pedir dinheiro e sonha receber CR7

Padre Marcos Torres tem 32 anos e dirige o Lalín - Reprodução/Religionelibertad
Padre Marcos Torres tem 32 anos e dirige o Lalín Imagem: Reprodução/Religionelibertad

Do UOL, em São Paulo

19/11/2017 04h00

Se o San Lorenzo é o time do Papa Francisco, o CD Lalín é o time de um padre. Literalmente. Afinal, desde o ano passado, o padre Marcos Torres é o presidente da equipe espanhola. Mas ele não se candidatou ao cargo nem tinha tal pretensão, assegura. Por isso, diz ter sofrido no início da trajetória ao pedir dinheiro para empresas sabendo que algumas famílias humildes precisariam mais de ajuda.

No entanto, a paixão por futebol e pelo clube fazem o padre Marcos seguir à frente do Lalín. Ele assumiu a presidência depois que a empresa que administrava o time foi embora.

“Foi convocada uma assembleia para apresentação dos candidatos e ninguém se voluntariou. Aí sugeriram meu nome, um pouco no desespero. Eu sentia muita pena de pensar que o Lalín que eu conheci poderia desaparecer. Mas se estou aqui hoje não foi por ter conquistado isso”, resume ele ao “ABC”.

Antes de se dedicar tanto à religião, o padre Marcos jogou futebol quando criança alimentando o sonho tão comum de se tornar um profissional. Em seguida, chegou a ser árbitro em partidas disputadas por times juvenis. Também se arriscou rapidamente na política para, só então, tornar-se padre.

A função à frente do clube chegou logo depois de receber uma notícia dura: ele foi diagnosticado com esclerose múltipla. Antes de assumir a presidência oficialmente, teve que consultar seus superiores na igreja e recebeu a liberação, desde que isso não atrapalhasse sua função como padre nem prejudicasse sua saúde.

Os primeiros meses como presidente, segundo ele, foram os mais difíceis. “Tinha que ir às empresas buscar apoio financeiro para o clube sabendo que algumas famílias também necessitavam de ajuda”. Tal função “ingrata”, nas palavras do padre, agora fica com outros dirigentes.

Além de assegurar que as contas do clube fechem e que a administração seja honesta, o padre Marcos admite que contribui também com sua imagem. “Acho que minha presença atraiu mais a atenção da mídia”.

Sua meta ousada agora é atrair o Real Madrid, seu outro time de coração. Recentemente, ele pôde conhecer Cristiano Ronaldo, seu ídolo, e outras estrelas da equipe merengue. “Seria um presente maravilhoso ter o Real Madrid em nossa cidade”.

Mas o objetivo mais claro do padre Marcos é passar o cargo para outra pessoa. “Meu principal compromisso é com a igreja e estou apenas dando uma ajuda pontual em um momento delicado do clube”. Quando esse dia chegar, ele garante que continuará na arquibancada torcendo pelo Lalín, como sempre fez.