Como crise na base da CBF virou obstáculo do Brasil no Sul-Americano Sub-17
Com a possibilidade de ser campeão até com empate, o Brasil decide o título do Sul-Americano Sub-17 às 22h15 (de Brasília) deste domingo, contra o Chile, em Rancagua. No caminho até a liderança da competição, além de contar com os sete gols da promessa flamenguista Vinícius Júnior como ponto alto, a seleção precisou superar uma crise interna em seu departamento na CBF.
Logo depois do fiasco da seleção sub-20 no Sul-Americano da categoria, em fevereiro, o diretor de seleções Edu Gaspar e o presidente Marco Polo Del Nero decidiram por uma demissão em massa no departamento. Grande parte dos funcionários contratados por Gilmar Rinaldi, antecessor de Edu, foi mandado embora, em especial Erasmo Damiani, coordenador da base. Praticamente só restaram aqueles que já tinham passagem marcada para o Sul-Americano Sub-17 no Chile e não poderiam ser substituídos.
Comissão técnica trabalha dobrado sem coordenador
Na competição, o treinador Carlos Amadeu comanda a equipe sem um coordenador - a CBF ainda não contratou um substituto. Acima dele, desde 2015 na entidade, há um supervisor mais voltado às questões logísticas, além de Mílton Dantas, presidente da Federação Sergipana e chefe da delegação no Chile, mas também distante do aspecto técnico.
Em algumas situações, a comissão técnica se queixou da ausência de um superior para atuar nos bastidores da Conmebol e, principalmente, da própria seleção brasileira. Principal nome da competição, em que é artilheiro com sete gols, o flamenguista Vinícius Júnior demanda atenção especial de Amadeu e seus auxiliares, preocupados com a repercussão acima do normal pelo sucesso do atleta. Internamente, a comissão também reclama da falta de respaldo no Chile e de comunicação com os chefes da CBF no Rio de Janeiro.
As notícias em torno do interesse de Barcelona, Real Madrid e Manchester City em Vinícius atraíram a imprensa e fizeram o próprio jogador, de 16 anos, pedir um basta em entrevista ao SporTV na sexta-feira. O excesso de lances pessoais em alguns momentos, como no empate com o Paraguai, também foi reprovado pela comissão técnica em reunião com o atacante, que apesar disso tem conduta bastante elogiada no Chile.
Base perdeu analista para seleção de Tite
Em sua campanha no Sul-Americano, a comissão técnica do Brasil também atua sem um analista de desempenho contratado, como ocorria anteriormente. Levado por Gilmar Rinaldi para a base, Maurício Dulac foi puxado por Edu Gaspar e Tite para a seleção principal.
Para a vaga dele, a sugestão foi a contratação de um estagiário, o que não ocorreu. No fim do ano, Dulac se desligou para trabalhar no Internacional e foi substituído por Fernando Lázaro, velho conhecido de Edu do Corinthians e exclusivo do time adulto. Quem atua na função no Chile é o analista Uendell Macedo, do Corinthians e convocado exclusivamente para o torneio.
Apesar das dificuldades, o Brasil tem a melhor equipe do torneio com seis vitórias, dois empates e vaga já assegurada ao Mundial Sub-17 a ser realizado na Índia, em outubro. O Chile pode ser campeão em casa com um triunfo sobre os brasileiros, campeões com a mesma geração há dois anos, no Sul-Americano Sub-15. O Paraguai ainda corre por fora, mas com chances mínimas. Argentina e Uruguai sequer conseguiram a qualificação ao Mundial.
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