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Corinthians e Palmeiras quiseram. Por que Mano ficou no Cruzeiro?

Mano Menezes interessava a grandes de SP, mas preferiu seguir no Cruzeiro em 2017 - Washington Alves/Light Press/Cruzeiro
Mano Menezes interessava a grandes de SP, mas preferiu seguir no Cruzeiro em 2017 Imagem: Washington Alves/Light Press/Cruzeiro

Gustavo Franceschini e Thiago Fernandes

Do UOL, em São Paulo e Belo Horizonte

18/02/2017 04h00

Um dos técnicos mais cobiçados do Brasil, Mano Menezes foi sondado por Corinthians e Palmeiras antes do começo da temporada, mas nem quis conversar. Um ano depois de trocar o Cruzeiro por uma aventura na China, o ex-técnico da seleção brasileira resolveu apostar no time celeste. Depois de reconstruir equipes inteiras em trabalhos anteriores, a possibilidade de finalmente colher grandes frutos e uma dívida de gratidão com o clube seguraram o treinador em Belo Horizonte.

As sondagens aconteceram em um momento de indefinição dos rivais paulistas. Marcel Rizzo, blogueiro do UOL Esporte, contou no começo da semana que Mano era o preferido da direção palmeirense para substituir Cuca mas, consultado informalmente, recusou avançar nas conversas. Já Juca Kfouri disse ao Tabelinha que era o atual comandante cruzeirense o preferido de Andrés Sanchez, que perdeu uma queda de braço política e viu o presidente Roberto de Andrade efetivar Fabio Carille no comando do Corinthians.

Os interesses surpreenderam Mano, especialmente no caso alvinegro. O treinador é desafeto de Roberto de Andrade, que já falou publicamente que não gostaria de trabalhar com o treinador. A intenção de trazê-lo de volta seria de Andrés Sanchez, que em meados de janeiro negociou com o presidente a possibilidade de tomar conta do departamento de futebol, opção que foi descartada. No caso do Palmeiras, foi justamente a identificação com o rival que fez o treinador estranhar a conversa. Em ambos os casos, o papo não avançou.

Desde que surgiu na elite do futebol brasileiro, Mano rompeu seu contrato em três oportunidades. Na primeira, trocou o Corinthians pela seleção brasileira. Na segunda, a mais polêmica, pediu demissão do Flamengo que seria campeão da Copa do Brasil alegando "não conseguir implementar sua filosofia". Na última, foi seduzido pelos milhões do Shandong Luneng, da China, que interrompeu um projeto de reconstrução do Cruzeiro que ele havia começado em 2015.

Dívida de gratidão e mais títulos no currículo

Há 12 anos na elite do futebol brasileiro, Mano ainda tem "apenas" uma Copa do Brasil no currículo. Por diferentes motivos, suas passagens por Grêmio, Corinthians, seleção brasileira e Flamengo não renderam títulos de peso como Brasileiro ou Libertadores. Conhecido por saber montar bons elencos, ele ainda busca a chance de finalmente colher os principais frutos de seu trabalho, o que explica a preferência pelo Cruzeiro.

Na visão de Mano, 2017 é a hora de completar um ciclo que começou ainda na primeira passagem pela Toca da Raposa, há um ano e meio, quando começou a reformular o então bicampeão brasileiro. Depois de pegar o time na briga contra o rebaixamento e deixá-lo a seis pontos de uma vaga na Libertadores no ano passado, o treinador ganhou reforços como Lucas Silva e Thiago Neves e aspira ao menos a briga por uma competição de peso. Além disso, pessoalmente, há uma dívida de gratidão com o clube, pela saída para a China e uma chance recebida em 1997.

"Foi uma gentileza do Cruzeiro e do Paulo (Autuori, técnico do Cruzeiro em 1997). Isso me fez desenvolver um sentimento de gratidão grande, porque não era ninguém como técnico. O Cruzeiro me abriu as portas para fazer um estágio e isso era algo raro na época. Espero fazer um trabalho que deixe a torcida do Cruzeiro feliz", disse Mano Menezes ao ser lembrado do tema.

A parceria deu certo. O Cruzeiro daquele ano foi campeão da Libertadores e Mano ganhou bagagem para crescer na profissão. Depois de passagens pela base de Inter e Caxias, ele se aventurou por clubes do interior gaúcho até ganhar uma chance no Grêmio em 2005, na Série B do Brasileirão.

"Desde 1997 já era possível destacar que o Mano seria um técnico de ponta no Brasil, por tudo o que ele fazia. Quando ele pediu a oportunidade ao Paulo, nós não hesitamos e aceitamos imediatamente. Logo nos primeiros momentos, ficou nítido que ele daria certo e se tornaria um expoente em sua profissão. Ele era um auxiliar muito dedicado e que anotava tudo o que o Paulo (Autuori) fazia", disse Benecy Queiroz, supervisor de futebol que está no clube há mais de 45 anos e viveu a primeira passagem de Mano pelo clube.