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Dracena, Damião e agora Zeca. Santos chega a 3 anos pressionado por atrasos

Atrasos nunca foram resolvidos na gestão do presidente Modesto Roma no Santos - Divulgação
Atrasos nunca foram resolvidos na gestão do presidente Modesto Roma no Santos Imagem: Divulgação

Samir Carvalho

Do UOL, em Santos (SP)

30/10/2017 04h00

O Santos iniciou, na última semana, uma batalha nos bastidores para não perder o lateral esquerdo Zeca. A queda de braço é sustentada, principalmente, por atrasos nos vencimentos do jogador, que tentou desvencilhar-se do clube na Justiça. Os débitos que ameaçam agora não são novidade para o presidente Modesto Roma Júnior, que vive um filme repetido nos três anos de gestão à frente do clube.

O temor na Vila Belmiro às vésperas de uma nova eleição é ver um titular intocável, considerado um dos principais potenciais de venda para a Europa, tomar o mesmo rumo do zagueiro Edu Dracena, o volante Arouca, o lateral esquerdo Eugenio Mena, o centroavante Leandro Damião e o goleiro Aranha, que lideraram uma debandada no início de 2015 pelos atrasos salariais.

Modesto assumiu em janeiro de 2015 e precisou lidar com as ações, ainda legado da diretoria encabeçada pelo presidente Odílio Rodrigues.

Na ocasião, logo na reapresentação dos jogadores para a pré-temporada, o mandatário reuniu todo o elenco para assumir o compromisso de quitar a dívida pendente até o fim de março e não atrasar novos salários à frente do clube. Sem conseguir cumprir integralmente o projeto, iniciou-se um novo período de atrasos e renegociações.

Em março, realizou um novo acordo para renegociar o pagamento da dívida. Modesto chegou a convocar uma entrevista coletiva, na Vila Belmiro, para explicar o plano acertado com os líderes do elenco.

No mesmo ano, em agosto, Modesto pagou com atraso os vencimentos de junho, que deveriam ser depositados em julho. O clube ainda recorreu a um empréstimo com o Banco BMG para encerrar uma dívida deixada pela antiga gestão.

Em 2016, a situação não mudou. Em março, o Santos atrasou os vencimentos dos jogadores – dois meses de direitos de imagem e premiações. A situação foi confirmada publicamente pelos próprios atletas à época.

"Sim, mas é coisa interna. É coisa que conversamos ontem, vimos vídeos do Corinthians, tivemos palestra. O presidente veio falar com a gente, fazia tempo, estava adoentado. Não afeta (salários atrasados). Fomos campeões paulistas com sete meses de atraso. Todo mundo aqui é homem, pais de família, meninos não são mais meninos, o ambiente é bom, todos se gostam. O importante é isso. Conversamos com ele, falamos o que achamos", afirmou o atacante Gabriel Barbosa, hoje no Benfica, de Portugal.

A diretoria fez em agosto um novo empréstimo para quitar um mês de direitos de imagem em atraso dos atletas. A situação foi amenizada justamente com a negociação de Gabigol com a Inter de Milão.

Esta temporada, o mesmo filme veio à tona em março, quando a diretoria acertou com a verba recebida pelo patrocínio com a Caixa Econômica Federal o pagamento dos salários em CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas). O clube ainda precisou recorrer a um empréstimo do agente Giuliano Bertolucci.

Na ação, Zeca alega que o clube atrasou pagamentos de seu FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) e diz temer por sua integridade física após ser ameaçado por torcedores no desembarque da equipe um dia após o empate por 1 a 1 contra o Sport, pela 29ª rodada.

Segundo dirigentes do Santos, o FGTS e os salários dos jogadores estão em dia. O clube paulista foi notificado na última quinta-feira (26) da ação e informou que o pedido do atleta foi negado pelo juiz. Em nota de sua assessoria particular, Zeca afirmou que poderia, pela lei, há um mês ter deixado de participar das partidas motivado pelos atrasos.

Zeca é desejado pelo trio de ferro da capital que, curiosamente, foi o destino de boa parte dos jogadores desvinculados em 2015. Aranha e Arouca foram para o Palmeiras. O primeiro praticamente não jogou e deixou o clube no ano seguinte, enquanto Arouca foi titular, mas acabou perdendo espaço no atual elenco por lesões. Dracena foi para outro rival, o Corinthians. O ex-capitão santista foi campeão brasileiro pelo rival, mas como reserva. Atualmente está no Palmeiras.

O chileno Mena acertou com o Cruzeiro e um ano depois passou pelo São Paulo, onde acabou repassado para o Sport. Leandro Damião também saiu para o Cruzeiro, passando ainda por Flamengo e, atualmente, está no Internacional.